domingo, 29 de outubro de 2017

Amigos Inspiradores

Érima de Andrade

Tenho amigos inspirados que são muito inspiradores.
Eles dividem o que pensam e eu fico encantada com seu olhar para o mundo, com a escolha das palavras, com a simplicidade e beleza dos seus textos.

São amigos que se apresentam como professores, astrólogo, instrutora de meditação, escritora, artista, empreendedora e curiosa, missionária do amor incondicional, e uma delas, Márcia Alves, nos informa que “Meu dever na vida é de permanecer verdadeira comigo mesma”. É ou não para se inspirar neles?

Eles me lembram que sempre é possível escolher palavras que tornem o texto mais amoroso, mais doce e mais gostoso de ser lido. Tão simples e tão genial a maneira que eles se expressam, a maneira deles de nos mostrar a vida, que desejo muito dividir com vocês essas ideias. Eles, de fato, me inspiram. Que você também se sinta inspirado. Boa leitura!

“Amor = o que só acaba se nunca começou”. Ana Paula Ramos

"A lembrança de si mesmo traz a certeza de onde se pode chegar.” José Maria Gomes Neto

“Braços abertos
Há braços abertos
A-braços abertos
Abraços
 

Acolhimento” José Maria Gomes Neto

“De preferência, dê preferência ao que te faz bem. É uma questão de educação consigo mesmo!” Márcia Alves 

“Eu sou imensamente grata por sua presença em meu caminho, a presença de cada uma e cada um de vocês faz essa caminhada muito mais rica e divertida. Ontem foi o último dia do ciclo e mais uma vez eu pude vivenciar o quanto é precioso tirar um momento do dia para olhar atentamente para cada uma das bençãos que preenchem a nossa jornada. E é precioso não somente por nos ajudar a realizar que temos muito a apreciar, mas também por ser uma prática que nos ajuda a compreender que basta um ajuste na nossa forma de olhar para que uma nova luz e uma nova paisagem se apresentem.
Meu olhar terno de amor para:
- a habilidade que o nosso corpo tem de responder à expansão da consciência;
- a inteligência de cada uma das nossas células;
- a beleza da respiração e sua capacidade de transformar agitação em calma e mansidão;
- pessoas que dedicam suas vidas a cuidar dos outros seres;
- a incrível coragem de quem trilha a jornada da saúde diante dos intensos desafios que nos chegam seja na forma de uma doença grave, de um turbilhão emocional, de uma dor profunda… Essas pessoas me inspiram imensamente;
- a possibilidade de viver em um lugar onde há paz;
- as crianças tão educadas aqui da vizinhança;
- a voz cheia de leveza e carinho da minha mãe;
- minha querida avó Landa que nos abasteceu com tanto amor e tantas lembranças boas, que hoje, no dia que marca os dois anos de sua transição para o não-físico, nosso coração consegue encontrar o alento, a tranquilidade e a amplidão para sentir saudades, para celebrar o lindo convívio que tivemos e para vivenciar nossa infinita unidade na totalidade.” Bárbara Petri 


“Hoje quero agradecer, simplesmente agradecer por poder estar podendo passar por toda esta experiência de vida, de união e amizade, mesmo com tudo tão difícil e delicado… mesmo em pleno Parivartan, em pleno Kali Yuga… eu quero agradecer o amor, a união e a amizade.
Aqui em Alto Paraíso de Goias eu pude ver o amor em movimento, as pessoas se unindo e criando um movimento que foi além daqui e tocou o mundo todo!!! Este é o presente que veio, neste pacote um tanto estranho e triste… veio a união e a experiência de que juntos somos muitos, juntos somos fortes.
Eu quero agradecer especialmente a este grande guerreiro do amor, Michel Shivanand, meu amor, amado e querido companheiro nesta vida, por toda sua dedicação e força nesta batalha do amor!!
São muitos os guerreiros… mas este é o cara que mora comigo lá em casa.” Sônia Lima


