domingo, 30 de julho de 2017

Você sabe conversar?

Érima de Andrade

Vivemos numa democracia, e
numa democracia, falamos com pessoas e grupos que pensam diferente. Mesmo assim, tenho me deparado com muitas pessoas que não sabem mais conversar. Precisamos reaprender a conversar, precisamos voltar a cultivar a cultura do diálogo, pois é essa troca democrática que nos torna melhores, mais sábios e mais criativos.

Em tempos de polarização das opiniões, como tem acontecido,
conversar aberto para o que o outro tem a dizer, se torna mesmo uma arte a ser urgentemente cultivada.

Para início de conversa,
é bom saber que o objetivo de uma conversa não é convencer o outro do seu ponto de vista. Só os fanáticos não têm abertura para ouvir o outro lado. Mais que isso, fanáticos não ouvem e também não desistem de tentar impor sua opinião.

Numa boa conversa todos têm liberdade para se colocar, e
todas as opiniões são respeitadas. E tudo bem se você mudar de opinião numa conversa. Você não precisa, mas claro que pode. É essa arte de ouvir, e respeitar a opinião do outro, que precisamos cultivar diariamente para o bem viver numa sociedade livre. Respeitar, inclusive, quando o que ele viveu o fez mudar totalmente de opinião.

Se sua conversa nasceu da necessidade de tomar uma decisão conjunta, mais que ouvir e respeitar o outro, você, e ele,
vão precisar se abrir para alternativas que satisfaçam os dois lados. É preciso ceder um pouco de cada lado para chegar no caminho do meio, um caminho bom para todos. O objetivo de conversas assim não é convencer, é chegar nesse caminho do meio. Como dizia Dom Paulo Evaristo Arns,“Diálogo não leva a ter razões, mas a ver razões”. E quando é preciso tomar decisões, ver as razões torna a conversa democrática.

Por exemplo, se você quer amarelo e o outro quer o azul, vocês vão precisar juntar as duas cores, ou seja, vão precisar buscar o melhor de cada cor/lado, e, quem sabe, chegar num tom de verde que agrade amarelos e azuis. É assim, buscando o caminho do meio, que se respeita opiniões diferentes.

Mudar de opinião para agradar o outro, para não ter discussão, para não se aborrecer com uma conversa demorada, e as vezes, acalorada, só funciona até a página dois. Isso porque, você que mudou para não discutir, não vai ficar feliz com o resultado. E essa infelicidade vai influenciar suas atitudes, pensamentos e relações. Não é esse o caminho.

O caminho do entendimento começa no respeito, e segue para a empatia. Respeito por você, para não se agredir ao concordar com seja lá o que for que não lhe agrada; e pelo outro, para não forçar uma solução boa só para um lado. E empatia, que é se colocar no lugar do outro, com curiosidade pelos seus sentimentos e pensamentos.

Com empatia você faz perguntas e ouve os argumentos, e as motivações, dos que conversam com você. A partir da empatia, você pode se perguntar: o que está por trás dessa opinião? Ou, o que motivou essas palavras de defesa? Ou ainda, o que provocou aquele ataque durante a conversa?

Com empatia você consegue pensar com a cabeça do outro, e entender as razões por trás das opiniões, e assim, juntos, vocês podem chegar num consenso. Podem achar um caminho para ser feliz mesmo pensando tão diferente.

Mas pode ser que você prefira ter razão, em vez de ser feliz. E nessa busca de razão, se embarreirar nas suas opiniões, sem abertura para nada diferente dos seus pensamentos. Se assim for, cabe perguntar: de onde vem sua resistência a opinião alheia?

Todos nós temos nossas razões, temos nossos motivos. Você não precisa concordar com a opinião do outro para continuarem conversando, nem virar saco de pancadas. Mas é essencial, para o seu desenvolvimento como ser humano, que você esteja disposto a, pelo menos, entender as motivações alheias.

Antes de tentar medir o outro com a sua régua, procure, apenas por um momento, enxergar o mundo através dos olhos dele. Tente se interessar pelo que o outro está vivendo, pelo que o outro deseja, anseia e necessita. Tente julgar menos. Você tem seus motivos, ele também.

Quando você exercita a capacidade de tentar olhar o que se passa dentro do coração de cada um que cruza o seu caminho, quais foram os desafios, aprendizados e dificuldades vividos por essa pessoa, com certeza, sua conversa com ela, vai ter mais amor, respeito e consideração. Esse é um ótimo exercício, ver que o outro é alguém que, como você, só quer se tornar sua melhor versão e ser mais feliz.

