domingo, 12 de maio de 2013

Não perdoar

Érima de Andrade

Perdoar é uma escolha.
É um processo que vem de dentro.
É recuperar seu poder assumindo a responsabilidade pelo que você sente.
É uma libertação.
Uma aceitação de que nada se pode fazer pelo passado.
É reconhecer que passado é passado e que nada vai mudar esses acontecimentos.
Perdoar é uma escolha que nem sempre queremos fazer.

Sidnei e Suzanne Simon em seu livro Forgiveness, explicam que não perdoar tem certas vantagens, nos dá algumas ilusões.

Não perdoamos, por exemplo, porque acreditamos que se aquele problema não tivesse acontecido, nossa vida seria perfeita. É a primeira ilusão. Ou ainda, não perdoamos para ter a sensação de poder, a ilusão do controle.

Não perdoamos, explicam eles, basicamente por nos iludirmos de quatro maneiras diferentes:

- A primeira é a ilusão de que, se aquele problema não tivesse acontecido, nossa vida seria perfeita. Mas como aquilo aconteceu, temos a explicação ideal, a desculpa perfeita para estarmos e ficarmos na pior. Assumimos o papel de mártires, e ficamos à espera de alguém que resolva milagrosamente a nossa vida. Com essa ilusão a responsabilidade da nossa infelicidade é sempre do outro. E se eu não me responsabilizo por mim, como mudar o que acontece comigo?

- A segunda é a ilusão de sermos perfeitos.
Os maus, os bandidos, são os que nos machucaram. Dividimos o mundo em bons para um lado e maus para o outro. Se nós perdoarmos vamos ter de aceitar que essa divisão não é possível, somos tão imperfeitos quanto eles. Somos humanos, temos bons e maus sentimentos, que em essência não são nem bons nem maus. Nós e eles formamos um mesmo grupo.

- A terceira é a ilusão da força, do poder – agora eu controlo. Não perdoar compensa a sensação de falta de poder que nós sentimos quando fomos machucados. Não perdoando queremos a sensação de que agora é minha vez: eu controlo, eu estou no comando. Mas na verdade, eu estou numa prisão que é alimentada por raiva, rancor, mágoa, cultivando intranquilidade interior, resultando numa vida azeda, amarga, fechada, desconfiada, sem conseguir se abrir para ninguém.

- A quarta e última ilusão que temos ao não perdoar é de que não seremos machucados outra vez. Acreditamos que vamos reduzir o risco de voltarmos a sofrer rejeição, traição ou qualquer outra forma de ferimento, se mantivermos a dor viva e os olhos bem abertos para qualquer perigo em potencial.

Mas será que vale a pena armazenar mágoas, remoer sentimentos para nos agarrarmos com unhas e dentes à dor do passado? Será que realmente precisamos do ódio e do ressentimento? Perdoo ou fico condicionado pela ferida, pela doença, pelo luto, pelo trauma?

Segundo Maria Helena Matarazzo “o perdão se torna uma possibilidade quando a dor do passado para de reger nossas vidas; quando não precisarmos mais do ódio e do ressentimento como desculpas para obter menos da vida do que queremos ou merecemos. Perdoar é chegar à conclusão de que já odiamos bastante e não queremos odiar mais; portanto, perdoar é usar a energia da vida, não para reprimir esses sentimentos, mas para quebrar o ciclo da dor se voltando para o futuro e não machucando outras pessoas como fomos machucados.”

Na realidade, perdoar é aceitar que a coisas ruins podem acontecer e que as pessoas mesmo quando amam, se machucam. O perdão nos ajuda a reconhecer e admitir que somos frágeis e que não precisamos esconder essa fragilidade. Quando nos tornamos conscientes dos nossos limites, evitamos que a experiência se repita. Perdoar é um sentimento de bem-estar, é reconhecer que existe algo melhor que queremos fazer com a energia da vida e fazê-lo.

O movimento de pedir desculpas para alguém só tem valor se for verdadeiro, o que significa que existe um sincero arrependimento. As lágrimas de arrependimento têm um poder imensurável, pois elas iluminam o perdão e te libertam do passado. A compreensão é a semente, o arrependimento é a flor, e o perdão é o perfume da flor." Sri Prem Baba

O perdão não se aplica só aos outros. Se perdoar também é importante. Ser capaz de se perdoar é reconhecer que apesar dos erros e culpas, podemos deixar de nos sentir merecedores de castigo. Não é esquecer, nem persistir no erro, é começar de novo com a experiência adquirida.

Reparar o passado e perdoar sempre lhe trará a alegria de sentir-se curado. Respire e sinta-se aqui e agora com o passado no seu lugar e o futuro por vir e você apenas perdoando e respirando. Respirando e perdoando... respire e... sinta-se curado!!!” Heloisa Capelas

É um presente que você pode se dar: respirando, perdoando e se sentindo curado.

Mas é uma escolha. Você escolhe perdoar?

Um comentário:

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