domingo, 25 de fevereiro de 2018

Reforma Íntima

Érima de Andrade

Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, propôs 20 exercícios para ajudar na sua reforma íntima, e tornar melhor sua experiência nesse mundo. 
O caminho para se tornar sua melhor versão, passa pela sua reforma íntima. Como se tornar uma pessoa melhor é o objetivo de quase todas as pessoas, e se você é uma delas, vale colocar algumas dessas sugestões em prática no seu dia a dia. Vamos a elas:

“1. Executar alegremente as próprias obrigações.” - Sim, você tem obrigações. Tem deveres que precisa executar todos os dias para sua higiene, alimentação e saúde, por exemplo. É o custo de se manter com qualidade de vida. Em vez de reclamar de tudo que precisa fazer, lembre-se dos motivos de fazer o que está fazendo. Descubra o valor dessa sua tarefa, e permita-se transformar seu sofrimento com suas obrigações, em alegria.

“2. Silenciar diante da ofensa.” - Se você não é, não se identifica, nem se reconhece no que falaram de você, então não precisa responder. Silencie. Se você é exatamente da maneira que falaram, também não precisa responder, é um reconhecimento, um fato. Se você não gosta dessa sua característica que foi descrita, cabe somente a você reformá-la.

“3. Esquecer o favor prestado.”
- Favor é o que você faz para alguém de graça, sem obrigação, por amor ao próximo. Fazer um favor, ajudar o outro esperando recompensa, não é um favor. É, na verdade, a sua maneira de se valorizar perante o outro, se colocar como melhor que ele, se vangloriar. Com certeza esse não é o caminho da sua melhor versão. Repense suas atitudes quando fizer um favor novamente.

“4. Exonerar os amigos de qualquer gentileza para conosco.” - Completa o item acima. Além de esquecer, de não cobrar por um favor, se você quer ser uma pessoa melhor, também não cobre dos seus amigos gentilezas que confirmem que você é querido. Se anda sentindo um vazio interno, que pede sinais externos de amor, preciso lhe informar que nenhum sinal, por mais explícito, maravilhoso, amoroso que seja, vai preencher esse seu buraco. Só a você cabe alimentar seu amor-próprio. Não coloque nos seus amigos essa obrigação.

“5. Emudecer a nossa agressividade.” - Agressividade é uma expressão da sua raiva. Raiva é o sentimento que dá limites, que diz ‘até aqui você pode, daqui em diante não pode mais.’ Mas nenhuma raiva autoriza sua agressividade, nem a sua violência. Você tem o direito de estar com raiva, mas isso não lhe dá o direito de ser cruel, violento e agressivo. Emudeça, e vigie-se para não juntar mais raiva, para não explodir sem controle, para não voltar a ter motivos de ser agressivo.

“6. Não condenar as opiniões que divergem da nossa.” - Várias opiniões diferentes têm o poder de abrir nosso horizonte, de nos mostrar um mundo amplo de possibilidades. Ouça, se gostar, aplique na sua vida. Senão gostar, respeite quem escolheu viver, pensar, sentir, diferente de você.

“7. Abolir qualquer pergunta maliciosa ou desnecessária.” - Jogar conversa fora é bom, mas só é bom quando é aquela conversa que flui bem, sem assunto pré-definido, sem tensões, sem uma agenda de discussões a ser cumprida. Senão é com alguém próximo, ou íntimo, a sua conversa, para quê perguntar coisas que não afetam em nada a sua vida? Para quê fazer perguntas que constrangem quem é perguntado? Esteja a aberto para ouvir o outro em qualquer conversa que acontecer, mas foque no melhor do outro, no que ele lhe acrescenta de bom, nas possibilidades de aprendizado mútuo.

“8. Repetir informações e ensinamentos sem qualquer azedume.” - Se você está vivendo um momento de amargura, se anda azedo com a vida e com todo mundo, abstenha-se de repetir qualquer ensinamento, ou dar qualquer informação. Não é o momento, cuide antes de você. É muito ruim ir pedir uma orientação e a pessoa responder azeda, com cara fechada, sem nenhum interesse em, de fato, lhe explicar. Causa até constrangimento em seguir perguntando, mesmo quando ainda não entendemos. Todos temos momentos na vida mais azedos. Passa. Até lá, compartilhe apenas o que lhe deixa mais doce.

