domingo, 3 de junho de 2012

A Vida e o Rio da Vida

Érima de Andrade

Rio da Vida - texto de Mauricio de Souza, publicado na revista Chico Bento. Vale a leitura.

“É ingraçado a gente vê cumé qui um rio nasce!
Às veiz, eu venho aqui na nascente do rio, im riba do morro, só pra bisservá!

É um fiozinho d’água!
Tão piquinininho...
...qui inté parece qui carece di proteção !

Mais ele vai descendo...
... divagarinho...
...morro abaxo!

Inté parece qui um riozinho ansim num vai ganhá força!
Crecê...
... ficá forte!

Mais ele continua!
I começa a mudá!

I a percebê a vida im vorta!

Pruque o riozinho vai ficando maior i mais rápido!
Como si ele tivesse aprendendo a vivê!

I a dispertá pra tudo o qui acontece im vorta!
I dentro dele!

Ele ganha força por ele mermo!

I começa a i mais rápido!

Cum mais força!

Sempre im frente!
Aprendendo...

... o mior caminho!

A passá pelas dificuldade!

I a vencê quarqué obstáculo!

Às veiz si infrenta correnteza...

... pra chegá a carmaria...

... i incontrá...

... outro riozinho!

Qui corre lado a lado!
Si aprochegando!
Como si quisesse si conhecê!

Inté si juntá...

... i si transformá num riozão!

Oia só! Parece qui nascero um pro outro!

Inté criam umas nascente...
... como si fosse fiotinho!

I o rio sempre vai im frente!
Ligeiro i cheio di vida!

Só qui, às veiz, dispois di tanto corrê...
... parece qui ele fica cansado...
... i perde um tanto daquela rapidez qui tinha!

Mais mermo ansim...

... ele inda tem força!
Mermo qui incontre muita pedra no caminho!

Num desiste!

Mais sabe...
... qui o distino...
...é mais forte!

Mais um rio nunca termina!
Ele recomeça!
Num si sabe donde!
Numa nuvem, num outro rio, o inté no oceano!

Carmo, grande i tranquilo!
Tar quar é a vida!

Num é?” Mauricio de Souza

Numa nuvem, num outro rio, no mar... sempre se renovando, como na vida.

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