domingo, 29 de novembro de 2015

Restauração

Érima de Andrade

Ser terapeuta ocupacional não foi minha primeira opção profissional.
Eu comecei sendo paisagista. E desde sempre o cuidado com o meio ambiente me interessa.

Num curso de autoconhecimento que fiz em São Paulo, conheci João, um empresário muito bem sucedido, que me afetou profunda e positivamente.

Quando o conheci, ele já tinha os filhos criados, começando a assumir os negócios da família.
João delegou funções, mas continua o chefão da empresa, só que agora com mais tempo livre para se dedicar ao seu passatempo preferido: restaurar terrenos.

Ele compra terrenos degradados e cuida deles, ou seja, restaura com um conjunto de ações que buscam estimular os processos naturais.

A ecologia da restauração é o campo científico que trata, na prática, da recuperação ambiental, tornando possíveis as condições originais da flora, fauna, solo e clima.
A restauração propicia ao homem conduzir esses processos e João ama fazer parte disso.

João começa pesquisando o terreno atrás de minas d’água, paralelo a isso faz um estudo da área para saber quais espécies existiam no local.
Ele sabe que antes que haja uma comunidade com plantas, animais e microrganismos, é necessário que haja um solo apropriado.

Uma vez descoberto as nascentes, ou olho d’água, ou mina d’água, ou fio d’água, ou cabeceira, ou fonte, cada lugar chama o aparecimento, na superfície do terreno, de um lençol subterrâneo, de um nome, ele as protege.

Primeiro ele providencia a limpeza da área do olho d’água, tirando pedras, tijolos, folhas e toda lama até que se encontre solo firme, onde a água brota limpa e com força. Em seguida, faz uma mureta.

Se o entorno da nascente estiver ocupado com pasto e poucos arbustos, além de cercar a nascente ele planta algumas árvores, escolhendo bem as espécies, a quantidade e a distribuição. Sempre com espécies nativas. As árvores irão atrair pássaros e outros animais que trarão novas sementes que irão reflorestar a área aos poucos, além de aumentar a infiltração da água da chuva no solo e segurar a terra arrastada pela enxurrada, impedindo o soterramento da nascente.

É claro que o João não fica esperando o reflorestamento feito pelos pássaros, ele planta, e bastante. Toma cuidado para alternar plantas pioneiras, que crescem mais rápido, com plantas clímax, que crescem mais devagar, porém vivem mais. É um passatempo para vários anos. Ele cuida até ter conseguido devolver o ecossistema no ponto em que ele seja resiliente, ou seja, tenha a capacidade de se sustentar. E aí, sai em busca de um novo terreno.

Me emocionei tanto quando ele me contou tudo isso. Não tem nenhuma intenção de explorar comercialmente o terreno que restaura, o prazer dele é ver a natureza de volta em sua plenitude. João, até hoje você me emociona.

Fico pensando se não é mais ou menos esse o caminho que fazemos num trabalho de psicoterapia. A pessoa chega e primeiro confirmamos que tem um solo apropriado, ou seja, que está aberta a mudanças, a descobertas das virtudes que não estão sendo praticadas e dos defeitos que precisam ser corrigidos.

Depois buscamos as fontes. Somos amor em essência, então também é preciso descobrir e preservar a fonte de amor próprio, e a partir daí cuidar de todo o ambiente emocional.

Sabemos que nem a maldade, nem o erro, são estados permanentes dos homens, eles se devem a uma imperfeição momentânea. Então no processo de restauração desse ser, podemos contribuir alimentando positivamente os seus aspectos físico, intelectual, emocional e espiritual, tornando possível a restauração das condições originais.

Não precisamos ficar olhando o processo acontecer, podemos ajudar no reflorestamento emocional focando no positivo, plantando respeito, alegria, paz, comprometimento, sucesso, pertencimento, plenitude, esperança, autoconfiança, liberdade, amor, admiração, entusiasmo, expectativas positivas, otimismo, contentamento, realização, e todas as outras qualidades nativas.

