Achei linda essa definição de intimidade dada pela Ana Jácomo:
"Intimidade é quando a vida da gente relaxa diante de outra vida e respira macio. Não há porque se defender de coisa alguma nem porque se esforçar para o que quer que seja. O coração pode espalhar os seus brinquedos. Cantar a música que cada instante compõe. Bordar cada encontro com as linhas do seu próprio novelo. Contar as paisagens que vê enquanto cria o caminho. Andar descalço, sem medo de ferir os pés."
E como é difícil a tal da intimidade! Como é difícil relaxar diante de outra vida. Para que a intimidade surja, é preciso confiar, conhecer, respeitar, aceitar e entender a si mesmo, e ao outro. Eis a grande dificuldade.
De modo geral, entramos nas relações com expectativas, esperamos que o outro seja a pessoa que imaginamos. Tão convictos estamos de ver no outro o que desejamos, que nem ao menos nos damos espaço para descobrir quem ele é. E de engano em engano, vamos nos distanciando.
Mundo a fora existe uma legião de fãs da série de televisão Friends, que retratava a amizade de 6 pessoas completamente diferentes umas das outras. E o mais legal da serie, ninguém tentava mudar ninguém. A intimidade entre eles, vinha do respeito e da aceitação das diferenças. Era gostoso de ver, e nem sempre fácil de seguir.
Para respeitar o outro, é preciso aceita-lo. Para aceita-lo, é preciso conhecê-lo. Para conhecê-lo, é preciso olhar para ele sem expectativas. Esse é o grande exercício para permitir a intimidade: descobrir quem é o outro em vez de tentar fazer que seja quem você quer.
E claro, só vai funcionar se você também se respeitar, se aceitar, se conhecer. Só assim você será verdadeiro. É impossível cultivar a intimidade se você não conseguir se olhar e ser verdadeiro consigo mesmo.
Ser verdadeiro é aceitar a responsabilidade pelo que você sente, é sair do papel de vitima, reconhecer que você está onde você se coloca. A intimidade está totalmente vinculada a verdade. E a verdade esta vinculada a responsabilidade por seus sentimentos, pensamentos e ações.
Sempre que tiver alguns minutos, se volte para você, para a sua consciência. Perceba o que está sentindo, o que está pensando, como está agindo. Assuma a responsabilidade por sua felicidade e por suas lembranças, torne-se íntimo de você.
Mantenha o que lhe faz bem, mude o que puder ser mudado, desapegue-se do que não serve mais. Siga o exemplo do Caio Fernando Abreu:
“Eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo o que eu ganhei com o tempo e que vento nenhum leva. Guardo as memórias que me trazem riso, as pessoas que tocaram minha alma e que, de alguma forma, me mudaram pra melhor.”
Tenha você também sua caixa mágica, com os brinquedos do seu coração, para serem compartilhados quando não precisar se defender de coisa alguma, nem se esforçar para o que quer que seja.
Que você possa ser íntimo.
Acompanho teu blog há um tempo. É como uma pílula mágica pra mim,que tomo e faz um bem danido. Sou de João Pessoa, encantadíssimo com tua profissão, batalhando por um mestrado e por uma vida mais digna pra cair de cabeça num profissional terapeuta que me faça me entender melhor.E vou conseguir isso! To nessa luta e tuas postagens me deixam mais e mais perto disso. Vim aqui deixar um afago, um agradecimento pelo farol que é seu blog. Um cheiro e um abraço arrochado de gratidão!
ResponderExcluirÍtalo F.
Que bom Ítalo, que de alguma maneira posso te ajudar. Gratidão por seu comentário. Um abraço, Érima
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