“Olhe, seu moço, a verdade é que ando com vontade de falar coisa que nunca disse, viu? Nem é por muito saber ou coisa assim. Sei do pouco que sei das coisas todas do mundo, e é mais por conta do respeito que tenho que tanto me calo. Mas é que vou lendo coisa aqui e acolá, vou estranhando um tanto ou muito, sei lá, viu, seu moço? Já notou como é que acontece por aqui? Aparece gente que vive de gritar e chega aqui a falar de gentileza como quem a conhecesse. Gente que consome drogas e pessoas com voracidade sem fim a maldizer os consumistas. Gente que se apequena em mesquinhos e talvez nem merecidos patrimônios a falar de igualdade. Gente que não tolera opinião nem emoção contrária, seja de si mesmo ou vindo de fora, e fica bradando sobre os intolerantes. Gente que gera tensão por onde passa e passa por aqui posando de bacana, maternal e o escambau. Gente que nunca se moveu para olhar ou cuidar de quem quer que fosse e aponta quem faz, só por desprezar a fé daquele em um Deus que não reconhece. E tudo isso com ares arrogantes de dar afastamento de conversa qualquer. Ah, seu moço, venho desassossegando devagar, alguma hora acaba que vou sair falando o que nunca disse, viu?
Entendo um pouco dessa coisa da pracinha do face, sempre gostei daqui. Parecia uma praça mesmo, lugar que convida a parar um cadinho os afazeres e ficar olhando os outros passando, ouvindo as novidades de todo lugar," vendo as modas", como se dizia no tempo das praças mesmo. Lugar de encontro, descanso, brincadeira e trocas mais ou menos profundas, a gosto de quem se encontra. Entendo que quando a gente sai para passear a gente se arruma um cadinho. Passar pente e batom para dar uma volta é coisa marota, bem sei, uso e abuso, nem tudo é caso de falsear quem somos, é mais pra enfeitar encontro mesmo. Mostrar fotografia para compartilhar momento que vivemos ou sonhamos viver também cabe. Mas diga-me lá, seu moço, usar como palco para tanta desfaçatez, como se ninguém nos soubesse, ou, coisa bem pior, usar exclusivamente para palanque de um gritar sem fim... Na praça era assim, seu moço. Uns brincando, outros conversando mais sério, outros namorando, outros olhando os outros para aprender a ver a si, outros mais quietos, olhando a si para entender mais os outros... Mas volta e meia chegava alguém que ia só pra arrumar briga, daí tomava conta, o pessoal já ia se indo embora, não era caso de expulsar ninguém, mas quem só quer gritar geralmente nem faz questão de par de ouvidos, dirá alguma coisa que venha da alma.
Entendo tudo isso, seu moço. Meu coração é pequeno mas entende um cadinho das coisas de amar. Mas confesso que vez em quando vejo cada uma por aqui... Mas é melhor acabar logo com essa conversa, seu moço, senão alguma hora acaba que vou sair falando o que nunca nem disse, viu?” Teresa Bessil


“Estamos vivendo um momento desafiador no Brasil. Na verdade creio que a onda que está revolvendo nossas entranhas é global.
A sombra veio à tona. O escondido está sendo revelado, e isso não se refere apenas à situação político-econômico-social, mas a cada um de nós.
A forma como reagimos a esse momento revela também nossas sombras. Isso não é ruim. Só podemos limpar a sujeira que enxergamos.
Mas ouça. Enquanto nos ocupamos em apontar a escuridão lá fora, nos outros, na política, naqueles que atacamos por pensarem diferente de nós, deixamos de agir e transformar o que nos cabe.
Nós mesmos.
Pense que cada um de nós tem dons e habilidades que servem ao todo. Uns tem uma mente clara e ótimas ideias, outros são ágeis em encontrar soluções criativas. Uns sabem usar agulhas para curar, outros têm o dom da oratória. Uns amam estar em grupo e iniciar movimentos que se expandam, outros preferem ficar no jardim cuidando de uma única sementinha.
O momento requer que cada um de nós descubra seu dom e o coloque a serviço do todo.
Existe algo que só você tem a dar, entende?
Precisamos evitar a armadilha de sermos sugados por essa ilusão coletiva que diz que o nosso destino está nas mãos de alguém, que não nós próprios.
Enquanto ficamos aguilhoados pela revolta, reclamando, atacando uns aos outros, alimentando essa onda que causa angústia e medo, deixamos de fazer a única coisa que poderia ser verdadeiramente revolucionária.
Existir.
Ser a luz que somos.

