quinta-feira, 11 de julho de 2013

Resistência e Síndrome do Amor negativo

Érima de Andrade

A primeira etapa a ser vencida numa terapia é a resistência. Resistência é sempre medo da dor. De modo geral, as pessoas buscam uma terapia para aprender a lidar com uma dor específica. Mesmo assim, elas passam por um período de resistência.

Resistência aqui, é o termo criado por Freud para designar a resistência que o cliente apresenta em relação ao próprio tratamento. Para a psicanálise, resistência designa tudo o que se opõe ao acesso do cliente ao seu inconsciente. Apesar da origem psicanalítica, o termo também é utilizado por outras correntes psicoterapêuticas, sendo resistência tudo aquilo que atrapalha a continuidade do trabalho terapêutico. Em qualquer caminho terapêutico, será preciso
buscar uma compreensão dos mecanismos mentais que alimentam a resistência.

Psicanálise é um método de compreensão e intervenção nos fenômenos psicológicos. Mas existem outros. Bob Hoffman, por exemplo, criou o método chamado Processo Hoffman da Quadrinidade, e para ele, a resistência impede que se acesse, no inconsciente, a nossa dor básica que é se sentir indigno de ser amado. Bob Hoffman chamou essa dor de Síndrome do Amor Negativo. O amor negativo nada mais é do que o estado de se sentir indigno de ser amado, e o resultado é a culpa, o sentimento de não ser amado e de não poder dar amor livremente.

Pelo método Hoffman, a Síndrome do Amor Negativo é a origem da falta de auto-estima e de problemas emocionais como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outros. O problema tem início quando as pessoas adotam comportamentos, atitudes e traços negativos de seus pais, na esperança de que eles as aceitem e as amem incondicionalmente. Adotamos esse traços na infância, mas as consequências surgem na vida adulta, quando continuamos a usar esses traços de forma inconsciente e compulsiva. Essa é a nossa dor raiz, e contra a descoberta/confirmação de que não fomos incondicionalmente amados, que criamos resistência.

Na infância copiamos todos os traços e comportamentos dos nossos pais, na esperança de que se fossemos igualzinho a eles seriamos amados. Internalizamos esses comportamentos, tanto os positivos como os negativos, e mesmo não gostando frequentemente nos observamos agindo exatamente igual. “Eu odiava quando ele (ou ela) fazia isso, e agora eu estou aqui fazendo o mesmo”.... Essa é a síndrome, nos tornamos compulsivos e automáticos na repetição dos traços dos nossos pais na esperança ainda hoje, de sermos aceitos como somos.

A síndrome é poderosa e todos nós somos afetados por ela todos os dias, em um nível pessoal e coletivo. Por exemplo, se a crítica é um traço que você adotou dos seus pais, ou pais substitutos, você pode ser uma pessoa autocrítica, ser crítico com os outros ou criar situações em que os outros sejam críticos com você. É assim que os traços adotados atuam na Síndrome do Amor Negativo.

Seus pais fizeram o melhor, e se você está vivo hoje, pode apostar que você recebeu um amor de muita qualidade, mesmo não sendo o amor incondicional que você precisava. Quando não é o amor incondicional, é amor negativo. Mas, segundo Bob Hoffman, existe solução, e um caminho para nos livrarmos do amor negativo: o perdão. Somente quando formos capazes de perdoar nossos pais, poderemos então nos perdoar por sermos iguais a eles, e nos amar verdadeiramente.

Mas não pode ser um perdão da boca para fora, é preciso perdoar experimental, emocional e intelectualmente. É preciso chegar a um profundo senso de compreensão, sem condenação. É preciso que haja aceitação pelas crianças que nossos pais foram um dia. Só então poderemos aceitar e amar os adultos que eles se tornaram, poderemos amá-los por quem são, sem expectativas irreais. E aí, seremos livres para amar plenamente, livres para sermos nós mesmos.

Seus pais deram o amor possível, o amor que receberam. Não falta nada em você. Seu eu real positivo sempre esteve aí. Infelizmente, devido a infância que seus pais tiverem, eles não souberam como fortalecer sua essência perfeita. Eles mesmos não tiveram suas essências fortalecidas, nunca aprenderam a honrar, respeitar e amar a eles mesmos, então, como nos poderiam dar o que nunca tiveram? Fossem eles capazes de honrar suas essências, teriam honrado as nossas e teríamos sido nutridos de amor e criados com um profundo senso de segurança interior. Mas isso não aconteceu.

Agora você pode escolher vencer a resistência, encarar a sua dor e se livrar do amor negativo. Haverá sempre esperança de que a vida possa ser vivida em paz amorosa no presente e no futuro. Repito, é preciso encontrar compreensão sem condenação por seus pais, compaixão pela infância que eles tiverem, perdão pelo que fizeram com você e por tudo que você fez a eles, aceitação total deles por quem e o que foram e são hoje em dia.

Não há meta ou conquista mais valiosa na vida do que acabar com o eterno e perene tagarelar negativo em nossas cabeças e encontrar paz interna.” Bob Hoffman

Mas você não precisa fazer esse caminho sozinho, você pode ter ajuda. Vamos conversar sobre isso?

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