Seja em casa com familiares, ou com amores, ou entre amigos, ou com colegas e chefes, quando você se colocar no lugar do outro, abrindo mão das suas crenças e prejulgamentos, estará pronto para realmente fazer das conversas uma ponte para o entendimento.

A beleza da democracia é a convivência com pensamentos diferentes. Existe uma riqueza a ser descoberta nas conversas com abertura para opiniões diferentes. Que você sabia aproveitar bem esses momentos.




(desconheço a autoria da foto)

domingo, 23 de julho de 2017

E o lixo?

Érima de Andrade

A destinação do lixo tem chamado cada vez mais minha atenção.
Tenho claro o quanto a destinação errada do lixo é um desrespeito tanto a natureza, quanto aos outros seres humanos. Também é claro, para mim, que por total inconsequência, as pessoas se desfazem dos seus resíduos, do seu lixo, sem nenhum cuidado.

Costumamos pensar que inconsequentes são os adolescentes. Mas será que só eles mesmo?
Pense na humanidade em geral, você considera que, como humanidade, nós somos inconsequentes?

Aqui vale lembrar o que inconsequente é aquele ser que não se preocupa com as consequências dos seus atos. Inconsequentes só se preocupam com a solução imediata, ou o prazer imediato, ou a atitude imediata. O que vem depois não interessa a eles.

Então pensa de novo, são só os adolescentes que são inconsequentes? Como humanidade, temos nos preocupado com o que acontecerá depois? Por exemplo, houve preocupação do que fazer com satélites quando acabarem a vida útil no espaço? Já pensou na lixeira a céu aberto que é nossa atmosfera por conta dessa inconsequência?

Tudo bem, são poucos seres que vão se reconhecer nesse exemplo. Mas nós, o conjunto de pessoas que vive no planeta Terra, também poluímos, também transformamos em lixeira o nosso entorno, também descartamos o nosso lixo em qualquer lugar. Desde que nos livremos dele com rapidez, já que é o que nos interessa, nos livrar dele.

E aqui cabe a personagem inspiradora desse post. Uma conhecida, da área de saúde, fato que me causou mais espanto ainda, que contava, entre gargalhadas, que na viagem que fez com o marido e o filho pequeno, foi “confeitando a estrada com as fraldas descartáveis sujas”.(sic) Oi? “Não vou mais passar por ali, deixa para quem vem depois”.(sic).

Triste, bem triste.

Não adianta ter tanta informação de higiene e saúde e não aplicar em todos os seus momentos. Quem é ela de fato? A que nos atendimentos dá uma boa orientação, ou a que na vida faz o que for menos trabalhoso?

É dessa inconsequência que estou falando. Das pessoas que não vão mais voltar ali, dos que acham que podem sujar as ruas e estradas porque tem quem limpe, dos que não se importam com o lixo que deixam em praias, trilhas, cachoeiras, etc. São as pessoas que não pensam no depois, pensam menos ainda no quanto é desrespeito com quem vem depois. Resumindo, são os inconsequentes.

Muitos têm buscado o autoconhecimento, e isso é ótimo. Mas para além de cuidar dos aspectos emocionais, intelectuais, espirituais e físicos, é preciso cuidar também dos aspectos social e ambiental. O seu bem-estar tem que envolver o seu entorno.

Como humanidade, precisamos desenvolver o senso de comunidade, a consciência do pertencimento, a responsabilidade com o mundo que é de todos, a importância de respeitar pessoas e ambiente. Precisamos tomar consciência do quanto cada atitude individual impacta o entorno. Inclusive as pequenas resoluções.

É por não ter esse olhar para o ambiente que nos cerca, que matamos fontes de água limpa, que jogamos o lixo no chão, que descartamos, seja o que for, sem nenhum cuidado. Não tem a ver com consciência ambiental, tem a ver com respeito pelo espaço público e pelas pessoas que serão afetadas por nossas atitudes.

Como humanidade, agimos exclusivamente para resolver uma questão imediata, deixamos os problemas que surgirão de atitudes assim, para serem resolvidos pelas próximas gerações. Possivelmente seus filhos e seus netos também serão afetados pela inconsequência geral da humanidade. Não serão só os “outros” afetados, os “seus” também.

Jogar fora é só uma figura de linguagem. Do ponto de vista do planeta, não tem fora. O seu lixo mal descartado, isso é, sem ser encaminhado para reaproveitamento ou reciclagem, vai continuar a existir mesmo não estando perto dos seus olhos.

Precisamos, urgentemente, nos conscientizar que fazemos parte da solução. Precisamos respeitar o planeta que nos recebe.