“9. Treinar a paciência constante.”
- Essa é uma das maiores lições que precisamos aprender nesse mundo, ter paciência, desenvolver a ciência da paz. E o mundo nos dá muitíssimas possibilidades de treinar essa lição. Aproveite.

“10. Ouvir fraternalmente as mágoas dos companheiros sem biografar nossas dores.” - Se você se abriu para ouvir o outro, ouça-o com a sua mais amorosa atenção. O outro está lhe contando a dor dele, e como ela o afeta. Você não contribuí em nada se o interromper para falar das suas dores. Menos ainda, se comparar sua dor a dele. Dor não se compara, se sente. Precisa conversar? Procure alguém. Mas se lhe procurarem para conversar, apenas ouça.

“11. Buscar sem afetação o meio de ser mais útil.” - Sem afetação é o grande exercício nesse item. Atitudes de “eu sou o máximo”, “olha como sou bom”, “tenho muitas habilidades especiais”, não o torna mais útil. Veja onde você pode ajudar, ser mais útil, em cada situação. Você pode ser mesmo poderoso nos seus talentos, mas pode ser que seja mais útil apenas sendo mais um elo na corrente humana formada para armazenar doações, por exemplo, do que usando todas as suas habilidades.

“12. Desculpar sem desculpar-se.” - Ao colocar-se na condição de quem erra, você consegue desculpá-lo. Essa é a proposta, primeiro desculpe o outro, suas faltas, falhas e erros. Olhe o outro e o desculpe. Depois volte-se para você, e desculpe-se também. A sua reforma íntima passa por se perdoar. Você também merece ter seu erro compreendido, aceito e perdoado. Você merece acabar com qualquer conflito interno que o encha de culpa. Desculpe-se, liberte-se dessa dor.

“13. Não dizer mal de ninguém. - Somos humanos, e nessa condição, imperfeitos. Estamos todos aprendendo e nos esforçando para melhorar. Erros acontecem, mas acertos também. Use os erros para aprender, e valorize os acertos que acontecerem. Falar mal, criticar, menosprezar, só cria ao seu redor uma energia de descontentamento e infelicidade. É esse o seu objetivo?

“14. Buscar a melhor parte das pessoas que nos comungam a experiência.” - É isso. Somos seres sociais, vivemos em sociedade, comungamos várias experiências. Treine seu olhar para ver a melhor parte de quem está com você nessa jornada.

“15. Alegrar-se com a alegria dos outros.” - A vida não é uma competição onde você perde sempre que o outro ganha. A vida é energia, e você pode escolher sempre que frequência sintonizar. Escolha a alegria, escolha sintonizar com a alegria do outro, escolha valorizar o que provocou essa alegria. Permita que a alegria do outro eleve suas melhores vibrações.

“16. Não aborrecer quem trabalha.” - Se você não pode ajudar de maneira alguma, você, com certeza, pode não atrapalhar. Quem está trabalhando, agradece.

“17. Ajudar espontaneamente.”
- Ajudar quando pedem ajuda é muito bom. Mas ajudar antes que peçam ajuda, é muito melhor. Experimente.

“18. Respeitar o serviço alheio.”
- Respeitar é importar-se com o próximo. Coloque-se no lugar de quem prestou o serviço, e respeite. Vale em todas as situações, desde manter limpo o ambiente que alguém teve o trabalho de limpar, até 
estacionar o carro corretamente para não atrapalhar a vaga do próximo. Você pode até não gostar do serviço prestado, mas é fundamental manter o respeito para a boa vida em sociedade.

“19. Reduzir os problemas particulares.” - Todos temos problemas. Algumas vezes temos problemas realmente grandes. Mas na maioria das vezes, apenas aumentamos nossos contratempos como se eles fossem a maior tragédia da humanidade. Essa glamourização das suas dificuldades, não ajuda em nada a resolvê-las. Pense nisso antes de sair de novo por aí reclamando de tudo e todos.

“20. Servir de boa mente quando a enfermidade nos fira.” - Sim, você pode adoecer, pode ficar temporariamente enfermo e preso numa cama. Mas nem por isso precisa ser o ranzinza do lugar. Compreenda os processos do seu tratamento, treine sua paciência em cada etapa, e colabore para a sua recuperação cultivando positividade e amorosidade, para com você mesmo, e para com os outros. O amor é o caminho sempre.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

E se eu não fizer nada?