Não importa a sombra que nos rodeie, estamos aqui para manifestar nossa luz. Uma única vela acesa rompe a escuridão.
Se você for alguém influente na política, seja luz. Se você for influente na educação, seja luz na educação. Se for dono de um quiosque na praia, coloque amor ao preparar os sanduíches.
Onde quer que esteja, faça o seu melhor.
Pare de desperdiçar sua energia julgando, polarizando, atacando. Isso não resolve. Apenas aprofunda esse véu de separatividade e cega a todos nós.
Essa é a última tentativa da sombra de nos afastar de nós mesmos.
Temos um poder imenso e tudo pode se transformar se formos sábios e corajosos para fazer a única coisa que nos cabe.
Não se deixe iludir pelo que vê à sua volta. Respire. Faça o seu melhor. Vibre a luz que você é.
E confie.

Estamos a caminho!” Patrícia Gebrim

domingo, 22 de outubro de 2017

Saudade, Falta, Nostalgia

Érima de Andrade

Temos na língua portuguesa uma riqueza de vocabulário tão grande, que podemos expressar com clareza o que estamos sentindo. E, por conta disso, quando algo ou alguém está longe, podemos usar saudade, falta ou nostalgia.
Três palavras que representam três sentimentos diferentes.

Saudade é uma palavra que só existe em português, e no dicionário é definida como sendo uma recordação ao mesmo tempo triste e suave de pessoas, ou coisas, distantes, ou extintas, acompanhadas do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.” Sentir saudade é mais que lembrar e recordar, é “um pesar pela ausência de alguém que nos é querido, uma lembrança nostálgica e ao mesmo tempo suave”.

Mesmo que na definição você possa achar que nostalgia e saudade são a mesma coisa, elas não são. Nostalgia é saudade do que você não viveu. E não viveu porque foi extinto, ou porque está distante de você.

Por exemplo, uma relação que acabou definitivamente. Pode acontecer de você ver alguma coisa que gostaria que essa pessoa estivesse vendo com você. Vocês quando estavam juntos nunca viram isso, não viveram essa experiência. Mesmo assim, lhe deu vontade de dividir essa experiência com esse alguém que lhe deixou. Nesse caso, não é saudade, é nostalgia, saudade de algo que você não viveu.

Ou você que nasceu nos anos 2000, mas é apaixonado por uma época anterior ao seu nascimento. Chega a ter “saudades” dessa época. Pois é, você está nostálgico, está tendo saudades de coisas que não viveu. Pode inclusive estar sofrendo de melancolia causada por essa impossibilidade de viver o passado. E nostalgia não é saudade.

Saudade fala do amor.
Você só sente saudade de alguém, ou de algo, que você amou. A saudade vem junto com a vontade de reviver experiências, situações ou momentos já passados, e tenho certeza que ninguém vai querer reviver algo que não amava. A gente sente saudade de gostos, momentos, sons, pessoas, histórias, de tudo podemos ter saudade. Mas se algo ou alguém marcou a sua vida sem despertar o seu amor, quando está ausente você sente falta, e isso não é saudade.

É claro que a gente sente falta de quem ama, e dói muito quando acontece. A gente sente falta do cheiro, da voz, e até do som do caminhar. Sentir falta é quando dói dor física. Quando o coração fica apertado. Quando falta a razão. Sentir falta é voltar a se encontrar com o vazio que uma partida nos deixou, e isso dói muito.

Mas também a gente sente falta de vagalumes que víamos sempre e não vemos mais; falta de um chaveiro que pesava na bolsa e que agora não é mais necessário; falta de um monte de coisas que em algum momento fizeram parte da nossa vida e nem por isso gostávamos. Mas saudades só sentimos de algo ou alguém que amamos.

Ana Paula Ramos foi muito feliz quando falou de saudade. Disse ela: “essa lembrança se constitui de todas as cores, sabores, emoções, ruídos e cheiros do invisível. Da memória do que foi vivido. Da memória do que se perdeu. Do que se construiu, do que se modificou, do que se aprendeu, do que se sentiu, de todas aquelas pequenas grandes coisas da vida emolduradas na boniteza e na eternidade das nossas rotinas, de como o tempo se eternizou dentro da gente, às vezes num único instante. O poder do invisível, de tudo o que não está ali, palpável, ao alcance dos olhos do corpo, mas que se materializa dentro da gente quando se encontra com alguma experiência que a gente viveu.”