Ser positivo é assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas e decisões, é encarar as falhas como aprendizados, é aceitar os obstáculos como necessários, é abraçar o novo sempre que o antigo não mais parecer satisfatório. Ser positivo não significa ver a vida com um óculos cor de rosa, mas sim olhar honestamente para o que está acontecendo no momento presente e agir de acordo. Agir com positividade alimenta, em nós, a esperança, a convicção de que aquilo que desejamos é possível, ainda que tudo indique o contrário. E uma vez vivendo com positividade a resiliência e a felicidade aparecem.

Pessoas felizes têm hábitos que melhoram suas vidas e se comportam de maneira diferente. Sabem que sua realidade está sempre em suas mãos. Depende só delas pensar, sentir, acreditar nas melhores possibilidades da sua mente, acreditar na sua melhor versão.

Restauração completada e a pessoa tem tudo para seguir em frente, segura e feliz, confiante na sua capacidade de se auto restaurar. Nossa, como é bom dar alta!

Sim, restauramos seres da mesma maneira que João restaura terrenos.

Tem trabalho melhor?

domingo, 22 de novembro de 2015

Você faz parte do problema

Érima de Andrade

É interessante conversar com pessoas que acreditam realmente que são o centro do mundo.
Elas têm certeza que tudo que acontece de ruim não tem nada a ver com elas. E nem precisa ir longe, pensar em problemas em outras cidades ou países. São tão egoístas que não se dão conta de como contribuem para os problemas que acontecem ao seu redor.

Mas se queixam, e muito.

Afinal como centro do mundo elas não deviam estar passando por isso...

Você, ou alguém que você conheça, já chegou em algum lugar reclamando do trânsito? Já viveu alguma situação em que falou algo parecido com “o trânsito está péssimo! Levei o triplo de tempo para chegar aqui.”?

Então... nessa ocasião você foi dirigindo? Se sim, percebe que você contribuiu para o engarrafamento? Sim, seu carro foi mais um. E o seu também foi responsável pelo excesso de carros na rua e, por conseguinte, ajudou no engarrafamento. Simples assim.

Ah claro, os donos do mundo acreditam que todos os outros carros deveriam dar passagem ao seu. Cabe ao mundo abrir espaço sempre que eles forem passar...

Mas se não é o seu caso, se você apenas não havia prestado atenção na sua parte nessa história, que tal pensar em alternativas aos trajetos que você faz habitualmente, como carona solidária ou transporte público? Fazer sua parte na solução de um problema coletivo, esse é o caminho.

E as pessoas que jogam lixo na rua? Já percebeu quantos panfletos tem no chão perto de alguém que entrega panfletos? Peguei, li, não me interessei, joguei no chão. Já tinham tantos mesmo... E assim, de folhinha em folhinha os bueiros entopem, e quando chove, tudo alaga. E os donos do mundo reclamam que não podem sair de casa...

Tudo bem, nem sempre tem lixeira por perto, mas será que custa muito guardar o seu lixo e descartá-lo só em casa? Pense um pouco no assunto...

Já se deu conta que da perspectiva do planeta não existe o lado de fora? O "fora" não existe, pois estamos todos “dentro” da Terra e daqui não podemos sair. Não tem ainda como mudar de planeta, então é desse que temos que cuidar. Também que feio, mudar deixando a natureza destruída, e o planeta inviável... não né? Vamos fazer a nossa parte.

Os donos do mundo tem certeza que o planeta é uma grande lata de lixo, onde tudo pode ser descartado... Será mesmo?

Vamos pensar: o lixo que você joga “fora” só fica mais longe de você, ou não, mas continua no planeta. Nossos resíduos não desaparecem dentro do caminhão do lixo. Na realidade o lixo desaparece apenas de nossas vistas. Ele continua presente, num lixão, testemunhando como nós a passagem do tempo. E em alguns casos vão ficar por um período de tempo muito mais longo do que a duração de nossa vida.

E de pouco em pouco tornamos a vida inviável naquele pedaço de chão. Mudamos para outro pedaço, e de novo acabamos com ele, essa história vai dar onde mesmo?

Por isso é tão importante cuidar do lixo, reciclar, reutilizar. Desse modo protegeremos a nossa terra, nossos rios e mares, nosso planeta, nossa casa. Pensar na Terra como nossa casa é apenas uma questão de escala. Não há muitas diferenças entre nosso lar e o planeta, além do tamanho. O terreno onde construímos nossa casa é limitado. O planeta Terra, único lugar conhecido onde nossa espécie tem condições de sobreviver, também é limitado. Por que cuidamos tão bem da nossa casa e tão mal do nosso planeta?

