domingo, 30 de agosto de 2015

Eu não tenho tempo; eu não consigo; eu cansei

Érima de Andrade

Já repararam que quando alguém não quer tomar uma decisão, ou não quer mudar, responde alguma coisa parecida com “eu não tenho tempo”, ou “eu não consigo”, ou “eu cansei”?

“Eu não tenho tempo”, “eu não consigo”, “eu cansei”, são algumas das várias maneiras de se desresponsabilizar da própria vida. Na verdade o que estão dizendo é “eu não quero tomar decisões”.

Como ajudar quem se paralisa dessa maneira?

As pessoas que sempre respondem “eu não tenho tempo”, “eu não consigo”, ou “eu cansei”, além de se paralisarem e não alterarem a situação que estão vivendo, geram impotência em quem está por perto e deseja ajudar.

O que argumentar com quem sempre responde “eu não tenho tempo”? Alguém que está infeliz com a situação de vida atual, mas “não tem tempo” para nenhuma alternativa?

Pessoas tão angustiadas com o que vivem que enchem a agenda, profissional e pessoal, de tal maneira, que “não tem tempo” para tomar atitudes que modifiquem a situação hostil que estão vivendo. Acreditam que estão mesmo listando obstáculos reais e não apenas se desresponsabilizando. Estão atribuindo as falhas, e até os acertos, a uma série de fatores externos sem sequer avaliar a sua participação nesses acontecimentos. Elas não tem tempo...

Tempo é uma questão de escolha, de preferência, é uma opção. Se estou infeliz, e com a agenda cheia, me cabe decidir escolher o que fazer: reclamar ou rever minhas prioridades? “Eu não tenho tempo de olhar para isso”.... Que pena... só olhando é possível modificar.

E o “eu não consigo”? Quem responde sempre “eu não consigo” está tão mergulhado na insegurança que, mesmo infeliz com a própria vida, prefere não mudar. E, nesse caso, o “eu não consigo” pode ser lido como “eu não quero”. E se responde sempre “eu não quero”, como viver diferente?

“Eu não consigo” vem muitas vezes acompanhado de uma total falta de resistência a frustração. Se não sair do jeito “perfeito” que imaginam, reforçam a crença de “não conseguir” que frustra, perturba, paralisa e impede qualquer mudança. Escolhem não agir sempre que a situação não corresponde exatamente à ideia “perfeita” de como as coisas devem ser.

A perfeição não existe. Como humanos somos perfeitamente imperfeitos. Quem persegue a perfeição está perseguindo o impossível. E quem quer o impossível será sempre impotente. “Eu não consigo”, então não tento, não faço, não modifico, não vou em frente... E o “eu não consigo/eu não quero” vira a resposta automática, vira o refúgio seguro que protege do medo de crescer e se responsabilizar por sua própria existência.

É preciso se dar permissão para errar, espaço para aprender com o erro, e para crescer com as experiências resultantes das suas escolhas. Essa historinha ilustra bem essa situação:

“- Mestre, como faço para me tornar sábio?
- Boas escolhas.
- Mas como fazer boas escolhas?
- Experiência - diz o mestre.
- E como adquirir experiência, mestre?
- Más escolhas.”


Não tem um caminho mágico. Nossas experiências são a base da nossa história e da nossa segurança. É possível agir, errar, aprender com o erro, e seguir em frente.

“Eu cansei”... O “eu cansei” faz sempre as mesmas coisas, mas espera resultados diferentes. Se perguntam “A”, responde “B” e obtém a situação “C”. Mas insistem em esperar que a sua resposta “B” leve para situação 
“G”, “H”, “F" magicamente...

Não entendem que cada um tem a sua parte numa situação, ignoram como as suas escolhas determinaram a vida que vivem hoje. Cansou, na verdade, de esperar que as pessoas mudem de atitude, por que, é claro, estão sempre certos, a culpa é sempre do outro, “eu cansei”...

