domingo, 16 de junho de 2013

Imprevistos

Érima de Andrade

Essa semana foi a semana dos imprevistos.

E com três pessoas diferentes.

A primeira: uma professora de escola pública, que programou uma ida ao cinema com os alunos.

Quem é mãe de aluno, ou professora, sabe que essas coisas demandam tempo e organização. Os alunos precisam da autorização dos pais, a escola precisa reorganizar o calendário para que o conteúdo não seja prejudicado, os alunos precisam, mais que nunca, colaborar.

Todas as etapas cumpridas, chegam ao cinema e descobrem que não está mais passando o filme que haviam programado....

A segunda história é de uma senhorinha que acordou sentindo um calo na sola do pé. Tão incomodada estava que precisou ser atendida numa emergência.

A terceira aconteceu comigo: estava lavando a louça em casa e a pia caiu. Como aprendi depois, não foi a pia que caiu, foi a cuba da pia.

O que temos em comum além de nos vermos diante de fatos totalmente inesperados? Fomos em frente.

Como escreveu Martha Medeiros:“Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.”

Aceitamos o improvável na nossa realidade e fomos em frente.

Os alunos aproveitaram o passeio, fizeram um lanche e voltaram para escola para conversar sobre o que aconteceu.

A senhorinha, medicada, marcou uma consulta com o dermato e tratou de colocar em dia todos os compromissos.

Minha pia descolou mas não se soltou. Coloquei um balde para mante-la estável e liguei para o bombeiro hidráulico, que no dia seguinte passou aqui em casa para recoloca-la.

É um transtorno? É. Mas também é uma escolha: reclamar ou seguir em frente?

De um modo geral, nós gostamos de planejar. É tranquilizador fazer planos, organizar a agenda, perceber que vai dar tempo de fazer tudo. A vida organizada é uma tranquilidade.

Mas a vida não acontece sempre como nós queremos. O que fazer? Como lidar com imprevistos? E se os imprevistos não puderem ser contornados? Como lidar com uma mudança definitiva que você não escolheu?

Nós podemos escolher como agir quando os imprevistos acontecem. Podemos escolher fingir que nada aconteceu, negar a existência do problema. Podemos ignorar o que estamos sentindo, ignorar a nova realidade, alimentar uma louca esperança de que tudo vai se realizar conforme o planejado, como se nada tivesse mudado e tudo dependesse exclusivamente da nossa atuação.

Essa escolha faz com que soframos ainda mais, nos mantém agarrados a uma visão distorcida dos fatos, presos numa teia de sofrimentos e mentiras.

Também podemos escolher viver as emoções associadas ao acontecimento e contornar o obstáculo, mesmo que isso implique algum tempo e muita energia. Essa é uma escolha que nos mantém do controle da situação, e só é possível quando estamos bem com nosso interior.

Autoconfiança e autoestima podem dizer muito sobre como as pessoas são capazes de enfrentar desafios e lidar com frustrações. As pessoas com autoestima elevada tendem a ser mais seguras, têm mais energia, motivação e iniciativa. Enxergam situações novas como desafios e não ameaças.

Estudos indicam que pessoas que se sentem bem em relação a si mesmas têm menos insônia, são mais persistentes e, em geral, mais felizes. Já aquelas que se sentem aquém de suas esperanças são mais vulneráveis à depressão e ansiedade”, explica Lilian Pisani Leite.

Mas, de onde vem e como fortalecer a autoconfiança e a autoestima?

Se observando, se conhecendo, se respeitando. Se conhecendo e respeitando quem você é menos conflitos internos você tem, e melhor você irá se relacionar com os imprevistos e as mudanças. Esse é um exercício contínuo para alimentar sua autoestima, sua autoconfiança, e depende apenas de você e da sua atenção.

A viagem ao autoconhecimento é feita aos poucos de maneira ilimitada, com persistência, assiduidade e paciência.

E ela é uma escolha.



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