domingo, 1 de setembro de 2013

Gente chata

Érima de Andrade

Li um artigo da revista Personare sobre gente chata. Nele, a autora Celia Lima, afirma que: Você se torna uma pessoa chata quando: quer ser sempre o centro das atenções; elege um assunto e fala nele o tempo todo; fala o tempo todo, sem dar chance para o diálogo; faz críticas a tudo, só reclama da vida e das pessoas.”

Eu concordo com ela. Alguém que quer ser sempre o centro das atenções é muito cansativo... Pense em alguém que quer estar sempre no centro da foto, no centro da conversa, no centro do trabalho. É claro que existem momentos que somos o assunto e com isso o centro das atenções. Mas a pessoas chatas querem ser o centro sempre, seja numa reunião de amigos, seja no trabalho, seja em família. Cansa...

Tem mais chato do que alguém que elege um assunto e fala dele o tempo todo? Tenta, de todas as formas, e em todas as ocasiões, convencer você do seu ponto de vista a respeito de um tema, seja ele futebol, religião, amizades, casamento, filhos, netos, política, etc.

É só lembrar como você se sente quando alguém quer fazer você gostar do ídolo dele. Haja... Eu tenho um amigo que insiste em me fazer gostar de cerveja. E sempre dá um jeito de tocar no assunto, como se não gostar de cerveja fosse um defeito. Agora imagina isso em relação a um time de futebol? Ou a um esporte? Ou alguém que acha que tem por missão converter você a alguma religião... tenho que concordar com a Celia Lima, é muito chato.

Mas também é muito chata aquela pessoa que fala o tempo todo sem dar chance para o diálogo. Você tenta concordar, discordar, acrescentar, e nada. Ela nem ouve o que você fala e nem percebe o que você faz. As vezes, você tenta cortar a conversa, se mexendo, se afastando, mas ela vai atrás. Normalmente as pessoas que são, ou estão chatas, não olham para seu comportamento, não se percebem. Estão tão absorvidas no seu universo que são incapazes de notar como os outros reagem à sua presença. E quem fala o tempo todo sem dar chance para o diálogo, está vivendo esse momento.

Por fim, é muito chato quem faz críticas a tudo, só reclama da vida e das pessoas. Coisas ruins acontecem com todo mundo. O que difere uma pessoa da outra é o que ela faz com o que lhe acontece. E os chatos, escolhem tornar tudo que é ruim um assunto. Tem alguma coisa que não vai bem? Ele comenta. Tem alguma situação delicada? Ele torna o assunto central. Alguma coisa não deu certo? Ele já sabia e faz questão de desqualificar quem tentou.

Podem se tornar chatos desagradáveis, inconvenientes ou agressivos. Celia Lima explica:

Chato desagradável - faz comentários antipáticos, do tipo reparar na pele ressecada, no cabelo sem brilho, nos quilos a mais, etc. Sempre fala alto e sem senso de discrição.

Chato inconveniente - pergunta sobre questões de saúde ou sobre um problema particular, porque quer se sentir íntimo, quer mostrar que tem determinada informação sobre o outro.

Chato agressivo - chega desqualificando (na "brincadeira") suas roupas, suas opiniões ou qualquer outra característica alheia. Diferente do chato desagradável, este tipo faz comentários mais ofensivos, como por exemplo: "e então, já abandonou aquela sua ideia idiota de abrir uma loja?".”

Mas para Celia Lima também existem os chatos simpáticos, insistentes e sabe-tudo:

Chato simpático - está sempre sorrindo e concorda com tudo, repetindo o que já foi dito, pois pensa que assim será aceito por determinado grupo.

Chato insistente - faz sempre as mesmas perguntas, sugere sempre as mesmas coisas e faz questão de reavivar um determinado assunto. Este tipo gosta de continuar insistindo na mesma opinião, que normalmente é contrária à sua.

Chato sabe-tudo - costuma dizer o que você "tem que" fazer. Usa frases do tipo: "você tem que mudar de emprego", "você tem que namorar", "você tem que ir ao meu dentista", "você tem que mudar seu jeito de se vestir". Este tipo acha que é ótimo para administrar sua vida.”

A boa notícia de tudo isso, é que é possível deixar de ser chato. Por trás de um chato existe uma pessoa que tem dificuldade de olhar para si mesma e ser autocrítica. Saiba que a ansiedade, a dificuldade de aceitar as diferenças entre as pessoas e seus pontos de vista, uma leve depressão, o inconformismo e a baixa autoestima, podem estar por trás de uma falação sem fim e de comportamentos inadequados.

Também pode ser gente que está passando por um período difícil ou foi aos poucos cristalizando seu jeito de ser como forma de defesa.

Como sair disso? Com autoconhecimento. Com consciência você descobre o fio da meada, a razão pela qual passou a ter um comportamento que o tornou uma pessoa chata e resolve essa questão na causa. De acordo com a neurociência, o cérebro humano tem capacidade ilimitada de absorver novos aprendizados. Por isso, não existe idade ou tempo para iniciar as transformações pessoais a que você se propõe. A partir do autoconhecimento, você poderá reciclar os comportamentos que deseja e desenvolver novas formas, mais positivas, de se relacionar consigo mesmo e com o mundo ao redor. Aos poucos, você consegue reconstruir suas relações em bases mais equilibradas.


Quer conversar sobre isso? Estou a disposição.

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