São capazes de mudar de endereço para viver uma “vida nova”, mas não mudam suas ações. Acreditam realmente que estão certos, e não percebem que colocam no outro a responsabilidade sobre a sua felicidade e independência. Conclusão? Em qualquer lugar que morem vão construir relações onde a pergunta “A” leva a resposta “B” que cria a situação “C”, esperando que a situação mude para “G”, “H” ou “F”...

Não tem saída. Quer viver uma vida diferente da que vive atualmente? É preciso mudar e se responsabilizar por suas ações. É preciso reconhecer e aceitar as suas escolhas. É preciso se comprometer com a mudança.

Questione-se sempre, "porque eu não tenho tempo"? "O que me impede de conseguir"? "Do que eu me cansei"?

É por meio do questionamento que vai ser possível evoluir e se desenvolver. Para onde você deseja ir daqui em diante? Perceba que você tem escrito o roteiro de sua vida e, portanto, é o único que pode decidir para onde vai, e como chegar lá.

Decida, escolha, siga em frente. Mude. Comece hoje mesmo a transformar seus sonhos em realidade. A vida sempre responde as suas ações.

Não esqueça que mudar não significa fazer tudo diferente de uma vez só. Comece com um primeiro pequeno passo. Veja como se sente, sinta-se confortável nessa nova posição, ganhe confiança em você, e dê mais um passo.

Lembre-se de se responsabilizar: quebrou, conserte; sujou, limpe; errou, aprenda; magoou, peça perdão.

Aplauda as suas vitórias e desculpe-se pelas derrotas. Saiba que a sua melhor versão já existe e está dentro de você. Apodere-se dela.

As mudanças acontecem devagar, portanto seja perseverante em tudo que se propuser a fazer.

Em qualquer situação que você esteja vivendo, lembre-se, você tem ao seu alcance tudo aquilo de que precisa para seguir adiante com amorosidade e positividade.

Eu lhe desejo sempre: boas escolhas!

domingo, 23 de agosto de 2015

Comemorar é bom demais!

Érima de Andrade

Comemorar = comer e orar

Como é bom comemorar! E mesmo quem ainda não se deu conta, ao comemorar estamos agradecendo, orando gratidão por alguma conquista. Então, ao comemorarmos, estamos todos comendo e orando.

Muitas pessoas sentem o tempo passar mais rápido, se pegam dizendo: mas já estamos em agosto? Setembro... fim do ano...? 

É a rotina que nos faz ter essa sensação. É a repetição, pois a mente apaga a experiência repetida. Ou seja, se você repete sempre a mesma coisa, para sua mente, você vivenciou a experiência apenas uma vez, todas as outras foram apagadas. E o tempo voou.

Repetir sempre as mesmas coisas - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações - faz parecer que seu dia foi curto e sem novidades. Ou pior, às vezes tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que você teve de novidade na semana, no ano, ou, para algumas pessoas, na década.

O tempo não está passando? O ano já está quase no fim? Como viver isso da maneira mais positiva possível? 

Vivendo o momento, vivendo o mais possível no “aqui” e “agora”, aproveitando para colocar consciência nos caminhos que você quer trilhar. O que você faz todos os dias está lhe levando aonde você quer chegar? Você tem tido motivos para comemorar?

Tem um jeito de fazer o tempo ir mais devagar, e é bem simples, o antídoto para o tempo que passa rápido é mudar e marcar. Mudar saindo da rotina, fazendo algo diferente. Marcar como? Comemorando! Fazendo um ritual, uma festa, registrando em fotos, marcando esse momento.

Comemorar é um ato de felicidade, aumenta a autoestima e nos faz muito bem! E todos nós temos muitos motivos para estar feliz, é só nos conscientizarmos disso, e vamos perceber que temos muitas, muitas pequenas vitórias diárias para serem comemoradas.

Comemorar é tornar os momentos especiais, verdadeiramente especiais, diferentes dos momentos usuais, rotineiros, repetitivos. Quando comemoramos uma pequena conquista, nos motivamos para conquistas maiores.