Érima de Andrade

Amo o perfume do manacá. Comprei uma muda, plantei no meu quintal. Ela cresceu, floresceu e segue muito bem, obrigada.

Na terra que veio com ela, veio junto a semente de uma outra planta, uma árvore, que não conheço. Eu sempre penso que, senão matar minha muda, eu não preciso arrancar.
Considero que é um presente e deixo nascer. E ela brotou, uma árvore de crescimento rápido. Tudo ia bem até que ela começou a ficar alta demais. Cresceu com aquela aparência de árvore de floresta fechada, alta com o tronco fino. Ai começou a criar problemas… um vento um pouco mais forte colocava em risco meu telhado.

Cortei a árvore. Uma poda drástica com a intenção de podá-la sempre que volte a ficar alta. Não preciso matá-la para proteger meu telhado.
Sabia que voltaria a brotar, então deixei apenas um metro de tronco. E me surpreendi com a “reação” dela. Além de começar a brotar no tronco, de todas as raízes também brotaram rebentos, ou seja, novas árvores. De uma árvore cortada parece que pode surgir uma nova floresta. E isso é sempre impressionante. 


Ela não morreu em nenhum momento, nem era essa a intenção, mas dá para dizer que voltou a vida. Os brotos anunciam que ela vai se regenerar. A natureza realmente se recompõe, é só dar espaço. 

Uma pesquisa rápida confirma que algumas árvores reagem à poda fazendo brotar novos rebentos da sua raiz. Algumas árvores têm a particularidade de emitir, a uma certa distância do tronco, novos rebentos a partir do seu sistema radicular, mas que progressivamente se libertam da raiz original para levar uma vida independente. Removê-los não mata as raízes e pode até estimular o surgimento de outros rebentos. 

Por mais que isso seja impressionante, aqui não é possível deixar seguir, a menos que eu queira matar a árvore-mãe, e não quero.
Os que nasceram aqui em casa, não tem distância suficiente do tronco para se tornar independentes sozinhos sem danificar a árvore-mãe. Posso até tentar fazer mudas deles, mas não posso deixar onde estão. Ou seja, nesse caso não dá para não fazer nada. 

“Devem-se arrancar ou deixar estar estas ramificações? A dúvida é comum a muitas pessoas”, afirma Ana Carvalho, engenheira agrária. Ela explica:“Os rebentos chamam-se rebentos ou ramos ladrões. Devem ser removidos, uma vez que retiram a força de crescimento do tronco principal. Eles podem ser retirados em qualquer época do ano sem prejuízos para a árvore principal”. 

(Cléo, Chica, o manacá e os rebentos.) 


Na sua vida também é assim, mesmo que pareça que tudo vai florescer bem, nem sempre é possível deixar como está. Se vários novos caminhos se abrem a sua frente, você precisa escolher um. Mesmo que todos os caminhos que se abriram para você sejam maravilhosos, você vai ter que eliminar todos os outros que não foram escolhidos.

Não dá para não fazer nada, você realmente precisa escolher uma das muitas possibilidades. Precisa escolher, por exemplo, se quer a árvore ou rebento. Ou que caminho você vai querer trilhar, o antigo ou o novo que se apresenta. Precisa escolher quais rebentos, ou caminhos, serão descartados, e virarão adubos, que fortalecerão a sua escolha. Nada se perde. Só de parar e avaliar atentamente cada caminho para escolher um deles, você aprende e alimenta sua escolha com mais tranquilidade, consciência e confiança. Senão escolher, você perde todas s possibilidades.

Se você se conhece pouco, se vive uma incerteza com relação a quem é e o que quer da vida, possivelmente você tem dificuldades de fazer escolhas. Essa dificuldade faz de você uma pessoa apegada, alguém que se torna incapaz de abrir mão de qualquer opção, deixando tão difícil a tomada de qualquer decisão.

Pessoas apegadas adiam, enrolam e postergam indefinidamente suas tomadas de decisão. Esquecem que ao não escolher também fizeram uma escolha, já que a vida continua e existem consequências. Há sim uma perda quando se faz escolhas, e pode gerar sofrimento, mas cabe a você continuar da melhor maneira possível.