Saudades resgatam boas lembranças de momentos vividos. Renovam na alma da gente memórias que não envelhecem, memórias de um tempo que não se perde, nem se deteriora com o passar dos anos. É a saudade que você leva para sempre que faz lembrar que os momentos bons não se apagam com o tempo.

Saudade fala do que não morre, do que ninguém pode tirar de você. A saudade provoca lembranças que confortam quando a ausência se faz sentir. Por isso a definição diz que é um sentimento suave, é um sentimento que nos conforta.

A gente vê partir a pessoa, mas nunca verá partir o amor. Saudade é o amor que fica confirmando que nada do que você viveu se perdeu, foi transformado e continua dentro de você.

Se você sente saudade, é amor. Se sente falta pode ser hábito. Se nunca sentiu saudade, nem falta, hum… você está mesmo vivo?

Que você se permita sentir e ter saudade. 

domingo, 15 de outubro de 2017

Conflitos internos

Érima de Andrade

Nos meus atendimentos individuais, ou em grupo, sempre falo dos nossos quatro aspectos: emocional, intelectual, espiritual e físico. Já falei deles muitas vezes aqui no blog, mas se você quiser ler a respeito, dê uma olhada nesse post aqui.

De uns tempos para cá, tenho repetido, cada vez com mais frequência, como eu enxergo os conflitos da adolescência a partir dos nossos quatro aspectos. Explico que em algum momento na adolescência, surge, em algum nível de consciência, a constatação de que o seu intelecto está adulto, mas a sua emoção continua criança.

Ai o adolescente se empolga com sua própria adultice e resolve que vai ser adulto mais rápido, e para isso “inibe” suas “emoções infantis”. Ê estratégia ruim… Não valorizar o que sente atrapalha muito a vida. Mas quase todos nós já vivemos isso. Quase todos escolhemos ser adultos mais rápido e imaginamos que inibindo nossas “emoções infantis” conseguiríamos.

Quando se busca um trabalho de autoconhecimento com o objetivo de ser mais feliz, em qualquer linha que se busque, mesmo que isso não seja dito explicitamente, o trabalho será no sentido de fazer as pazes entre seu intelecto adulto e sua emoção criança. Um dos objetivos do seu trabalho de autoconhecimento será, necessariamente, trazer de volta ao seu dia a dia essa emoção que, em algum momento, você considerou inadequada, e integrá-la.

E claro que para isso, sua emoção deverá voltar a participar da sua vida, e crescer até sua idade atual. Sim, existem emoções infantis, mas o que se busca são as emoções adultas e integradas.

Ao bloquear as emoções infantis você, de imediato, bloqueia junto as características da criança saudável. Entre elas espontaneidade, criatividade, curiosidade, despreocupação, deslumbramento com o novo, interesses variados, descobertas, ousadias, inovações e tudo mais que colore a vida, levando junto a motivação. Bloqueia, inclusive, os insights que lhe ajudariam a descobrir o seu propósito nessa encarnação.

Por exemplo, você adolescente assistindo alguma coisa em grupo. Pode ser filme, vídeo, palestra, conversa, tanto faz. As vezes, sem nem ouvir os comentários ao lado que se dividem entre gostar ou não do que estão assistindo, você já vive esse conflito. Em vez de colocar consciência nas suas sensações e sentimentos, você se pega “avaliando” qual seria a melhor reação adulta para, enfim, expressar o que “sente”. Não tem espontaneidade que sobreviva em situações assim.

Esse conflito intelecto/emoção não é o único a complicar seu objetivo de ser um ser integral. E, as vezes, ainda na adolescência, também se vive um conflito espírito/corpo.

Tenho percebido que é cada vez mais comum a consciência, ou compreensão, de sermos um ser espiritual vivendo uma experiência material. É legal ver esse despertar da espiritualidade independente da religião. Isso é ótimo, e todos os caminhos para esse despertar são bem-vindos. Mas junta esse desejo de ser cada vez mais espírito, e mais adulto, e pronto, as barreiras a felicidade e a satisfação pessoal vão ficando mais e mais largas, colocando lá no fundo, bem escondido, suas emoções, sensações e descobertas.