E sim, você é responsável pelo lixo que produz, pelo destino dos seus resíduos, pelo ambiente que vai deixar para as próximas gerações. Não tem como fugir dessa responsabilidade. Num mundo com tanta informação disponível, não saber é uma escolha. Você pode escolher não saber, e mesmo assim, continuará responsável pelos resíduos que descarta.

Ter consciência da questão é o primeiro passo para a mudança. Mesmo com tantas campanhas de conscientização, e elas existem aos montes, seguimos sendo, na maioria, uma população terrestre inconsequente. Por isso pensar em, ao menos, reduzir seu lixo é um bom começo.

Lembra do filme Wall-E? Um desenho animado com jeitinho de aula de ecologia? Esse mesmo. Ele fala do excesso de lixo que foi produzido no planeta. Mostra que os terráqueos precisaram abandonar a Terra, porque ela não deu conta de nos sustentar. O filme mostra que sujamos demais, e o planeta não aguentou. Parece possível?

É uma fantasia. É um futuro possível, entre tantos possíveis. Mas tem a intenção de acender um alerta para as questões ambientais que afetam a todos. Nos cabe escolher como continuar. Está nas nossas mãos evitar esse futuro.

Vale dar uma olhadinha no trailer oficial:

                               

“Sou um só, mas ainda assim sou um.
Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa.
Por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso.
O que eu faço é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano será menor.”
Max Gehringer


Que o descarte correto do lixo faça parte da sua vida.

domingo, 16 de julho de 2017

Redes Sociais

Érima de Andrade

A conversa inspiradora dessa semana aconteceu por causa de um personagem de um programa de reforma na TV. O senhorzinho que teria o quarto transformado, contou, todo feliz, que aprendeu a usar o computador com os netos.
Disse que agora aprende a tocar viola com os vídeos da internet e, como passatempo, entra nas Redes Sociais para bisbilhotar a vida dos outros.

Parece bem comum, mas além de ouvir “eu também faço isso”, eu ouvi “mas ele pode fazer isso?”.

Sim, ele pode e nem é o único a fazer.

O objetivo das redes sociais é esse mesmo, socializar, oferecer uma ligação social e possibilitar a conexão entre pessoas. Por ser uma conexão virtual, as redes amenizam as distancia geográficas, permitindo que você se conecte com todo mundo, em todo lugar. Por isso dá para bisbilhotar a vida dos outros. Redes Sociais são uma ferramenta de interação e conexão com o mundo.

A socialização numa rede acontece através das postagens. Se gostou do que leu numa rede, você pode “fazer amizade” com quem postou, e passar a seguir a pessoa, isto é, passar a ver sempre que ela postar alguma coisa nova. Pode puxar uma conversa, pela internet, em particular. Pode ir num mesmo evento que ela e conhecê-la pessoalmente, ou apenas descobrir que tem várias pessoas que gostam das mesmas coisas que você, e se sentir feliz. Estas são algumas maneiras de socializar através das redes.

A surpresa de quem perguntou “mas ele pode fazer isso?”, deixa claro que a pessoa não sabe o alcance que as coisas postadas em redes sociais podem ter.
Antes de continuar a conversa é bom que se diga que, em qualquer rede social da internet, você tem controle sobre quem pode e quem não pode ler/ver o que você posta. Também é bom que se diga, que quando você faz a opção “todos”, são todos mesmo, ou seja, todos que um dia se inscreveram nessa rede. E não apenas “todos” os seus amigos.

Para você que não conhece, eu conto que as Redes Sociais são ótimas, por exemplo, para divulgar seu trabalho. Também são ótimas para conhecer pessoas com os mesmos interesses. Cabe a você escolher o que postar, e onde.

Se você deseja divulgar o seu trabalho, e também compartilhar situações da sua vida pessoal, a minha sugestão é que você tenha duas páginas. Numa você fala da sua vida profissional, e aceita como amigo todo mundo que se interessar. Porque quanto mais gente souber o que você faz, mais chances de bons contatos profissionais você terá. Na outra você aceita os seus amigos, conhecidos e pessoas sugeridas por amigos que você confia.

Eu tenho duas páginas com o mesmo nome, Érima de Andrade. Uma recebe, pontualmente, todo domingo, o texto novo aqui do blog. Nessa eu fico muito grata a cada um que curtiu e/ou comentou. Outra é pessoal e particular. Só aceito a “amizade” de quem eu conheço na vida. Não quero mostrar as fotos das minhas gatas, por exemplo, para gente que não me conhece. Acho íntimo, prefiro me preservar.

Mas tem gente que gosta mesmo de se expor, e tudo bem. É essa diversidade de opiniões, ideias e comportamentos que colorem a vida. Desde que todas as opiniões, escolhas e ideias e comportamentos sejam respeitadas, é claro.