“Apegos perturbam a mente e nos impedem de agir com liberdade”, explica a monja Coen.“É preciso ter consciência se você está se apegando demais à comida, a uma pessoa, a uma situação qualquer e isso está atrapalhando os seus relacionamentos. É preciso distinguir os benefícios. Se é gostoso e saboroso, mas fiquei presa numa teia e vai me causar mal, é hora de desapegar”, ensina.“Tudo que começa a causar muitos impedimentos para a vida, deixa de ser uma coisa boa, deve ser desapegado”, completa.

Para desapegar, é importante ir pelo caminho do meio, desapegando até mesmo do desapego obrigatório. “Possuo uma velha roupa de monja. Olho para ela e são tantas as memórias de um certo mosteiro que não largo a roupa”, reconhece a monja.

Desapegar não é abandonar tudo, é ter equilíbrio, é soltar o que lhe causa impedimentos, é ter disposição de encarar os novos ciclos quando se apresentarem. É possível ser desapegado e ter desejos de viver de maneira confortável nesse mundo. Apesar disso, garante a monja Coen, o desapego liberta.

Pessoas desapegadas são mais tranquilas nas suas escolhas, se conhecem melhor, conhecem sua essência e sabem que perder alguma coisa, ou se distanciar de alguém, não muda sua verdadeira natureza. Pessoas desapegadas fazem as escolhas com mais compreensão, vivem com mais harmonia, calma e receptividade, especialmente quando mudar o caminho não for uma opção sua.

Fazer escolhas certas é uma questão de saber o que você está procurando com o resultado da sua decisão. É confiar que continua se movendo em direção dos seus objetivos, se renovando, aprendendo e se tornando uma pessoa melhor.

“Não há caminho errado, mas sei que há caminhos que trazem menos felicidade porque são caminhos desconectados de nossa essência. Somos seres projetados para sermos felizes e a felicidade está onde a essência está.” Paula Quintão


E se eu não fizer nada? Nada muda. E os caminhos que se abriram, deixam de existir.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Consequências

Érima de Andrade

Carnaval bombando.
Os que gostam da festa estão na folia. Os que não gostam estão procurando séries, filmes, livros interessantes para aproveitarem esse tempo de folga. Ou não...

Se você faz parte do grupo que está procurando alguma coisa para assistir, na Netflix tem uma série que vale a pena, Grace e Frankie. É muito divertida, e,
para mim, uma alegoria ótima de como não é possível fugir das consequências das suas escolhas. 



A série conta a história de dois casais, Robert e Grace, Sol e Frankie. Os homens são amigos e sócios num escritório de advocacia. Por conta dessa amizade, compraram juntos uma casa na praia onde as duas famílias ficam juntas nos feriados, fins de semana e férias. Um dia avisam as esposas que precisam conversar. Marcam dia para essa conversa por se tratar de algo que mudaria a vida deles. As esposas têm certeza que vão anunciar a aposentadoria, e se preparam para isso.

As conversas acontecem separadamente, cada casal na sua própria casa, falando a mesma coisa, ou seja, o marido anunciando que tem um caso com o outro marido, e que eles decidiram se assumir para viver plenamente esse amor. É a partir disso que a série começa. 


Repito sempre no consultório que não aprendemos automaticamente com o que nos acontece. Precisamos escolher aprender com o que nos acontece. E a série, entre outras
coisas, mostra isso, como mesmo passando por situações intensas, elas só aprendem quando decidem olhar o que aconteceu, entender, integrar.

Ao longo dos episódios de Grace e Frankie descobrimos que cada uma, a sua maneira era infeliz no casamento, e fugia dessa realidade se drogando. Uma bebia e mergulhava no trabalho. A outra chapava com maconha para abrir canais sutis de inspiração e criatividade. Por melhores que fossem as intenções e os resultados, o que elas faziam mesmo era fugir. E se você não olha a sua realidade, você não pode modificá-la. Simples assim, tudo fica do mesmo jeito. 


A vida deu essa rasteira na dupla, o casamento, apesar de longo, não era sólido. E ao longo dos episódios vamos acompanhando as muitas confusões que provocavam por não agirem de acordo com o que acontece no momento, por não quererem lidar com o que acontecia, com a negação pura e simples. Até onde conseguiram, elas continuaram fugindo das consequências das suas escolhas. Fugiam, especialmente, de assumir a responsabilidade por não escolher.