Muitos caminhos não religiosos promovem o despertar da espiritualidade e a consciência de sermos espíritos vivendo uma experiência nesse corpo, nesse planeta, nessa matéria. E mesmo repetindo sempre, me parece que nem todos se dão conta do significado total dessa frase: somos espíritos vivendo uma experiência na matéria.

Então, se assim for, faz parte dessa experiência aprender a lidar com esse corpo, nessa matéria, nesse planeta. E, nesse caso, permitir as sensações, sentimentos, vibrações que acontecem em cada momento, independente se você considera, ou não, que é uma reação infantil.

Você precisa conhecer suas sensações, seus movimentos, suas crenças, afetos/emoções, necessidades, possibilidades, desejos, cuidados, prazeres, para aprender a lidar com eles. Faz parte dessa experiência nessa vida se sentir seguro no próprio corpo para acessar os pacotes de ondas de emoções tão comuns da adolescência. E só se conhecendo você se sentirá seguro.

Se não gostar do que sentiu, ou da maneira que alguma experiência afetou você, primeiro aceite, e depois investigue, usando seu intelecto, para descobrir porque você reagiu assim. Tem uma lição aí a ser aprendida. É dessa forma, aceitando e conhecendo, que você vai integrar suas emoções e sim, viver plenamente sua experiência como ser humano.

Nesse corpo humano temos um cérebro. E é através das sensações que o seu cérebro percebe o mundo e se relaciona com ele. Em terapia ocupacional, dizemos que você usa seus recursos pessoais para organizar suas experiências. E os seus principais recursos organizadores de experiências pessoais são: cognição, emoção, movimento, sentidos externos, sensações corporais e internas. Ou seja, tudo que essa experiência na matéria pode lhe oferecer de melhor.

Por isso só falar, racionalmente, sobre suas experiências, acessando assim somente o neocórtex, não é suficiente para integrar seus afetos. Olha o que eu escrevi como subtítulo do blog aí em cima: as vezes o que você precisa é mais do que só falar. É verdade. 
Só falar não é suficiente. Você também precisa acessar as regiões subcorticais para se conhecer, e só conseguirá isso com movimentos e sensações significativas.  

Você está vivendo uma experiência na matéria, aproveite todos os recursos que estão a sua disposição para saber quem é e o que veio fazer aqui. Use seus quatro aspectos para se conhecer.

Faz parte do autoconhecimento e 
da autoaceitação deixar que seus quatro aspectos percebam o que é de fato da sua natureza. Não brigue com essas percepções. Estar em equilíbrio é perceber-se em conforto consigo mesmo, reconhecendo a sua essência e não brigando com ela. 

O fato é que, negligenciar uma parte em você que não lhe agrada, suas emoções ou seu corpo, não faz com que deixem de existir. Também não a torna melhor. Reconhecer esses aspectos "negativos", torná-los seus com aceitação e acolhimento, lhe dá a possibilidade de transformá-los em úteis, e até benéficos.

Sim, o autoconhecimento é o caminho para saber quem você é, como se tornou quem é, e quais são as suas potencialidades e limitações, quais talentos possuí e quais ainda precisa desenvolver.

E se precisar de ajuda para se conhecer e para lidar com conflitos intelecto/emoção, ou espírito/corpo, procure um terapeuta. Esteja você na adolescência ou não. 


Terapeutas ajudam a lidar com conflitos em qualquer idade que eles apareçam. Também faz parte dessa experiência na Terra reconhecer que existem muitos seres que só esperam o seu pedido para lhe ajudar a viver plenamente essa vida. Peça ajuda, você não precisa passar por tudo sozinho.

Crescer dá trabalho mesmo, mas desejo que você faça um pacto de paz com seus aspectos e seja bem feliz vivendo essa sua experiência material.



(Desconheço a autoria da foto e do texto na foto.) 

domingo, 8 de outubro de 2017

Cura Gay

Érima de Andrade

Esse texto escrito pela Renata Cortez é tão perfeito, tão amoroso, tão simples e verdadeiro, que quero, demais, que muitos possam ler. Eu concordo com tudo que ela escreveu, assino embaixo. Penso exatamente assim. É muito simples ser feliz, aceitação é o caminho. Bora amar!

