quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Eu sou diferente de você.

Érima de Andrade

Isso significa que um de nós dois está errado?
Não. Significa apenas que somos diferentes.

Se é só isso, por que na maioria das vezes optamos por considerar que o outro que pensa, age e sente diferente de nós, está errado?

E se antes de considerar o outro errado, você partisse da premissa de que ele também está certo, o que mudaria na sua vida?

Outro dia, numa novela da Globo, vi o personagem do Edney Giovenazzi explicar para um outro personagem que o grande paradoxo da humanidade, é que não vivemos sem segurança e liberdade. E que, no entanto, essas duas condições se excluem: quanto mais liberdade, menos segurança, quanto mais segurança, menos liberdade.

Ter a liberdade de ser diferente e singular tem seu preço. Você pode não ser compreendido, e se sentir perdido e abandonado. Por outro lado, agir sempre de maneira a garantir a segurança da aceitação, a sensação boa de ter com quem contar, sem espaço para reflexão, crítica ou experimentação, limita a sua liberdade individual.

Segurança sem liberdade equivale à escravidão, que mais cedo ou mais tarde, despertará em você a sede de liberdade, numa tentativa eterna de conseguir o equilíbrio entre essas duas condições.

Lembro que quando ainda era aluna da Escola de Belas Artes, UFRJ, um professor um dia, reuniu alunos e funcionários da oficina de marcenaria da escola, para prestar uma homenagem. Ele queria agradecer aos profissionais por acreditarem no sonho de todo e qualquer aluno, e fazer o que fosse possível para que o projeto tomasse forma. Qualquer coisa que inventássemos, eles estavam dispostos a nos ajudar a buscar soluções, para que aquilo saísse do papel. Tinha até uma prateleira com projetos AINDA sem solução, por que acreditavam que uma ideia que surgisse num trabalho, poderia servir de solução para um daqueles inacabados. Nada era considerado impossível, apenas a solução ainda não tinha sido encontrada.

Confesso que gostei do discurso, me emocionei com a emoção dos profissionais pegos de surpresa, e com a gratidão do professor. Mas só anos depois entendi realmente como eles eram especiais e diferentes.

Ao longo da vida fui encontrando mais quem dissesse “isso não pode ser feito”; “desse jeito não serve”; “nunca foi tentado antes é melhor não fazer”, e outras variações de recusas a uma nova ideia, do que alguém disposto a tentar o novo. São pessoas optando pela segurança, talvez assustadas com a liberdade, que consideraram errado o que era diferente.

E por ter gente que arrisca a segurança em nome da liberdade, é que vamos aprendendo, progredindo e evoluindo.

E se você decidir ver tudo a partir de agora de uma nova maneira? Como seria?

Já dizia Einstein: A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”

Vamos tentar?

2 comentários:

  1. O personagem da novela leu Bauman?? A questão segurança/liberdade é um tema bem desenvolvido por ele. Bjs

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    1. Não sei Caroline... Ele foi tão direto e esclarecedor, que não sai atras da fonte. Bjs

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