Uns dias vão passar mais devagar, outros mais rápidos, mas depende só de você que sejam dias de progressos e felicidades, de passos em direção ao futuro que você quer e merece ter. De passos em direção as suas comemorações.

Mas vamos fazer festa para tudo?

Se você quiser, por que não?
Só não pode virar uma rotina. Seja criativo, comemore de maneiras diferentes sucessos diferentes.

Eu tenho sempre muitos motivos para comemorar. Minha vida é muito boa, tenho saúde, minha família está sempre por perto, me sinto útil, sei que contribuo com meus talentos para um mundo melhor, e tudo isso me faz ser grata e com motivos de comemorações.

Mas ontem foi especial, comemoramos os 80 anos da minha mãe. Festa totalmente produzida pela família. Fomos nós, os cinco filhos, para casa deles na véspera, como quando éramos pequenos. E ficamos só nós, os sete, em volta da mesa, falando, lembrando e preparando o que servir. Não tem como dar errado! Família, amigos, música ao vivo, dança, comida boa, papo bom, realmente uma festa.

Mais que os 80 anos da minha mãe, comemoramos o casamento deles, a nossa vida, a convivência, a alegria de poder compartilhar. Bom demais!

Que venham mais oitenta! Pai e mãe, amo demais vocês! Obrigada por essa vida, obrigada pela festa! Obrigada por tudo, sempre!

E você, o que tem para comemorar hoje?

 E foi assim que enfeitamos as mesas.

domingo, 16 de agosto de 2015

Cognição e quimioterapia

Érima de Andrade

Um dos possíveis efeitos da quimioterapia é o déficit cognitivo que se traduz em
:

- problemas de atenção,
- disfunção da memória verbal e de trabalho,
- dificuldade com a velocidade e o processamento da informação, incluindo tarefas mentais como atenção, raciocínio e memória,
- problemas com a compreensão ou entendimento,
- dificuldade com o julgamento,
- dificuldade em encontrar a palavra certa,
- dificuldade de lembrar de coisas, fatos, nomes,
- dificuldade de concentração,
- dificuldade com o aprendizado de coisas novas,
- dificuldade em gerir as atividades diárias.

Podem ocorrer também, como efeito da quimioterapia, mudanças comportamentais e emocionais, e confusão.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando esses sintomas, saiba que eles são mais comuns do que se pensa, e que é possível aprender a lidar com eles.

As queixas dos pacientes que passaram por quimioterapia, muitas vezes vêm acompanhadas de um sentimento descrito como “uma sensação da cabeça não estar funcionando bem”. Eles notam alterações em sua memória e nas habilidades de pensamento, mas não sabem como descrever as disfunções em várias funções cognitivas. Como eu passei por isso, posso afirmar que a “sensação da cabeça não estar funcionando bem” descreve muito bem essa fase.

As dificuldades que esses pacientes enfrentam podem variar em intensidade e podem tornar difícil a realização de atividades rotineiras. Como esses sintomas vão perdurar por um tempo após o fim do tratamento, é necessário aprender a lidar com eles, e isso envolve encontrar maneiras de desempenhar melhor as atividades da vida diária.

Explicando melhor, após o término das sessões de quimioterapia, o paciente continuará a sentir efeitos do remédio no seu corpo, como dormências nas extremidades e os déficits cognitivos. À medida que o corpo for eliminando o remédio, os sintomas vão desaparecendo. Praticar exercícios ajuda muito nessa etapa.

Até lá, o melhor mesmo é aprender a lidar com isso. Algumas dicas do que pode ser feito:

- Use lembretes e faça listas - leve um caderninho (ou agenda do celular ou de papel) com você e anote as coisas que você precisa fazer. Por exemplo, listas de coisas para comprar, listas de tarefas com as datas, horários e endereços, coisas para fazer, telefonemas para retornar, e até mesmo, questões mais práticas como horários de medicações e consultas. Lembre de riscar da lista os itens realizados.