Sobre o amor, escreveu o poeta Emmet Fox: “ Não existe dificuldade que amor bastante não possa conquistar, nem enfermidade que bastante amor não possa curar. Não há porta que não se abra com bastante amor, nem brecha que com bastante amor não possa fechar, nem muro que com amor bastante não se possa destruir, nem pecado que com bastante amor não se logre redimir. Não importa quão profundas raízes tenha o problema, nem o desespero das perspectivas, nem o turvo do conflito, nem a monstruosidade do erro cometido. Com bastante amor tudo se dissolverá, pois você agora pode amar suficientemente, para tornar-se o Ser mais feliz e mais poderoso do mundo.”

Não é verdade? O amor cura de fato! E foi preenchida de amor que a Renata Cortez escreveu esse texto. Obrigada Renata por compartilhar sua inspiração e nos trazer uma belíssima reflexão. Eis o texto:

“Ontem uma pessoa me perguntou se eu não iria escrever sobre a cura gay. Eu não ia, mas mudei de ideia. Eu acredito na cura gay. Sabe quando ela ocorre? Quando, como vi hoje em um post, o pai pede que o filho dê um beijo no namorado para ele tirar uma foto. Também ocorre quando o neto pergunta para a avó: “O que a senhora faria se eu trouxesse meu namorado aqui na sua casa?” E a avó responde: “Café.” Ou quando alguém pergunta a uma criança: “O que você acha de um homem se casar com outro homem ou de uma mulher se casar com outra mulher?” e a menininha pergunta: “Vai ter bolo?”

A cura ocorre, quando a culpa desaparece, quando a pessoa deixa de se sentir errada, quando consegue ser feliz sem medo, sem pensar em doença, ou pecado. A cura vem quando se tira o peso das costas, quando não se percebe como o estranho no ninho, quando a pessoa se sente amada. Desse processo de cura precisamos todos nós. Precisamos nos assumir. Todos nós. Gordinhos, baixinhos, magrinhos. E o que é mais legal é que quando eu deixo o outro ser do jeito que que ele quer ser, o mundo fica mais fácil para eu ser do jeito que eu quero ser.

Este debate todo nasceu da decisão de um juiz do Distrito Federal, mas o tsunami que ele causou nas redes sociais é muito válido, pois, como disse o Rafael Corrêa, mostra quanta gente faz parte de um círculo de amor, de pessoas do bem! Aliás, psicólogos são as pessoas indicadas para ajudar a resolver questões mal resolvidas, uma delas é “Por que a felicidade dos outros incomoda tanto?” ou “Por que ver pessoas bem resolvidas tira tanto o sossego?” Aí sim, tem muita gente precisando de ajuda.”  Renata Cortez 

E ela também compartilhou as reações lindas que recebeu:

“Meu texto sobre a “cura gay” bombou. Mais do que já aconteceu comigo aqui por estas bandas do face. Muitos compartilhamentos, comentários, mensagens inbox, um redemoinho, uma remexida nas águas. Até no whatsapp, sem meu nome, o texto foi parar.

Consegui acompanhar a minha cria até um certo ponto. Fui lendo o modo como pessoas desconhecidas introduziam o compartilhamento. Eu me emocionei com o rumo que tudo tomou. Como já disse aqui, sempre penso no livro/filme “O Carteiro e o poeta”, em que o carteiro adverte Neruda de que o poema não é do poeta, mas de quem precisa dele. Penso então que as pessoas precisavam do meu texto e ele foi feito passarinho voando de Salvador a Porto Alegre, levando com ele uma ideia tão simples, mas tão simples, que talvez por isso mesmo tenha tocado tanta gente.