Se você é do time que se viu perguntando “mas ele pode fazer isso?”, sugiro que comece a prestar mais atenção a tudo que você partilha nas redes sociais. Eu gosto de pensar que as redes sociais são um mural público. Uma vez colocada sua opinião ali, todo mundo que passar pelo mural, poderá ler. E aí cabe perguntar: se fosse para escrever num mural colocado num lugar movimentado, sem nenhum controle sobre o ir e vir das mais variadas pessoas, você publicaria o que publica nas suas Redes Sociais? Essa é a reflexão a ser feita.

Sim, você pode escolher a privacidade da sua publicação. Sim, algum conhecido seu pode gostar demais do que você comentou num post dele e decidir compartilhar com o público que ele alcança. Sim, você tem controle, mas não tanto assim para impedir que o que colocou numa rede social seja visto por pessoas que você não escolheu. Acontece, é bom ficar sabendo.

Então, antes de postar seja lá o que for, se pergunte: eu quero mesmo tornar público o que vou postar? Se sim, siga em frente. Se não, deixe para compartilhar com seus amigos quando estiver com eles, quem sabe numa festa, quem sabe dividindo uma refeição. Simples assim, as formas “antigas” de socialização, que continuam valendo. Arrisco dizer que continuarão valendo para sempre.

Sabendo usar, qualquer rede social que você escolher fazer parte, se tornará sua aliada para se relacionar, conversar, se entreter e se informar. Use sabendo como funciona e divirta-se.



Bom proveito!

domingo, 9 de julho de 2017

Caminhos Internos

Érima de Andrade

Criei os encontros que estou chamando de Caminhos Internos, por insistência de uma amiga, que há mais de ano, pede/sugere que eu trabalhe com grupos.

Demorei esse tempo todo para me decidir porque não conseguia pensar numa maneira de trabalhar com grupo que não fosse curso com princípio, meio e fim, nem um grupo terapêutico tradicional.
Nos casos de psicoterapia sigo preferindo o atendimento individual.

Caminhos Internos não é um curso porque
não tem um objetivo a ser atingido pelo aluno no final de um período de tempo. Também não é psicoterapia porque não vou trabalhar com as questões trazidas pelas pessoas em cada encontro, e sim com temas que vou propor a cada encontro.

Mas Caminhos Internos é um trabalho de autoconhecimento
na medida que permite que você entre em contato com seus sentimentos, seus pensamentos e suas crenças em relação a cada tema abordado.

Vou propor um tema em cada encontro, e claro,
buscarei temas que tenham a ver com as pessoas que formarão cada grupo. Por exemplo, num encontro poderemos conversar sobre o tempo, sobre “eu não tenho tempo”, ou “tenho tempo demais”.

Vamos colocar clareza
no que acontece internamente com você para que não tenha tempo. Ou o que acontece para que seu tempo sobre e você não consiga tornar satisfatório esse seu tempo livre.

Vamos começar a conversa com perguntas do tipo: que mensagens mentais estão por trás da sua falta de tempo? Você cresceu acreditando que para ter sucesso tem que estar sempre ocupada? Suas crenças dizem que o desocupado não chega a lugar nenhum? Para você o ócio é a oficina do diabo? Ou é a sua exigência de perfeição que impede que você tenha tempo para reconhecer o que sente e o que pensa? Como você marca a sua passagem de tempo?

Não será um questionário, as pessoas não precisarão responder uma a uma essas questões.
As perguntas têm a função de dar início a conversa. E a maneira de cada um de lidar com o tema proposto dará a continuidade desse papo.

Alguns grupos acontecerão no Spaço Dosha, aqui mesmo em Itaipu.

Se essa proposta de trabalho lhe interessa, seja muito bem vindo a nossa roda!
            

Espero vocês!

domingo, 2 de julho de 2017

Reclamações e Soluções

Érima de Andrade

Uma das lições mais importantes a ser aprendida por quem quer trabalhar com gente, é:
o tempo é pessoal. Cada um têm o seu de lidar com o que lhe acontece.

Mudanças, internas ou externas, começam com a consciência do que deseja modificar.
Você só muda uma mesa de lugar, se souber, se tiver consciência, de onde ela está. Acontece o mesmo quando quer fazer reformas internas, você só muda o que tem consciência.

Ter consciência é diferente de ter informação.
Ao tomar consciência você se percebe sentindo e/ou pensando sobre como aquela informação lhe afeta. E é aqui, nessa etapa de autoconhecimento, que quero chamar sua atenção nesse texto. O tempo que cada um leva para tomar consciência das informações que recebe, é pessoal e intransferível.