E se deu aquela chuva que alagou tudo por conta de bueiros entupidos? Depois da chuva você dá uma checada na sua casa, no seu quintal, no seu jardim, na sua rua para ver se tem água parada? Se você não faz essa inspeção regularmente você também faz parte do grupo que não combate a proliferação do mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya. E quem sabe que outros insetos proliferam na água parada da sua área...

Tem que ficar atento aos lugares que acumulam água parada, pratinhos, tampinhas, garrafas, pneus, folhas e o pote de água do seu animalzinho. Sim, pois se o seu bichinho de estimação não é um peixe, o pote de água dele é um possível foco de mosquitos. Fique atento a isso também.

Você é o resultado de suas atitudes atuais e de todas as atitudes do seu passado. E tudo que você faz tem consequências. Aquele lixinho que você deixou na praia, pura preguiça de procurar um lugar adequado para o descarte, contribui para a verdadeira matança de tartarugas, peixes, aves. Muito triste perceber que um animal morreu por que não foi capaz de digerir o plástico que engoliu pensando que era comida...

Se você berra por silêncio você contribui com o barulho. Se você esquece a torneira aberta você contribui com a falta d’água. Se você não consome todo alimento que você comprou você contribui com o desperdício. É simples assim, você, que mora nesse planeta, mesmo que não tenha consciência, você faz parte dos problemas.

O lado bom é que você também pode fazer parte das soluções. Pequenos movimentos mudam grandes rotas, então que tal sair dessa política do eu ganho você perde e começar a vivenciar o fazer junto onde todos ganham?

Busque um trabalho que contribua com o bem estar geral. Trabalho não tem nada a ver com esforço, poder, submissão. A proposta é de cooperação, cuidado, amor, e por que não, diversão. O trabalho que você realiza no mundo também é uma prática na qual você pode servir ao propósito maior. Onde aí na sua cidade, você pode usar os seus talentos em prol de uma vida com mais qualidade?

Tenho certeza que dai mesmo onde você está você pode descobrir uma maneira de tornar o mundo melhor. Se eu melhoro, o mundo melhora. Se eu estudo, o mundo fica mais sábio. Se eu cuido dos animais, das plantas, o mundo preserva mais a natureza. Por que é assim, o que eu faço de bom, aqui no meu cantinho, contribui para um mundo melhor, na medida que eu também faço parte desse mundo.

Vamos colaborar?

Que nessa sua caminhada você possa estar pleno, feliz e bem acompanhado.


domingo, 15 de novembro de 2015

O Amor

Érima de Andrade

“O amor pode e deve ser ativado toda vez que a razão se perde.” Yolanda Borelli Castello Branco

“Não existe dificuldade que amor bastante não possa conquistar, nem enfermidade que bastante amor não possa curar.
Não há porta que não se abra com bastante amor, nem brecha que com bastante amor não possa fechar, nem muro que com amor bastante não se possa destruir, nem pecado que com bastante amor não se logre redimir.
Não importa quão profundas raízes tenha o problema, nem o desespero das perspectivas, nem o turvo do conflito, nem a monstruosidade do erro cometido.
Com bastante amor tudo se dissolverá, pois se você pudesse apenas amar o suficiente, você seria o ser mais feliz e mais poderoso do mundo.” Emmet Fox

Não preciso dizer mais nada. Amemo-nos!

Recebi isso hoje, segunda, depois de postar esse texto, mas sempre vale a pena compartilhar:

“A sua felicidade é de grande valia para a elevação da vibração do planeta e para a resolução da crise planetária. E a felicidade está intimamente relacionada com a manifestação da consciência amorosa. Por isso trabalhe para manifestar essa consciência no seu mundo, no seu universo de relações. Esse é o seu desafio.” Sri Prem Baba

domingo, 8 de novembro de 2015

Inclusão social

Érima de Andrade

Essa semana assisti uma palestra sobre inclusão social feita pela Tereza Cristina Vaz Coutinho. Ela começou nos contando, que aos 11, 12 anos, ela se ofereceu como voluntária para ajudar uma criança portadora de necessidades especiais.

