Érima de Andrade
Oito ou oitenta; nem
tanto ao mar, nem tanto a terra; ou preto ou branco e tantas outras
expressões que usamos para falar de pessoas, ou situações, que são
de extremos.
Pessoas extremas são
fixadas num comportamento. E se por uma lado isso nos dá a certeza
de saber sempre como ela vai agir, por outro engessa as relações e
o amadurecimento, a cumplicidade, o crescimento, o jogo de cintura,
não aparecem.
Talvez você imagine
que se relacionar com alguém assim pode ser até tranquilo, uma vez
que a instabilidade, ou a insegurança, não vão lhe surpreender.
Mas a que preço essa convivência se mantém? E o aprendizado, onde
fica?
Lembre-se
há uma enorme diferença entre ser uma pessoa equilibrada, que segue
o caminho do meio, e ser uma pessoa tensa, inflexível, cheia de
regras e pronta para criticar o que não se encaixa em sua suposta
perfeição. Poucas situações são mais cansativas do que conviver
com alguém assim.
Estou
falando de pessoas inflexíveis, pessoas que tendem a ser, inclusive,
pessimistas, pessoas que estão na maior parte do tempo, com cara
feia, mau-humor e raiva. Elas também buscam a felicidade, mas o que
encontram é a disputa de poder,
insegurança,
mentiras, ofensas, discussões intermináveis e repetitivas. Para
essas pessoas, tudo é motivo de desconfiança, nada se encaixa no
que chamam de perfeição.
Você
se encaixa nessa descrição? Você é alguém inflexível? Quer sair
disso?
O
caminho é pelo autoconhecimento. Observe-se e procure perceber o que
é que lhe desestabiliza. O que faz você ficar irritado? O que lhe
tira dos eixos? O que lhe faz mal? Como você funciona?
Primeiro
descubra como você é e depois crie alternativas. Aprenda a lidar
com suas limitações criando opções, outros caminhos, outras
formas de se relacionar.
Como
anda o seu humor? Você consegue rir de você? Você pode rir de si
mesmo, da sua impaciência e da sua chatice? Pode se olhar e falar:
olha eu de novo querendo ser o dono do mundo... e rir da sua brabeza?
Observe
sua raiva e seu mau-humor e dê um basta nessa situação. Dê um
basta divertindo-se, usando o seu humor a seu favor. Ria de si mesmo,
da sua impaciência e da sua chatice.
O
jeito é um só: divirta-se tanto quanto possível!
Respeitando
quem você é, busque formas mais eficientes de transformar a crise
em oportunidades, formas mais eficientes de ser mais leve e mais
alinhado com a sua felicidade.
Estamos
todos num processo de aprendizado, nem você, nem eu, atingimos a
perfeição. Então perdoe-se por não ser perfeito e crie novas
maneiras de aprender e se relacionar com sua imperfeição, e com seu
crescimento.
Foque
no que tem de bom, foque na solução, foque no seu objetivo de vida
e seja feliz. Porque, no final das contas, não há coração que
aguente, literalmente, uma vida sem risos, sem diversão, sem emoção.
“E
sendo assim, está tudo certo! (…) que jamais -jamais!- nos
conformemos com a crença de que a vida é dura, triste e difícil. ”
Rosana Braga
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