- Faça um caderno de memórias – ou agenda diária para não esquecer atividades e datas importantes. Faça como um diário onde você pode monitorar possíveis sintomas, efeitos colaterais que esteja sentindo, ou anotar perguntas a fazer o seu médico na próxima consulta.

- Use um calendário de parede - para algumas pessoas isso funciona melhor do que uma agenda ou um caderno de anotações, porque você pendura em um lugar que é fácil de ver. É importante pendurar onde você possa ver sempre, como na porta da geladeira ou no espelho do banheiro.

- Deixe uma mensagem em sua secretária eletrônica para se lembrar de algo importante - ligar para você mesmo e gravar o recado, pode ser uma boa solução se não tiver como anotar na hora alguma coisa importante. Ao ouvir o recado, lembre de anotar onde você poderá ler sempre que necessário.

- Organize o ambiente - manter as coisas em lugares familiares vai ajudar a lembrar onde as colocou. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.

- Evite distrações - trabalhar, ler e fazer suas tarefas em um ambiente organizado e pacífico pode ajudar a manter o foco por longos períodos de tempo.

- Tenha conversas em lugares calmos - isso minimiza distrações e permite que você se concentre melhor no que a outra pessoa está dizendo.

- Repita em voz alta as informações que ouvir e anote os pontos importantes - você pode falar enquanto escreve, assim estará acessando também a memória auditiva. E quanto mais estímulos cognitivos você tiver, melhor.

- Mantenha sua mente ativa - exercite seu cérebro com atividades mentais, como palavras cruzadas, quebra-cabeças, pintura, música ou ainda um novo hobby. Procure atividades que sejam prazerosas e ao mesmo tempo desafiem sua atenção, sua memória ou seu raciocínio, como palestras sobre assuntos que lhe interessam, shows, peças, exposições, conversas com amigos.

- Revise - verifique novamente as coisas que você escreve para se certificar de que você usou as palavras e ortografia corretas. O déficit de atenção pode se manifestar em letras e palavras que não são escritas. Ler em voz alta pode ajudar nessa revisão.

- Treine-se para se concentrar - costumamos fazer uma coisa enquanto pensamos sobre outra, o que aumenta as chances de esquecer algo importante. Concentre-se no que está fazendo para não perder objetos simples, como a chave. Além disso, você pode usar a dica anterior e dizer em voz alta para si mesmo: “Eu estou colocando as minhas chaves na minha cômoda.”

- Exercícios, boa alimentação, boa hidratação, sono de qualidade - as pesquisas sobre qualidade de vida mostram que essas coisas ajudam a manter sua memória de trabalho no seu melhor. A atividade física pode aumentar a agilidade mental, então tente caminhar, nadar, dançar, fazer yoga, jardinagem, ou qualquer outra atividade que lhe dê prazer.

- Converse com as pessoas sobre o que você está passando - dependendo da intimidade, você pode dizer a sua família e amigos suas falhas cognitivas, assim eles poderão entender se você esquecer as coisas que você normalmente não iria esquecer, e ajuda-lo.

- Terapia ocupacional – sempre procure ajuda profissional se sentir que não está dando conta sozinho. Especialmente se viver com sintomas cognitivos da quimioterapia lhe deixar ansioso ou triste.

Lembre que de uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos. Então qualquer atividade estimulando os sentidos será benéfica para você.

E claro, você pode contar comigo:

Érima de Andrade
CREFITO 2 4284to
erimacba@gmail.com

domingo, 9 de agosto de 2015

Tratar ou não tratar?

Érima de Andrade

Um amigo me contou uma historinha do Chico Xavier. Disse que Chico um dia falou:

“Amo a vida. Aceito, mas não favoreço a morte.
Tomo os remédios que os médicos me receitam com disciplina e fé.

De maneira que, quando eu morrer, você pode mandar escrever na minha lápide:
Aqui jaz Chico Xavier, muito a contragosto.”


Sou como Chico, também não favoreço a morte. Mas nem todo mundo é assim.