 

Nessa experiência ela descobriu a missão da sua vida, e nunca mais deixou de trabalhar com esse público. Foi de voluntária, para aluna, para professora, para diretora e finalmente para dona de escola.

 

Contou as dificuldades de abrir e manter uma escola, e de como todo mundo tinha que fazer tudo. Numa ocasião, estava lavando a frente da escola e uma mãe, bastante desmotivada, parou na grade e perguntou se aquela escola aceitava crianças com down.

 

Teresa parou a limpeza, abriu o portão e se apresentou. A mãe explicou que já havia andado por toda Niterói e que não tinha conseguido vaga para seu filho com síndrome de down. A mãe tornou a perguntar:

 

- Você aceita down na sua escola?

- Eu não aceito, eu trabalho com ele – foi a resposta da Teresa.

 

Ela então fez questão de explicar a diferença entre aceitar e incluir alunos portadores de necessidades especiais. Aceitar significa apenas cumprir a lei e receber essa criança na escola. Incluir significa que o aluno vai participar de tudo, aulas, passeios, jogos. Mais que isso, o aluno será assistido em todas as suas necessidades.

 

E pode ser que ele nem ao menos consiga se alfabetizar. E tudo bem. Ele ganha com a convivência e os outros alunos ganham tolerância, aceitação e informação para lidar com qualquer diferença. Não é essa a verdadeira vocação da educação? Aprender a lidar com as diferenças sejam elas de forma, capacidade, cor, ideologia, ou qualquer outra maneira de estar no mundo?

 

Teresa nos contou que sente orgulho de ter contribuído com a formação de pessoas mais sensíveis as dificuldades dos outros. É mesmo um lindo trabalho.


Confesso que nunca parei para pensar na diferença entre aceitar e incluir. Até achava maravilhoso qualquer lugar que aceitasse. Mas fiquei sabendo na palestra, que existem lugares que essas pessoas são aceitas, e não se faz nada com elas. E como, os muito comprometidos não tem como contar como foi o dia na escola, os pais só percebem que alguma coisa não vai bem quando a criança perde a motivação, fica triste indo para a escola, não quer nem mesmo se arrumar para sair.


Mais do que aceitar é preciso incluir. Será que incluímos nos trabalhos em equipe? Será que incluímos quando estamos em família? Será que incluímos todos que convidamos para nossa casa?

Fim de ano chegando, encontros sendo programados, festas, comemorações. Acho que é um bom momento para você ter claro se nessas situações você aceita ou inclui.

Que possamos todos ser mais tolerantes.

domingo, 1 de novembro de 2015

Conhecendo o ser humano

Érima de Andrade

Não conheci Bob Hoffman pessoalmente, mas sou profundamente grata a ele por tudo que me ensinou. Costumo dizer que compreendo o ser humano pelo olhar de Bob Hoffman. É dele essa frase que me norteia até hoje:

“Ao viver bem com as pessoas, afora amá-las, lembre-se de que elas precisam:
- privacidade;
- espaço para serem criativos;
- permissão para errar;
- aceitação pelo que são e pelo que não são."

Me amar fez toda a diferença na minha vida: amar a si mesmo é um requisito fundamental para que o ser humano possa vivenciar a felicidade.

Para se amar é preciso se conhecer. Se conhecendo e se aceitando, você alimenta seu amor próprio. Preenchido de amor, você pode dar amor, e aí, amar os outros fica simples. 

E nem por isso fácil. 

Mas pode ser treinado.
  
Treine olhar o outro lembrando que ele também tem emoções, intelecto, espírito e corpo. Como ensinou Bob Hoffman, lembre que o outro também é uma quadrinidadeLembre, que como você, aquele corpo também expressa a programação negativa da infância e a sabedoria do ser espiritual. 

Coloque seu ser espiritual no comando da sua vida e perceba como fica mais fácil reconhecer que aquela negatividade, afinal, é só programação. Trabalhando a sua programação, o amor brota, aumenta e transborda. Amar o outro depois disso, é quase inevitável.

E eu? Eu estou oferecendo isso tudo as pessoas que convivem comigo? Eu permito a elas privacidade? Eu espero a perfeição? Eu dou espaço para as novidades? Eu quero que se encaixem na imagem que eu construí de cada uma delas? 

