domingo, 12 de junho de 2011

Desiderata

Érima de Andrade

(em latim: "coisas desejadas", aquilo que se deseja, aspiração; plural de desideratum)

Siga tranquilamente o seu caminho, entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz no silêncio. Tanto quanto possível, sem se humilhar, viva em harmonia com todos que o cercam.

Diga a sua verdade quieta e claramente, e ouça os outros, mesmo os insensatos e ignorantes. Eles também têm uma estória a contar.

Evite as pessoas ruidosas e agressivas. Elas são tormentos para o espírito.

Se você se comparar aos outros, você se tornará ora vaidoso, ora amargo, pois haverá sempre alguém superior e alguém inferior a você.

Goze tanto as suas realizações quanto os seus sonhos. Mantenha-se interessado naquilo que você faz, por mais humilde que seja. Aquilo que você faz é algo que você realmente possui, num tempo em que tudo muda sem parar.

Pratique a prudência nos seus assuntos comerciais, pois o mundo está cheio de trapaças. Mas não deixe que isto o faça cego para as virtudes que existem. Muitas pessoas se esforçam por altos ideais, por toda parte a vida está cheia de heroísmo.

Seja você mesmo. Não finja afeição. E nem seja cínico acerca do amor. A despeito da aridez e do desencanto, ele renasce tão teimosamente quanto a relva.

Aceite com elegância o conselho dos anos, deixando graciosamente para trás os prazeres da juventude. Crie força de espírito para proteger-se na desgraça repentina. Não se aflija, porém, com coisas imaginadas. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão.

Tenha uma disciplina saudável, mas seja gentil para consigo mesmo. Você é um filho do universo, tanto quanto as árvores e as estrelas. Você tem o direito de estar aqui. E, quer você saiba disto ou não, o fato é que o universo caminha como deve. Por isto, esteja em paz com Deus, não importa como você pensa que ele é.

A despeito da barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com a sua alma.

Com todos os seus enganos, labutas e sonhos não realizados, este continua a ser um belo mundo. Cuide-se. Esforce-se por ser feliz...”

Max Ehrmann (1872-1945) in 1927

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