quinta-feira, 21 de julho de 2011

Autoexigência

Érima de Andrade

A autoexigência parte do princípio que a perfeição é possível, que é possível satisfazer a todos, que nunca irá nos faltar talento, criatividade, disposição para produzir... É uma prisão.

Imagina o sofrimento de quem acredita que precisa sempre corresponder a uma presumível excelência. Vive num sufoco comportamental capaz de levar a exaustão com facilidade. O perfeccionista age como o “general de si mesmo”, com dificuldade para delegar e relaxar.

“Pela saúde, há que se conviver com insucessos em razoável aceitação.” Luiz Alca de Sant’Anna


Ninguém é perfeito, todos temos insucessos, fracassos e fases de mediocridade. É um traço comum da nossa humanidade, somos imperfeitos: nossa perfeição está em sermos imperfeitos.

“Ser escravo da perfeição, principalmente a da mídia, é um atestado de burrice. Trata-se de uma condenação à angústia de não atingir seu objetivo. Entretanto, abandonar totalmente a idéia da perfeição pode nos tornar medíocres. A saída está no meio termo, na consciência de que jamais seremos perfeitos, mas que podemos ser excelentes, e mesmo assim, não em tudo, apenas naquilo que escolhermos ser. Precisamos ter algumas utopias, isso é saudável.” explica Eugênio Mussak.

Nós temos defeitos e qualidades, e podemos sempre melhorar, é a nossa singularidade que nos torna pessoas especiais e não a tal da perfeição. Precisamos compreender humildemente que não podemos tudo e que mesmo as pessoas mais positivas passam por duros golpes. O que as mantém positivas é a capacidade de resiliência, ou seja, a capacidade de se recuperar das frustrações, de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão das situações adversas. E resiliência pode ser ativada e desenvolvida.

Vera Placco conceitua a resiliência como sendo: “a capacidade do indivíduo de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante desses desafios e circunstâncias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio dinâmico durante e após os embates – um aspecto que ativado e desenvolvido, possibilita ao individuo superar-se e às pressões de seu mundo, desenvolver um autoconceito realista, autoconfiança e um senso de autoproteção que considera a abertura ao novo, à mudança, ao outro e à realidade subjacente.”

Em qualquer adversidade, e elas vão acontecer, pois não temos controle sobre todas as alternativas possíveis, temos sempre duas escolhas: ficar se lamentando pelos cantos ou reagir, compreendendo a perda/dificuldade/insucesso/fracasso como um processo necessário de aprendizado.

É preciso coragem para reconhecer nossas imperfeições, mas só assim é possível descobrir onde podemos melhorar e crescer, sem esse reconhecimento, não há mudança.

“A transformação não é uma necessidade... é um fato. Você pode escolher fazê-la por livre arbítrio ou ser atropelado por ela” diz Heloisa Capelas

Aceitação da nossa imperfeição é o primeiro passo para essa transformação.

“Para respeitar como sou, é preciso aceitar quem sou, e para aceitar, preciso conhecer quem sou.” Eliana Rita Guimarães

À medida que você toma consciência da sua singularidade e do quanto você é especial, você passa a dar valor ao que você pode alcançar e ao que você já conquistou, a valorizar o que você tem, ao invés de ficar desejando o que no momento você não se pode ter. E a vida fica bem mais fácil sem essa cobrança.

Como diz Martha Medeiros: “Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado. Não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.”

E fazer sempre o melhor possível, é o que está ao nosso alcance.

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