quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Meus avós

Érima de Andrade

Meus avós moravam no 6° andar do prédio mais alto da rua. Quando eu tinha em torno de 5 anos, num fim de tarde, fiquei parada olhando fixamente para o céu, pela janela da sala.

Como eu não era do tipo de criança que ficava parada, a cena chamou atenção da minha avó, que quis saber o que eu tanto olhava. Eu expliquei:

  • Está vendo aquela nuvem cor de rosa no céu? É lá que eu morava. - E completei - Desci da nuvem naquele morro e fui andando até a casa dos meus pais para morar com eles.

Nunca esqueci dessa cena. Primeiro porque até hoje nuvens cor de rosa, no cair da tarde, me emocionam; segundo porque minha avó contou tantas vezes essa história que ficou impossível esquecer.

Impressionante como certas conversas marcam a nossa vida para sempre...

Com meu avô, nessa mesma época, aconteceu também um fato interessante. Enquanto chupava uma laranja, engasguei e engoli um caroço. Fiquei muito aflita com a sensação. Para me acalmar, meu avô explicou que eu não deveria me preocupar, “as sementes ajudam a crescer”, disse ele. “Elas formam um arvorezinha dentro de você, e assim você vai crescendo” (sic).

Explicação dada, explicação totalmente aceita! Fazia o maior sentindo!

Dali em diante, sempre que chegava uma visita na minha casa e comentava com meus pais, “nossa como cresceu”, se referindo a um dos meus irmãos, sem me colocar na história, eu tratava de engolir mais caroço! Claro que isso era um sinal! Eu precisava fortalecer a minha árvore! E eu passei a engolir todos os caroços de todas as frutas.

Fico pensando, quais conversas se tornaram inesquecíveis para os meus filhos? E como será que meus futuros netos vão se lembrar de mim?


Você tem alguma lembrança que quer dividir aqui no blog?

Um comentário:

  1. Nunca tinha escutado estas Histórias. Gostei de conhecê-las!!! Bjks

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