quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Perda/Luto

Érima de Andrade

Willy07/09/1995 – 28/08/2012

Ontem, Willy, meu gato de 16 anos, saiu feliz para o quintal e não voltou mais. Hoje o vizinho achou um gato morto na piscina dele, que pela descrição, era o Willy... Estranha despedida... Me deixa tranquila saber que ele estava feliz e que foi muito amado enquanto esteve conosco. Mas a perda, independente do tamanho dela, é sempre dolorida.

Estou considerando perda a separação de algo, ou alguém, que consideramos parte da nossa vida. E ao longo da vida teremos várias delas.

As perdas poderão ser por separações ou por privações. Nos separamos com o fim de um relacionamento, com a mudança de emprego ou de endereço, com o sumiço de um objeto ou de um animal de estimação, e também pela morte, a separação definitiva.

Também perdemos por privação, da liberdade, da saúde, e de todos os limites que a vida nos impõe, seja pelo envelhecimento, seja pela escolha de estilo de vida. Por exemplo, a perda/privação da privacidade quando se faz a escolha de ter uma vida publica.

Perder faz parte do ciclo normal da vida. Em cada conquista nossa há sempre uma perda e um ganho. Perdemos todas as vezes que progredimos, pois perdemos a situação conhecida e ganhamos a liberdade para enfrentar e conquistar novos relacionamentos, espaços e coisas. Aceitar as perdas, e dar continuidade à nossa vida, é o primeiro passo para conquistar a autonomia e nos tornarmos independentes.

Mas perder não é fácil. Apesar da natureza impermanente da vida, nos esforçamos para manter as coisas sempre como estão. Resistimos as mudanças por mais que sejam sinalizadas como mudanças para melhor. O apego faz parte do ser humano, um vínculo que se cria, um elo que nos prende a determinadas situações, coisas ou pessoas.

Explica Lucia de Belo Horizonte: “Os elos se formam pelo amor que temos às pessoas, aos animais, aos objetos e situações que consideramos parte de nós mesmos. Quando se rompem os elos reagimos e entramos no processo de enlutamento que tem 8 fases

1 - A primeira reação é o choque, o abalo que causa desespero, apatia ou agitação. 
2 - Em seguida, a reação é querer negar o fato, uma defesa psicológica que visa fortalecimento para dar continuidade à vida. 
3 - Aos poucos se adquire a noção da perda mas fica a dúvida se aceita ou não o fato.  
4 - E quando se aceita o fato, surge a revolta pelo acontecimento podendo até culpar outras pessoas e Deus.  
5 - Superada a revolta vem a tentativa da barganha, de ter de volta o que foi perdido.  
6 - E quando constata que não haverá retorno, vem a depressão, a tristeza cuja intensidade irá variar de acordo com o apego que se tem. 
7 - A penúltima fase é a aceitação, quando se percebe que não há mais nada a fazer. 
8 - A última fase do processo é quando percebe que, apesar da perda, a vida tem que continuar.

Quando passamos pela experiência de cada perda é natural passarmos por essas fases, permitindo senti-la profundamente. Se não o fizermos, esse sentimento ficará guardado podendo se manifestar em outras ocasiões do futuro ou na forma de uma doença. O sofrimento que advém das perdas precisa ser vivido, podendo variar segundo as crenças e valores de cada pessoa. Perder dói, mas é uma dor que tem cura. É preciso dar tempo ao tempo, pois o tempo é seu melhor remédio...”

Que o melhor, de cada situação,  sempre se manifeste.

2 comentários:

  1. Érima querida,lindas palavras. A perda dói demais mas suas palavras me trazem conforto. Obrigada. Mil beijos, Thaís .

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