É divertido, mas vamos nos divertindo com os maus humores e trapalhadas, com ironias, e muita negação do óbvio. Como alegoria é ótima! Como diversão também. Se você quiser, faz pensar, senão quiser, você apenas se diverte. 

       

Uma das personagens, numa das temporadas, se recusa a descer do salto, literal e emocionalmente. Gasta uma energia impressionante para negar um problema no joelho que acaba evoluindo para uma cirurgia reparadora. Até chegar nesse ponto, ela passou por disfarçar a dor com remédios, a subir e descer a escada que leva ao próprio quarto sentada nos degraus, a beber quando a dor estava insuportável e os remédios não faziam mais efeito, mas seguiu se recusando a pedir ajuda as pessoas, ou a usar a bengala sugerida pelo médico. 


A outra personagem se enrolou tanto nas mentiras que inventava tentando esconder sua desatenção, que, um belo dia, quando foi ao banco pegar um novo cartão da sua conta, teve o pedido recusado por estar morta no sistema. Consequência de fingir ser a sua irmã de luto por ela, para não ter que pagar por ter perdido, mais uma vez, a chave da sua caixa no correio. Essa informação foi parar no sistema do seguro social, e gerou baixa em todos os serviços, a deixando sem conta no banco, sem documentos, sem direitos. Morreu, oficialmente falando. 


Você só aprende com o que escolhe aprender. E elas escolheram continuar a negar os problemas que surgiam até que ficassem grandes demais para serem ignorados. E mesmo grande, você só aprende com eles se escolher aprender. Como não pode ignorar um problema que ficou enorme, você o resolve. Mas precisa escolher aprender com a situação. Precisa escolher não permitir de novo essa bola de neve. Precisa querer mudar o que levou você até esse ponto.


A série é mesmo bastante divertida. Uma alegoria que mostra que não adianta ser cada vez mais eficiente em fugir dos seus problemas, as consequências chegarão. E isso vale para a série e para vida. Vale para todas as vezes que você forçou a barra só mais um pouco sem dormir ("Tenho que entregar esse material amanhã sem falta."); ou forçou o carro que estava fazendo cada vez mais barulhos estranhos ("Não posso ver isso hoje, preciso do carro."); ou forçou o computador que vivia dando sinais de que ia falhar ("Assumi um compromisso, tenho um trabalho importante para entregar, não posso parar agora."). Sim, você não pode, não quer, não escolheu.

E apesar de você não ter escolhido parar quando percebeu os sinais de desgaste, você é obrigado a parar quando o corpo não responde mais, e precisa de um atendimento de emergência; ou quando seu carro parar de vez e precisar de um reboque para chegar numa oficina; ou quando precisar informar a sua cliente que não vai poder cumprir o prazo, porque o computador pifou de vez. Pois é, mesmo que negue todos os sinais, e se torne eficiente em fugir da realidade, as consequências chegarão. Você vai sim colher o que plantou. 


         

Na série a gente se diverte com situações assim, na vida a gente se desgasta com essas coisas. Consequências. Se você vê alguma coisa que precisa de cuidado, cuide. As consequências dos seus cuidados com você, e com os outros, pessoas, animais, coisas, são sempre melhores do que as consequências da sua negação. 


Aproveita o carnaval da maneira que achar melhor. Mas vai informado que tudo o que você fizer, ou deixar de fazer, vai ter consequências. Bom feriado para você!


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Síndrome de Fevereiro

Érima de Andrade

Fevereiro é um mês de exceção: é menor, tem carnaval, e na minha infância era o último mês das férias. Hoje não é mais assim, mas nossas aulas começavam em março.

Talvez por isso, por conta dessa memória infantil, algumas pessoas sentem uma urgência especial de
“aproveitar ao máximo” o mês de fevereiro, porque, afinal de contas, o ano vai começar, mesmo, depois do carnaval. E nem precisa estar de férias, alguns sentem assim, apenas por ser fevereiro. Uma angústia similar ao que se chama de “Síndrome do Fantástico”, que causa tristeza em quem ouve a música tema do programa, por ser o anúncio do fim do fim de semana. Se você vive esses sentimentos, é um sinal de que você precisa mudar alguma coisa na sua vida.