A primeira vez que ouvi falar de alguém que não quisesse tratamento, foi numa conversa com o Dr Jayme Treiger. Ele me contou que tinha um amigo diabético. A doença já estava avançada e a saúde dele bastante comprometida, mas que ele não queria se tratar. A família então combinou um encontro informal com o Dr Treiger, com a esperança de que ele o ouvisse.

Almoçaram juntos na casa desse amigo. Após o almoço, com a desculpa de caminhar um pouco para fazer a digestão, prática muito comum anos atrás, saíram os dois. Tão logo se afastaram da casa, o amigo disse que sabia que a família estava preocupada com ele. E que sabia que tinham pedido por essa conversa. Dr Treiger confirmou. O amigo então disse, que ele nem precisava gastar o tempo falando sobre esse assunto. Contou que foi avisado pelos médicos que se não mudasse seus hábitos, radicalmente, morreria em pouco tempo. Ciente disso escolheu continuar com seus prazeres. Preferia uma vida curta a uma vida longa com restrições. Teve o seu desejo respeitado.

Entre meus conhecidos também há quem recuse tratamento. Uma delas teve câncer em uma mama. Tratou. Alguns anos depois, o câncer se manifestou na outra mama. Só aceitou fazer a cirurgia para removê-lo. Recusou quimioterapia e radioterapia. É uma escolha. Segue sua vida satisfeita com a decisão que tomou.

Hoje, dia 8 de agosto de 2015, a 1 da manhã, um amigo muito querido fez a passagem. Estudamos juntos no colégio. A vida nos separou, mas graças ao Facebook, nos reencontramos.

Era uma figura. “Conversamos” por mensagens lembrando das nossas brincadeiras e implicâncias nos tempos de escola. Nos comunicávamos com alguma frequência. Quando ficou doente, câncer no pulmão, me procurou para conversarmos. Queria dicas sobre o tratamento, como tinha sido, para mim, passar por quimioterapia e radioterapia. 

Conversamos bastante sobre efeitos, sensações, sentimentos e a importância de confiar no médico. Não foi fácil para ele o tratamento, tinha que viajar a cidade vizinha para receber a medicação. Mas ele foi.

Fim da primeira etapa, nova reavaliação e o câncer quase não havia diminuído. Nova etapa, mais intensa, dessa vez com quimioterapia e radioterapia ao mesmo tempo e ele começou a falar sobre desistir...

Tenho plena convicção que a vida é uma passagem, que estamos aqui para aprender e progredir e assim voltar para casa, para nossa essência, na luz. Mas mesmo assim, não foi fácil para mim pensar que meu amigo, tão querido, podia desistir de lutar.

Dei-lhe um sermão sem precedentes. Como assim? Não ia deixar barato essa história de desistir. Como ficariam nossas mútuas implicâncias? Como ficariam nossas esperanças de nos reencontrarmos? Ele concordou com tudo. 

Passado o choque, rimos um pouco, e começamos a fazer planos para a vinda dele, para o jantar anual da nossa turma de colégio, em novembro.

“Oi.... Comecei hoje a radioterapia.... 35 dias indo e vindo.... são 90 km de minha cidade mas prefiro ir do que ficar em hotel.... bem, enquanto eu aguentar.... obrigado pelo carinho....”

“Oi Érima... Estou na radioterapia, completei 22 e ainda faltam 13. Não tenho reação alguma somente os resquícios da quimioterapia. Há um inconveniente que é a viagem que faço todos os dias de 200 km aproximadamente para o hospital, isso sim, me mata de cansaço. E você como está? Espero que você esteja bem e que já não tenha mais nada com a doença. Qualquer dia entro aqui e deixo noticias ok..... eu sempre vejo tudo pelo telefone, só que não consigo digitar por lá..... aqui no notebook é mais fácil...... beijoo”

Mas não deu tempo de mandar mais notícias... Era sofrimento demais para efeito de menos. Em comum acordo com a oncologista, parou de se tratar. E hoje fez a passagem, descansou.

