Trecho
retirado do livro Histórias que Curam, escrito por Rachel Naomi
Remen:
“Imagino
que o modo mais básico e eficaz de conectar-se com outra pessoa seja
ouvindo. Apenas ouvindo. Talvez a coisa mais importante que damos uns
aos outros seja nossa atenção. E especialmente se ela for dada de
coração. Quando as pessoas estão falando, não é preciso fazer
nada alem de recebe-las. Simplesmente as acolha. Ouça o que estão
dizendo. Importe-se com isso. Na maioria das vezes, importar-se é
até mais importante do que entender. Muitos de nós não nos
valorizamos ou nos amamos o suficiente para fazer isso. Demorei muito
tempo para crer no poder de dizer simplesmente “sinto muito”
quando alguém esta sofrendo. E dizer com sinceridade.
Uma
das minhas pacientes comentou que, quando tentava contar sua
história, as pessoas com frequência a interrompiam para dizer que
uma vez já lhe acontecera algo exatamente assim. De um modo sutil, a
dor daquela mulher transformava-se em uma história a respeito de si
mesma. Ela acabou parando de conversar com a maioria das pessoas. Era
solitário demais. Nós nos ligamos aos outros ouvindo. Quando
interrompemos o que alguém está dizendo para informar que
compreendemos, deslocamos o foco da atenção para nós mesmos.
Quando ouvimos, as pessoas ficam sabendo que nos importamos. Muitas
pessoas com câncer mencionaram o alívio de terem alguém para
ouvi-las.
Cheguei
até mesmo a aprender a responder a alguém que chora simplesmente
ouvindo. Antigamente eu costumava procurar lenços de papel, até o
dia em que percebi que passar os lenços para alguém podia ser
apenas mais um modo de fazer a pessoa fechar-se, de afasta-la de sua
experiência, de tristeza e dor. Agora eu só ouço. Depois de ela
ter chorado tudo o que precisava chorar, encontra-me ali, com ela.
Essa
coisa simples não foi assim tão fácil de aprender. Certamente,
chocou-se contra tudo o que me fora ensinado desde criança. Eu
pensava que as pessoas ouviam só porque eram tímidas demais para
falar ou não sabiam a resposta. Um silêncio afetuoso muitas vezes
tem maior poder de cura e de conexão do que as palavras mais
bem-intencionadas.” Rachel Naomi Remen
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