(Mais sobre a "Síndrome do Fantástico"-“Domingo à noite. Você ouve uma música acompanhada da voz de um tradicional locutor de TV. Ao mesmo tempo começa a sentir o estômago retorcer, as mãos suarem, a cabeça doer. Um mal-estar completo toma conta do seu corpo. Parabéns! Você foi contemplado com uma doença que atinge muito mais gente do que deveria: a “Síndrome do Fantástico”.
O problema: pensar que o domingo está quase no fim e, com isso, a segunda-feira está chegando e tudo vai recomeçar. Mas as consequências da “Síndrome do Fantástico” são mais catastróficas. A insatisfação te faz prestar menos atenção no que faz, porque sua cabeça fica tentando te distrair – porque o que está sendo feito não te agrada. A qualidade do seu trabalho cai e as pessoas todas pegam no seu pé e a sua insatisfação só aumenta. Você não se compromete mais com as atividades que deve cumprir. Sem comprometimento, acaba fazendo escolhas ruins – o que resulta em retrabalho, dificuldades e mais dor de cabeça, no sentido literal e também no figurado. E a “Síndrome do Fantástico” só faz crescer… Há, entretanto, cura para este mal.
Então, antes de cair de uma vez, que tal levantar a cabeça e olhar o que mais o mundo tem a oferecer? Ou ainda olhar para dentro de si e ver qual é o desejo mais premente de sua alma? O máximo que pode acontecer é ser feliz. Não é Fantástico?” Prof. Thiago Costa)


Aqui cabe ajudar essas pessoas com “Síndrome de Fevereiro”, perguntando: Por que ao longo do ano você não consegue se divertir? Que crença é essa que lhe faz sentir autorizado a se divertir apenas no mês do carnaval? O que faz você acreditar que não pode se divertir enquanto aprende, ou trabalha? Você é do tipo que acredita que só pode se divertir se houver recreio? Você separa um tempo na sua agenda para o seu recreio?

Aprendemos com a física quântica que tudo é energia e que cada vibração corresponde a um sentimento. Somos uma usina de energia, e vamos atrair sempre a mesma energia que estivermos vibrando.

Então, se você vibra uma crença que lhe diz que pessoas sérias trabalham sem se divertir, que divertimentos atrapalham crescimento, que o recreio da sua vida só pode acontecer em fevereiro, e se isso lhe deixa infeliz, está na hora de mudar sua vibração.

Somos seres vibracionais, e no mundo vibracional existem apenas duas vibrações, a positiva e a negativa. Nada em si é positivo ou negativo em essência, como essa vibração lhe afeta é que a torna positiva ou negativa.

Recebi um texto sobre isso, desconheço o autor, mas o texto diz que devemos prestar atenção em 7 itens que podem mudar nossa vibração: pensamentos, companhias, músicas, coisas que assistimos, ambiente, palavras e gratidão. Vamos entender:

1 – Pensamentos – Seus pensamentos emitem uma frequência, e é essa a frequência que voltará para você. Por isso é tão importante aprender a cultivar pensamentos positivos. Se você passa a maior parte do seu tempo alimentando pensamentos de raiva, tristeza, medo, desânimo, é isso que você receberá de volta. Coisas ruins acontecem com todos nós, mas podemos escolher olhar para tudo com positividade. Isso é, olhar o que acontece no momento e agir de acordo. Se, nesse momento, você sente raiva, reconheça e use-a para dar limites ao que lhe incomoda. Isso é agir com positividade. Se você apenas sente raiva, não faz nada a respeito, e passa o resto do seu dia ruminando essa situação, você está cultivando pensamentos negativos, e é isso que receberá de volta. Vale a pena?

2 – Companhias – é importante observar com quem você anda, quem lhe faz companhia a maior parte do tempo, e como essas pessoas vibram. As vibrações delas vão lhe influenciar, da mesma maneira que sua vibração as influenciará. Se você está sempre acompanhado de quem só reclama sem fazer nada para mudar, ou de quem vê tudo ao seu redor com pessimismo, a consequência será ter dificuldade para fazer a lei da atração vibracional funcionar a seu favor. Você não pode mudar ninguém, só a si mesmo. Então cuide de cultivar a sua vibração positiva para atrair companhias que colaborem com sua intenção de estar nesse mundo vibrando positivamente.