Como bem descreveu uma amiga, a morte aqui na Terra representa para muitas pessoas à partida de alguém, o desencontro, a separação. Para mim simboliza uma passagem, uma viagem de volta para casa e o reencontro com a nossa verdadeira essência e o nosso verdadeiro estado de existência.

Mas como é difícil lidar com a passagem de alguém que amamos, ou simplesmente que aprendemos a admirar como ser humano...

Hoje não poderia deixar de fazer algum tipo de homenagem a esse amigo que se foi, que foi ser luz em outro lugar, que foi alegrar outras almas, que saiu daqui da Terra para uma nova e melhor etapa.

Vai Nelsinho, meu amigo querido.
Vai com Deus.
Vai em paz.
Vai ser luz.

"A morte não é nada.
Eu somente passei para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês, eu continuarei sendo.
Me deem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra ou tristeza.
A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vistas?
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho...
Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela
como sempre foi." Santo Agostinho


domingo, 2 de agosto de 2015

Mudando a vida

Érima de Andrade

Você pode escolher mudar sua vida a qualquer momento. Para isso basta enfrentar os obstáculos que estão impedindo você de tomar sua vida nas mãos.  Que obstáculos são esses? Desde o medo do julgamento, passando pela mania de deixar tudo para depois, chegando na mania de perfeição, entre muitos outros.

Mas não importa a desculpa que você usa para se abandonar, uma vez que você decida mudar, você pode fazer isso. E claro você pode ter ajuda. Eis aqui sete boas sugestões, da Juliana Garcia, para que você possa construir uma nova realidade na sua vida:

1 – Desafie-se a ir além;
2 – Abra definitivamente espaço na sua agenda para se cuidar;
3 – Faça registro e acompanhe;
4 – Conte com apoio;
5 – Mude a estação interna;
6 – Crie um novo hábito;
7 – Comece por um ponto e siga avançando;

Você pode escolher mudar sua vida, a qualquer momento, começando onde você está, usando o que você tem, fazendo o que você pode. Então mãos a obra:

1 – Desafie-se a ir além – Acredite, você pode muito mais do que supõe. Muitas vezes temos claro quais são nossos pontos fracos e que empecilhos e dificuldades nos impede de tomarmos a vida nas mãos. Mas não vemos quais são os nossos méritos, nosso potencial, nem as nossas qualidades. Lembre-se, sempre é possível ir além, buscar o segundo fôlego. É uma escolha deixar que suas crenças criem barreiras ao seu crescimento ou seguir em frente. Decida-se a encarar qualquer barreira que você tenha construído. Se proponha uma nova atitude, um novo caminho, uma nova opção. Enfrente seus medos, ouse sair da sua zona de conforto, mude. Mas vá devagar. Um passo de cada vez. Você não vai mudar de uma hora para outra, é um processo. Consolide e comemore cada vitória alcançada. Que tal colocar uma meta por semana? “Essa semana eu...” O que você pode fazer para assumir o comando e criar resultados favoráveis para você nesta semana?

2 – Abra definitivamente espaço na sua agenda para se cuidar – Você que usa a agenda para esquecer de você, está na hora de fazer diferente. Que tal marcar na sua agenda o seu horário de compromisso consigo mesmo? Chega de promessas e de resoluções que não dão em nada. O que você precisa mudar para ter uma vida mais satisfatória? Como anda sua alimentação? Você separa tempo para comer? Você tem cuidado do seu sono? Tem se hidratado? Tem praticado alguma atividade física? O que você precisa mudar para se dar mais tempo? Vá em frente, mude. Pode ser que você comece prestando mais atenção na sua alimentação, ou bebendo mais água durante todo o dia, ou ainda iniciando uma rotina de exercícios físicos. Também vale marcar aquela sessão de acupuntura, ou começar num grupo de meditação. Seja lá o que for, comece. Há quanto tempo você não se diverte? Que tal ir ao cinema, sair com amigos, viajar? Que tal separar um período de tempo para o seu autocuidado? Escolha a sua mudança e vá aos poucos abrindo mais espaço para você. Você merece.

