domingo, 25 de agosto de 2013

Perdoar

Érima de Andrade

Perdoar não é um substantivo. Perdoar é um verbo que precisa ser conjugado. É um caminho: eu vou perdoando.

Perdoar é a arte de fazer as pazes quando algo não acontece como queríamos. E coisas ruins, que dão errado, que nos decepcionam, nos fazem sofrer, acontecem com todo mundo. Não podemos escapar de todos os males, mas podemos perdoar. O perdão implica que se pode ficar em paz mesmo tendo sofrido um mal.

Perdoar é uma escolha, é um ato que a gente faz e não necessariamente algo que a gente sente, é um processo e pode ser praticado.

Perdoar não implica numa volta a um relacionamento normal com a pessoa perdoada. Ás vezes, o perdão implica em reconciliar um relacionamento, e outras vezes, em abrir mão desse relacionamento.

Perdoar reduz o estresse que vem de pensar em algo doloroso, mas que não pode ser mudado.

O perdão reconhece o mal, mas permite que o prejudicado leve a vida em frente. O perdão não elimina o fato, apenas o torna menos importante.

O que diferencia uma pessoa de outra é a reação que cada um tem ao que lhe acontece, e você pode escolher guardar rancor, e com isso ficar com a mente ocupada por lembranças amargas, ou por planos de vingança. Ou pode escolher seguir em frente, remover os obstáculos, perdoar.

Pode acontecer de você perdoar um dia, e depois sentir raiva ao encontrar-se com quem lhe machucou muitos anos depois de ter perdoado.
E isso é normal. Esse sentimento somente indica que a ferida causada pela ofensa ainda não sarou completamente. Olhe de novo, perdoe, perdoe até se sentir livre, é um caminho, precisa ser percorrido, não acontece de imediato. Se perdoe também por isso.

Somos uma usina geradora de energia, atraímos aquilo que geramos. Se estou gerando insegurança, por exemplo, atraio pessoas que me deixam mais insegura, e isso gera mágoa. Se eu não tenho o exercício do perdão, me torno uma pessoa acumuladora de mágoas. Às vezes mágoas muito antigas, lá da infância, como por exemplo, aquele castigo que você sentiu como indevido, ou aquela vez que você se sentiu preterido, não visto, ou ainda, aquela bronca que você levou e se sentiu injustiçado. Isso construiu nosso jeito de ser, a nossa personalidade.

Se hoje você está num relacionamento amoroso, com certeza você já magoou e já se sentiu magoado. E essa mágoa é similar a mágoa que você traz da infância, e a sua criança emocional se ressente pelo que está acontecendo agora e por todas as mágoas que ela acumulou ao longo da vida.

Por isso o exercício do perdão é tão importante. O perdão é um processo mental, e espiritual, de cessar o sentimento de ressentimento, ou raiva, contra outra pessoa, ou contra si mesmo. O perdão é a experiência interior de recuperar a paz e o bem-estar. O perdão vem da sua inteligência espiritual e para chegar ao perdão é preciso percorrer o caminho da compreensão e da compaixão.

Compaixão é um profundo pesar pelo sofrimento do outro acompanhado por um sincero desejo de aliviar a sua dor e remover a causa do sofrimento.

Perdão é um caminho, é preciso olhar para trás e compreender. Se eu olhar para trás emocionalmente regredida, vou ficar com mais raiva. Mas como adulta, posso compreender que fizeram o melhor que puderam e posso escolher perdoar.

É preciso olhar para trás e entender que o outro, nossos pais e todas as pessoas, como nós, se transformaram nas pessoas que se transformaram, na infância. Olhando podemos sentir compaixão. Quando nos damos conta que estamos no mesmo nível de dor que o outro, posso compreender e perdoar.

Perdoar é uma questão de inteligência, de inteligência espiritual, de compreender que as pessoas não magoam por que querem, magoam poque não podem fazer diferente.

Procure onde está o link da mágoa com a infância, olhe para trás, perdoe, limpe seu coração, expresse o seu amor e siga em frente.

O que você está precisando perdoar hoje?

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