3 – Músicas - Músicas são a linguagem universal e são poderosíssimas. Elas afetam suas emoções, seus pensamentos, suas vibrações. Você atrai para sua vida exatamente aquilo que você vibra. Então selecione as músicas que quer ouvir, escolha as que vão lhe ajudar na vibração que você quer cultivar. De novo, nada é em si mesmo negativo ou positivo. Uma música agitada não é adequada para você se concentrar, mas é ótima para estimular sua atividade física. Se você faz caminhadas, perceba que ritmo de música faz seu exercício ser mais eficiente. Se você quer sentir abandono, tristeza, angústia, perceba que tipo de música é mais eficiente para essa vibração. Como você quiser, assim será.

4 - Coisas que você assiste – As músicas afetam você pela audição, as imagens afetam você pela visão. Ver sempre programas, filmes, peças, que falem de desgraças, mortes, traições, faz seu cérebro aceitar tudo isso como a única realidade, e libera uma química no seu corpo que afeta sua frequência vibracional. Sim, tem muita coisa ruim acontecendo no Brasil, em especial aqui no estado do Rio. Mas também tem muita coisa boa. Procure e achará imagens que lhe façam bem e que ajudam a elevar sua frequência.

5 - Ambiente – Ambiente aqui não se refere apenas ao meio ambiente, mas também ao ambiente da sua casa e do seu trabalho. Não tem como vibrar positivo num ambiente desorganizado, sujo, feio. Se para você é difícil participar de atividades que restaurem o meio ambiente, limpe rios e praias, salvem nascentes e florestas, com certeza, a sua casa você pode limpar e organizar. Cabe a você cuidar do seu ambiente, cuidar do que você já tem, com responsabilidade e carinho. Assim você vibra para o universo a mensagem de estar apto a receber muito mais.

6 - Palavras - “No principio Aquele que é a palavra já existia. A palavra já existia e a palavra era Deus. E por meio da palavra, Deus criou todas as coisas.”As palavras têm poder, não duvide disso. Sua frequência vibracional é afetada pelas palavras que você diz. Falar mal e reclamar vibra muito diferente de elogiar e incentivar. Fazer dramas e se vitimizar vibra muito diferente de olhar o que acontece no momento e agir de acordo. São escolhas de palavras. A mudança da sua vibração é de sua responsabilidade
, responsabilize-se por suas palavras e pelas vibrações que elas transmitem. 

7 – Gratidão – Torne um hábito agradecer por tudo que lhe acontece. A gratidão abre portas para que coisas boas aconteçam na sua vida. A gratidão afeta positivamente sua frequência vibracional. Agradeça por tudo, de bom e de ruim. Coisas ruins acontecem, e podemos aprender com elas. Agradeça. Coisas boas acontecem e confirmamos que estamos no caminho certo. Agradeça. Agradeça todas as suas experiências, seus aprendizados, suas vivências. Simplesmente agradeça e sinta sua vibração melhorar.

E eu acrescento o amor a essa lista. É o amor que dá sentido a vida, e faz com que todos os meses do ano sejam especiais, e não só o mês de fevereiro. É o amor que lhe ajuda a vibrar positivo e com isso se transformar na sua melhor versão.

Termino esse texto com essa história que recebi de uma amiga, que diz que exite um conto israelita, de um jovem que foi visitar um sábio conselheiro, e ouviu dele esse ensinamento:

“— Meu filho, amar é uma decisão, não um sentimento.
Amar é dedicação e entrega; amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor.
O amor é um exercício de jardinagem.
Arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide.
Esteja preparado porque haverão pragas, secas ou excessos de chuvas, mas nem por isso abandone o seu jardim.
Ame, ou seja, aceite, valorize, respeite, dê afeto, ternura, admire e compreenda.
Simplesmente ame!

Sabes porquê?
Porque a inteligência, sem amor, te faz perverso;
A justiça, sem amor, te faz implacável;
A diplomacia, sem amor, te faz hipócrita;
O êxito, sem amor, te faz arrogante;
A riqueza, sem amor, te faz avarento;
A docilidade, sem amor te faz servil;
A pobreza, sem amor, te faz orgulhoso;
A beleza, sem amor, te faz ridículo;
A autoridade, sem amor, te faz tirano;
O trabalho, sem amor, te faz escravo;
A simplicidade, sem amor, te deprecia;
A política, sem amor, te deixa egoísta;
E a vida sem amor, não tem sentido.