3 – Faça registro e acompanhe – Como você se observa? Você tem alguma maneira de registrar de seus sentimentos, objetivos e avanços? Se auto observar é o primeiro passo para perceber as repetições, as sabotagens, e tudo o que precisa ser mudado em sua vida. E também para perceber as suas conquistas. Pode ser que você escolha fazer um diário. Ou quem sabe um documento em seu computador? Ou ainda um caderno de gratidão? Tanto faz, desde que você use seu registro como um roteiro para seu autoconhecimento e uma maneira de se organizar. O mais importante dessa dica, é que seu registro seja de fácil acesso a qualquer momento, e que você acompanhe, leia, releia, monitore o que for registrando. Uma vez consciente dos seus passos, você pode direcionar a sua caminhada.

4 – Conte com apoio – Ninguém pode caminhar por você. Mas isso não significa que você precisa caminhar sozinho. Crie sua rede de pessoas amigas e companheiras e conte com elas. Se precisar, busque apoio de um profissional para lhe ajudar nos desafios que você está enfrentando. A troca com outras pessoas contribui para ampliar o seu crescimento. Então não se isole. Somos seres sociais, crescemos nos relacionamentos. Faça uma lista breve dos seus principais desafios e busque entre os seus contatos quem pode lhe apoiar. Você pode e merece contar com apoio.

5 – Mude a estação interna - Preste atenção aos seus pensamentos. Decida trocar a estação quando notar que está dando espaço para pensamentos e crenças que não lhe fazem crescer. Não basta dizer que "não quero pensar nisso ou naquilo", é preciso trazer pensamentos e atividades positivas para plantar novas sementes. Se você já sabe no que você não quer pensar, comece a listar também o que você quer pensar. Use essa lista a seu favor, concentre no que lhe faz bem. Busque meditar, escrever para organizar suas ideias, ler boas mensagens, se cercar de coisas positivas. Escolha a mudança.

6 – Crie um novo hábito – Hábitos são comportamentos aprendidos e repetidos tão frequentemente, que nem é mais preciso pensar para executá-lo. Nas tradições orientais, diz-se que um novo hábito precisa de 21 dias ininterruptos de prática para que se torne um hábito natural e entre em nosso cotidiano. Os neurocientistas confirmam essa prática e nos explicam que 7 vezes é o número para aprendermos algo novo, e 21 vezes o número para tornar isso um hábito. Qual hábito novo renovaria as suas energias para seguir com seus objetivos? Caminhar? Beber mais água? Ler? Escolha e se proponha a colocá-lo em prática durante 21 dias seguidos. Faltou um dia? Comece tudo de novo! Aceite o desafio e veja os resultados.

7 – Comece por um ponto e siga avançando – Não dá para mudar tudo de uma vez. Também não dá para ficar parado. Então escolha e priorize por onde começar. Entre todos os seus objetivos de melhora, qual você decide que será seu pontapé inicial?

Juliana Garcia sugere alguns critérios para sua escolha:

- Qual deles pode lhe trazer mais energia ao ser resolvido?
- Qual deles pode até impulsionar os demais campos da sua vida?
- Qual se envolve com áreas prioritárias em sua existência?
- Qual deles pode abrir campo para as próximas ações?”

Agora é com você! Escolha tomar a sua vida nas mãos e boa jornada.
  

Hoje me proponho a deixar ir toda a preocupação, todo o medo, toda a insegurança. Imagino cada um desses sentimentos sendo levado dentro de um balão para onde possa ser purificado... Que tudo que me deixa sem fé se dilua no ar, seja levado pelo vento! Hoje acredito no meu ser, acredito na força do amor que carrego no peito e sei que esse amor me guiará pelos caminhos desconhecidos. Abro o meu coração ao novo e agradeço por ser capaz de reconhecer as minhas fraquezas.

Que assim eu seja melhor que o que temo, que assim eu tenha paz para seguir em frente. E assim seja, e assim é porque eu determino!” Márcia Alves