Já ouvi de psicólogos, professores e fisioterapeutas, queixas do tipo: está demorando muito a evolução do paciente/aluno. Se você quer trabalhar com gente, a primeira grande lição a ser aprendida é essa: o tempo interno é individual.

Sempre a você só caberá mostrar o caminho. A decisão de caminhar é do outro. O tempo que leva para caminhar também é uma decisão do outro. Pode até ser que você tenha forçado bastante a barra e levado a pessoa, arrastada, até a beira do rio. Mas não vai conseguir que ela beba a água. Ela precisará escolher beber.

Por que estou batendo nesse ponto? Porque tenho escutado muitas reclamações. Reclamações vindas de todo tipo de pessoa. Ter estudo, ou cultura, não interfere no tempo interno. Você pode ser super diplomado, mas se não escolher aplicar em si seu conhecimento, nada muda. O que muda o tempo interno é sua decisão, consciente, de mudar.

Você pode se queixar por anos do seu emprego. Enquanto não tomar consciência de que coube a você a escolha de estar trabalhando com isso, você não conseguirá mudar. E, insisto, o tempo de sair da queixa para buscar soluções é individual.

Parece um paradoxo. Gosto dessa palavra, paradoxo. Cabe muito no texto de hoje. Vem do latim, paradoxum, significa "aparentemente absurdo, mas mesmo assim, verdade." E é a mais pura verdade: a solução dos seus problemas depende de você. Mesmo que o problema não tenha iniciado a partir de você, se lhe afeta, a solução depende de você.

Se você está no meio de uma situação desagradável, pergunte-se, "como eu posso colaborar para que isso mude?" E a pergunta vale tanto para você que não está gostando dos rumos da politica da sua cidade, estado ou país, quanto para você que não está feliz no seu emprego. A sua resposta vai lhe levar a solução do seu problema.

Se sua queixa for sobre política, a pergunta "como posso colaborar para que isso mude", vai levar a respostas de mudanças imediatas, do tipo: se tornar voluntário numa Ong que presta o serviço que você percebe como falho, ou fundar uma Ong para isso. E também respostas de mudanças mais a frente: se informar, de todas as maneiras, sobre os próximos candidatos para votar consciente em ideias que correspondam aos seus anseios. É o voto consciente que muda a politica que você não gosta.

Se é do seu trabalho que você reclama, a pergunta "como posso colaborar para que isso mude", também vai levar a respostas imediatas e para o futuro. 


Imediatamente, você pode se lembrar o que motivou sua decisão de trabalhar aí. Busque essa motivação no seu momento presente. Ainda é forte o suficiente para permanecer nesse emprego? Se sim, passe a se alimentar, diariamente, das positividades proporcionadas por esse seu trabalho. Faça o exercício do post passado, se obrigue a procurar, ao menos, uma coisa positiva para cada negatividade que você perceber. Pode acreditar, suas reclamações diminuirão. Talvez até desapareçam.

Se ao começar seu questionamento interno você descobrir que não lhe satisfaz, de maneira alguma, seu atual emprego, se pergunte: o que eu gostaria de estar fazendo agora? E busque as oportunidades de colocar em prática aquilo que lhe dará prazer e sustento. 

E pode ser que precise se requalificar, fazer cursos, formações, estágios. E tudo bem. Se ainda não está pronto para uma mudança de profissão, precisa mesmo se preparar. E durante esse processo de preparação, caberá a você manter o foco na motivação da sua mudança. Ou continuar reclamando.

As soluções estão sempre dentro de você. Não consegue sozinho? Busque ajuda. Mas vai sabendo que não é mágico. Para mudar, consciência é apenas o primeiro passo. Intenção o segundo. E ação o terceiro. E precisará também de persistência para se manter na ação. Mesmo assim, vale a pena.

Prefere continuar apenas reclamando? Tudo bem, eu respeito o seu tempo. Respeito todo o tempo que você precisa para descobrir que só se responsabilizando pela sua felicidade, você será feliz. Use o tempo que achar necessário. O tempo interno é mesmo individual.


Concordo com Rosa de Luxemburgo quando diz: "A liberdade que importa é a liberdade de quem discorda de nós". Para o post de hoje: o tempo que importa, é o tempo que o outro precisa. Nunca o tempo da sua ansiedade de terapeuta.

Que você encontre a paz necessária para fazer bem o seu trabalho. Que você seja feliz. Que você esteja em paz. Que você viva com alegria, dignidade e respeito. 

Que suas reclamações levem a muitas soluções.