Em uma das mensagens que li junto ao meu texto, um rapaz havia marcado vários amigos e escrito: “Olha, manas, essa moça fazendo carinho na gente!”. Chorei pelas ondas que as minhas palavras geraram, pelo carinho que consegui fazer em rostos tão acostumados a tapas. Vamos agitando as nossas bandeiras, para que nos reconheçamos e possamos formar um círculo tão forte que nenhum ódio possa romper. Que meu texto seja colo, seja bolo com café, seja afago e que muita, muita gente se abrace na ideia simples da união de pessoas do bem, como se marcássemos as portas de nossas casas, para que tod@s saibam onde podem bater, balizando o caminho seguro por onde as “manas”, as nossas “manas” podem passar.Renata Cortez





Que todos possamos ser curados.

domingo, 1 de outubro de 2017

Raiva

Érima de Andrade

Hoje vamos falar da raiva. A raiva é um sentimento que surge para nos defender, para nos proteger das dores físicas e emocionais. A raiva é uma reação legitima do nosso sistema de defesa. A raiva dá os limites do que é suportável, ela diz: até aqui você pode ir, daqui para frente não pode mais.

Engolir sempre a raiva pode provocar muitos sintomas. Quando a raiva sai, você solta o vapor emocional e tudo fica bem.
Isso não significa, de maneira alguma, que você está autorizado a ser agressivo com quem quer que seja. A raiva construtiva é aquela que dá limites e não a que agride. E se você vive respondendo as situações quando elas acontecem, os limites vão sendo dados sem que haja um depósito de raiva prestes a explodir.

Se você tentar suprimir essa emoção a força, não vai conseguir.
Não importa quanto vezes você repita: “Eu não ficarei irritado”. O controle só é possível conhecendo a emoção, analisando como ela age, e com base nessa análise, decidir escolher um caminho diferente.

A raiva que você finge não existir, já é um problema.
Como você pode curar um sentimento quando ele não está consciente? Não pode. Muitas vezes você é tomado pela raiva, mesmo que conscientemente, você não queira isso. Às vezes você tem até raiva de estar sentindo raiva, mas continua sentindo. Você é tomado por impulsos inconscientes e, é tomado justamente, porque são inconscientes.

O caminho para não guardar pressão é reagir no momento presente. Quando você pode sentir o que realmente está acontecendo, sentir o sentimento que foi provocado no momento que ele acontece, você tem escolha.

Até que você reconheça e faça as pazes com seus sentimentos negativos, eles persistirão. E como fazer as pazes? Reconhecendo e estudando a si mesmo. Não é necessário nada mais. Nada de confrontos dramáticos, nada de catarse. Sinta o sentimento, sinta a raiva, ou medo, inveja, agressividade ou qualquer outro sentimento negativo, e diga: “Eu o vejo. Você me pertence”.

E a partir desse reconhecimento, coloque luz na sua raiva, estude-a para poder fazer a relação de causa e efeito. Se você tem o objetivo de ser uma pessoa com potencial de ajudar os outros, terá que ser capaz de lidar com seus sentimentos negativos, pois eles existem. Se você não se permite sentir, e as barreiras emocionais não são seletivas, elas impedem qualquer sentimento bom ou ruim, nem fazer empatia com o outro você conseguirá.

Quando você está com raiva e não quer lidar com ela, você fica sem defesa, por isso você sofre. Mas ao fazer um exame profundo, você talvez perceba que a semente da raiva que existe em você é a principal causa do seu sofrimento.

Muitas outras pessoas, quando confrontadas com a mesma situação, não ficariam com a raiva que você fica. Elas ouvem as mesmas palavras, presenciam a mesma situação, mas são capazes de permanecer mais calmas, sem se deixarem afetar tanto pelas circunstâncias. Por que você se enraivece? Talvez porque sua semente da raiva seja muito forte. Ela pode ter sido regada no passado com excessiva frequência.

Todos temos uma semente da raiva nas profundezas da nossa consciência. No entanto, em alguns de nós, esta semente é maior do que nossas outras sementes como a do amor e a da compaixão. Dentro de cada um de nós existe um jardim, e todos nós precisamos cuidar dele. Você precisa saber o que está acontecendo no seu jardim para poder retirar as ervas daninhas, fertilizar as boas sementes, colocar tudo em ordem.

Quando começar a cultivar a consciência, a primeira coisa que irá perceber, com clareza, é que a principal causa do seu sofrimento, da sua aflição, não é a outra pessoa, e sim a semente da raiva que existe em você. Ela faz você acreditar que o problema está no outro, que você não tem nada a ver com a história, que é uma pessoa ingênua, vítima de um mau caráter. Às vezes até é verdade, mas quem abriu as portas para isso foi você. Quem tem a chave da sua casa é você, é você que abre a porta.

