Costumamos
dizer que a terapia ocupacional se sustenta no tripé terapeuta/
cliente/ atividade.
Mas
a quem pertence a terapia?
Ao
cliente.
É
o cliente que decide o que contar, a quem contar e por que contar.
Cabe inclusive ao cliente informar se está ou não em terapia. Ao
terapeuta cabe o sigilo tão importante para criar a confiança.
Este
sigilo quer dizer que tudo o que foi dito será mantido em segredo.
Ninguém nunca saberá sobre o que foi dito e ouvido. O terapeuta não
pode, e não deve, passar a outros, profissionais ou não, qualquer
dados ou informações referentes ao seu cliente, sem que haja uma
autorização. Esse é o código de sigilo que deve ser respeitado,
visando o controle absoluto por parte do terapeuta das informações
trazidas pelo cliente, bem como fichas, anotações ou material
desenvolvido durante as sessões. Só ao cliente cabe divulgar, ou
autorizar, a divulgação do que se passa na sua terapia.
Sofremos
de reminiscências, sofremos de lembranças, e precisamos de um
espaço de confiança para falar sobre elas. O código de sigilo
ajuda a criar esse espaço. O terapeuta sabe que não tem o poder de
curar, mas dedica-se ao serviço de levar o outro a conhecer-se e
compreender o significado de sua dor, para que busque a autocura.
O
segredo pode ser uma fonte de angústia, tanto para aquele que o
guarda, quanto para aqueles que o temem. A confissão do segredo
libera a alma da angústia. É saudável livrar-se do fardo de um
segredo, é saudável poder falar sobre isso. Jung dizia que a
terapia se assemelha à confissão
da
Igreja Católica:
“Nada
fecha tanto o homem sobre si mesmo e o separa do convívio dos demais
do que a posse de segredos que julga importantes e que guarda ansiosa
e ciosamente. Muitas vezes são atos e pensamentos “pecaminosos”
que separam o homem e os mantêm afastados uns dos outros. Aqui a
confissão tem, não raro, um verdadeiro efeito de redenção. A
incrível sensação de alívio que costuma seguir-se ao ato da
confissão deve ser atribuída à readmissão daquele que estava
perdido no seio da comunidade humana. A solidão e o isolamento moral
anterior, tão difíceis de suportar, cessam com a confissão. E aqui
está o verdadeiro valor psicológico da confissão.”
Todo
terapeuta deve experimentar em si mesmo os recursos da terapia. Não
faz sentido ajudar alguém a buscar seu caminho de auto-conhecimento
sem que percorra o seu próprio. Assim, o terapeuta deve buscar
conhecer-se e trabalhar seu mundo interior. Deve, em algum momento,
estar no lugar do cliente e sentir o quanto criar um espaço de
confiança plena é importante.
Com
esse aprendizado, fica fácil assumir a responsabilidade pelo sigilo
e pela criação de um espaço terapêutico curador, para auxiliar o
cliente a se desidentificar e se libertar progressivamente das
amarras que agem como verdadeiras fontes de medos, culpas, raivas,
tristezas e mágoas, direcionando cada vez mais sua energia e seu
olhar para a harmonia, o equilíbrio e conexão interior.
“Você
se desidentifica do passado quando pode ressignificá-lo. E esse novo
significado somente é possível quando você compreende o jogo que
foi destinado a você, mesmo que aparentemente o destino tenha sido
totalmente cruel,” explica
Sri Prem Baba.
“ Quando
há troca de informações, fica muito mais fácil absorver novos
aprendizados. A auto-percepção aguçada, como você sabe, é
necessária a todos os processos de transformação, mas, muitas
vezes, a ajuda de um especialista faz com que a autoconsciência
floresça com mais amorosidade e naturalmente,” completa
Heloisa Capelas.
Quer
se conhecer melhor? Procure um terapeuta. Ele vai ajudar a
desenvolver a sua amorosidade e a direcionar seu olhar para o que lhe
nutre, para um otimismo com bases reais, para um caminho com mais
nitidez, para acolher, integrar, agradecer, flexibilizar tudo o que
chega até você.
Confie,
o sigilo profissional faz parte da terapia.
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