As vezes sim... eu também não dei a elas incondicionalmente tudo o que eu considero importante para vivenciar a felicidade... 

Mas essa frase sempre me ajuda a pensar e mudar. Obrigada Bob Hoffman! Vamos pensar juntos:

Privacidade: privacidade nada mais é que respeitar o espaço pessoal. Você pode viver numa comunidade alternativa, morar numa casa sem divisões internas, e ainda assim, manter seu espaço pessoal e respeitar o dos outros. 

Privacidade é respeitar os ciclos e ritmos, a necessidade de recolhimento e de festa, as lembranças e os objetos significativos de cada um.

Todo mundo tem um objeto, ou uma imagem que o faz conectar com emoções e lembranças muito positivas. Privacidade também é respeitar esses momentos de reconexão.

Espaço para serem criativos: o novo nos tira da zona de conforto, e por hábito, acabamos nos automatizando, perdendo a criatividade. E se eu não me dou espaço para ser criativo, também não autorizo quem convive comigo a tentar novas soluções. 

Então se pergunte: o que eu posso fazer diferente hoje? E não precisa ser nada muito exótico, do tipo ir trabalhar com uma calça florida e uma camisa xadrez ao invés do mesmo terno de sempre... Pode ser sentar num lugar a mesa diferente do que você senta sempre durante as refeições; ou trocar o relógio de braço; ou ainda fazer um percurso alternativo para voltar para casa. Sua criatividade, seus neurônios, sua vida ganham com essas mudanças.

Permissão para errar: alô perfeccionistas, essa informação é para vocês: erro é aprendizagem. Só é possível melhorar reconhecendo seus erros, aprendendo com eles, consertando o que fez de errado e seguindo em frente.

E já lhe ocorreu que o que você considera errado, às vezes, é apenas uma maneira diferente da sua de fazer a mesma coisa?

Passei a me observar, a pensar antes de agir, a me perguntar antes de qualquer coisa, está errado mesmo ou é apenas uma nova maneira de fazer, diferente do que eu faria?

Aceitação pelo que são e pelo que não são: gosto de usar frutas para falar dessa parte: 
mais do que se aceitar maçã é preciso também aceitar que você não é manga. A melhor maçã que você puder ser, não vai lhe deixar nem um milímetro mais perto de se transformar em manga. Você, sem duvidas, é mais perfeito sendo maçã do que tentando ser manga. Valorize o que você tem de bom, e aproveite a diversidade.

Aí pensei nos meus filhos. Eu os estou educando lembrando que são únicos e especiais?

Claro que não.

Como podem se expor ao mundo com coragem e confiança seu eu não deixava espaço para tentarem fazer de uma outra maneira?

Como descobrir defeitos e qualidades se eu esperava que acertassem sempre? 

Como saber quem são se eu esperava que os dois reagissem iguais, ignorando qualidades e talentos, focada unicamente na “boa educação”?

Descobri que sim, eu e meus filhos somos muito parecidos, mas não somos iguais. E tem coisas que eu gosto e eles não. Tem coisas que um deles gosta e o outro detesta, e não tem nada a ver comigo.

Inventam coisas que jamais passaria pela minha cabeça, e é maravilhoso.

Privacidade é um espaço sagrado. Deixar que tenham o espaço deles não significa abandoná-los a própria sorte, virar as costas e não se importar. Ao contrário, é por amor e respeito que o espaço deles está preservado.

E assim, amando, dando privacidade, espaço para serem criativos, permissão para errar, 
aceitação pelo que são e pelo que não são, que vamos construindo uma linda história de amor, auto-estima, respeito e convivência.

Como tudo isso teria sido útil na construção do meu amor próprio... mas não foi assim. 
E se não posso mudar meu passado, posso mudar meu presente e fazer um futuro melhor. E se eu posso, você também pode. Vamos?

A transformação é sempre pessoal, então: para viver bem consigo mesmo, além de se amar, 
lembre-se de que você precisa de privacidade; espaço para ser criativo; permissão para errar e aceitação pelo que é e pelo que não é.


Que todos nós possamos aprender uns com os outros.