Consciente disso, você para de considerar a outra pessoa culpada do seu sofrimento, e compreende que ela é apenas uma causa secundária, que como você, só quer a felicidade.

Parece loucura, mas pense que a pessoa de quem você tem raiva é como se fosse um professor para você. Se quiser ser uma pessoa melhor, ou seja, mais paciente, amável, simpática e feliz, precisa praticar lidar com seus sentimentos negativos. Se estiver sempre cercado de pessoas que fazem e concordam com tudo que quer, nunca terá nenhum desafio.

Assim, a pessoa que lhe dá raiva é extremamente preciosa, pois dá a oportunidade de realmente praticar paciência. Isso diminui imediatamente o surgimento de sentimentos de raiva, porque muda sua perspectiva, passando do que lhe fizeram ao que estão fazendo por você. Quando você entende o sofrimento da outra pessoa, você compreende que ela precisa de ajuda e não de punição. Quando isso acontece, você sabe que sua prática teve êxito. Você se tornou um bom jardineiro, suas melhores sementes estão florescendo.

Com consciência você pode curar suas feridas da infância, limpar as sementes que foram transmitidas para você por pessoas que não sabiam como se curar. Se não souber como transformar e curar seus próprios ferimentos, você também vai transmiti-los para seus filhos e netos.

Você pode começar se perguntando: por que eu preciso me defender? Essa é uma questão-chave, pois leva ao questionamento do principal motivo da existência da sua raiva. E quase sempre você vai encontrar o orgulho ferido.

É por isso que você tem que voltar à criança ferida que existe dentro de você para ajudá-la a ficar curada. Se você estiver consciente, ouvirá a voz dela pedindo ajuda. Quando isso acontece, é hora de desligar-se de tudo em torno e voltar-se para dentro, acolhendo e abraçando carinhosamente a sua criança ferida.

Você pode respirar e dizer conscientemente: “Ao inspirar o ar, volto-me para minha criança ferida; ao soltar o ar, cuido amorosamente da minha criança ferida.” Olhar para ela amorosamente vai criar intimidade entre vocês.

Com intimidade, cuidando dela todos os dias, abraçando-a com carinho, falando com ela, ou escrevendo uma carta para dizer que reconhece sua presença e fará tudo que estiver ao seu alcance para curar seus ferimentos, você vai poder se curar das mágoas da sua infância. Escolha a sua maneira de se conectar com a sua criança, ela é você preso numa dor da infância.

A medida que o tempo for passando você se sentirá pronto para ouvir a história da sua raiva. Ouça a história que há por trás da sua raiva. Seja aberto para a história que surgir, independentemente de qual seja. Seja receptivo.

Lá na infância você não tinha como cuidar desse ferimento, agora você já é capaz. Diga a si mesmo que você teve uma razão válida para se ater à negatividade. Você não tinha escolha, porque o sentimento foi secretamente guardado, depois permaneceu escondido, preparado para lhe defender. Mas agora você pode fazer as pazes com esse sentimento, e transformar o negativo em positivo.

Quando você acolhe e abraça a raiva, você se sente muito melhor. Essa raiva pode até se transformar em compaixão.

Como? Você pode, por exemplo, escolher passar uns dez minutos por dia gerando pensamentos de bondade amorosa pelos outros, familiarizando a sua mente com pensamentos positivos de paciência, amor, compaixão.

Também pode tentar respirar profundamente se notar que está ficando tenso e frustrado. Isso é um antídoto direto às respirações curtas e fortes da raiva. Você pode contar lentamente até 100 para evitar dizer coisas que definitivamente lamentará mais tarde. Uma vez consciente da sua raiva, você tem escolhas. Escolha a sua maneira de transformar sua raiva em compaixão.

Não duvide dos efeitos dessa prática. Não é que as pessoas não vão lhe irritar mais, mas você vai reconhecer que não faz sentido algum desperdiçar seu precioso tempo, respiração e energia sentindo raiva.

Assim, quando estiver experimentando alguma situação ruim, em vez de deixar a raiva tomar conta, você pode parar e pensar: de onde vem isso? Será que quero que continue assim? Que benefício essa raiva pode me trazer?