quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sigilo Profissional

Érima de Andrade

Costumamos dizer que a terapia ocupacional se sustenta no tripé terapeuta/ cliente/ atividade.

Mas a quem pertence a terapia?

Ao cliente.

É o cliente que decide o que contar, a quem contar e por que contar. Cabe inclusive ao cliente informar se está ou não em terapia. Ao terapeuta cabe o sigilo tão importante para criar a confiança.

Este sigilo quer dizer que tudo o que foi dito será mantido em segredo. Ninguém nunca saberá sobre o que foi dito e ouvido. O terapeuta não pode, e não deve, passar a outros, profissionais ou não, qualquer dados ou informações referentes ao seu cliente, sem que haja uma autorização. Esse é o código de sigilo que deve ser respeitado, visando o controle absoluto por parte do terapeuta das informações trazidas pelo cliente, bem como fichas, anotações ou material desenvolvido durante as sessões. Só ao cliente cabe divulgar, ou autorizar, a divulgação do que se passa na sua terapia.

Sofremos de reminiscências, sofremos de lembranças, e precisamos de um espaço de confiança para falar sobre elas. O código de sigilo ajuda a criar esse espaço. O terapeuta sabe que não tem o poder de curar, mas dedica-se ao serviço de levar o outro a conhecer-se e compreender o significado de sua dor, para que busque a autocura.

O segredo pode ser uma fonte de angústia, tanto para aquele que o guarda, quanto para aqueles que o temem. A confissão do segredo libera a alma da angústia. É saudável livrar-se do fardo de um segredo, é saudável poder falar sobre isso. Jung dizia que a terapia se assemelha à confissão da Igreja Católica:

Nada fecha tanto o homem sobre si mesmo e o separa do convívio dos demais do que a posse de segredos que julga importantes e que guarda ansiosa e ciosamente. Muitas vezes são atos e pensamentos “pecaminosos” que separam o homem e os mantêm afastados uns dos outros. Aqui a confissão tem, não raro, um verdadeiro efeito de redenção. A incrível sensação de alívio que costuma seguir-se ao ato da confissão deve ser atribuída à readmissão daquele que estava perdido no seio da comunidade humana. A solidão e o isolamento moral anterior, tão difíceis de suportar, cessam com a confissão. E aqui está o verdadeiro valor psicológico da confissão.”

Todo terapeuta deve experimentar em si mesmo os recursos da terapia. Não faz sentido ajudar alguém a buscar seu caminho de auto-conhecimento sem que percorra o seu próprio. Assim, o terapeuta deve buscar conhecer-se e trabalhar seu mundo interior. Deve, em algum momento, estar no lugar do cliente e sentir o quanto criar um espaço de confiança plena é importante.

Com esse aprendizado, fica fácil assumir a responsabilidade pelo sigilo e pela criação de um espaço terapêutico curador, para auxiliar o cliente a se desidentificar e se libertar progressivamente das amarras que agem como verdadeiras fontes de medos, culpas, raivas, tristezas e mágoas, direcionando cada vez mais sua energia e seu olhar para a harmonia, o equilíbrio e conexão interior.

Você se desidentifica do passado quando pode ressignificá-lo. E esse novo significado somente é possível quando você compreende o jogo que foi destinado a você, mesmo que aparentemente o destino tenha sido totalmente cruel,” explica Sri Prem Baba.

Quando há troca de informações, fica muito mais fácil absorver novos aprendizados. A auto-percepção aguçada, como você sabe, é necessária a todos os processos de transformação, mas, muitas vezes, a ajuda de um especialista faz com que a autoconsciência floresça com mais amorosidade e naturalmente,” completa Heloisa Capelas.

Quer se conhecer melhor? Procure um terapeuta. Ele vai ajudar a desenvolver a sua amorosidade e a direcionar seu olhar para o que lhe nutre, para um otimismo com bases reais, para um caminho com mais nitidez, para acolher, integrar, agradecer, flexibilizar tudo o que chega até você.

Confie, o sigilo profissional faz parte da terapia.


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