Érima de Andrade
A
primeira etapa a ser vencida numa terapia é a resistência.
Resistência é sempre medo da dor. De modo geral, as pessoas buscam
uma terapia para aprender a lidar com uma dor específica. Mesmo
assim, elas passam por um período de resistência.
Resistência aqui, é o termo criado por Freud para designar a resistência que o cliente apresenta em relação ao próprio tratamento. Para a psicanálise, resistência designa tudo o que se opõe ao acesso do cliente ao seu inconsciente. Apesar da origem psicanalítica, o termo também é utilizado por outras correntes psicoterapêuticas, sendo resistência tudo aquilo que atrapalha a continuidade do trabalho terapêutico. Em qualquer caminho terapêutico, será preciso buscar uma compreensão dos mecanismos mentais que alimentam a resistência.
Psicanálise
é um método de compreensão e intervenção nos fenômenos
psicológicos. Mas existem outros. Bob Hoffman, por exemplo, criou o
método chamado Processo Hoffman da Quadrinidade, e para ele, a
resistência impede que se acesse, no inconsciente, a nossa dor
básica que é se sentir indigno de ser amado. Bob Hoffman chamou
essa dor de Síndrome do Amor Negativo. O amor negativo nada mais é
do que o estado de se sentir indigno de ser amado, e
o resultado é a culpa, o sentimento de não ser amado e de não
poder dar amor livremente.
Pelo
método Hoffman, a Síndrome do Amor Negativo é a origem da falta de
auto-estima e de problemas emocionais como depressão, ansiedade,
síndrome do pânico e outros. O problema tem início quando as
pessoas adotam comportamentos, atitudes e traços negativos de seus
pais, na esperança de que eles as aceitem e as amem
incondicionalmente. Adotamos esse traços na infância, mas as
consequências surgem na vida adulta, quando continuamos a usar esses
traços de forma inconsciente e compulsiva. Essa é a nossa dor raiz,
e contra a descoberta/confirmação de que não fomos
incondicionalmente amados, que criamos resistência.
Na
infância copiamos todos os traços e comportamentos dos nossos pais,
na esperança de que se fossemos igualzinho a eles seriamos amados.
Internalizamos esses comportamentos, tanto os positivos como os
negativos, e mesmo não gostando frequentemente nos observamos agindo
exatamente igual. “Eu odiava
quando ele (ou ela) fazia isso, e agora eu estou aqui fazendo o
mesmo”.... Essa é a
síndrome, nos tornamos compulsivos e automáticos na repetição dos
traços dos nossos pais na esperança ainda hoje, de sermos aceitos
como somos.
A
síndrome é poderosa e todos nós somos afetados por ela todos os
dias, em um nível pessoal e coletivo. Por exemplo, se a crítica é
um traço que você adotou dos seus pais, ou pais substitutos, você
pode ser uma pessoa autocrítica, ser crítico com os outros ou criar
situações em que os outros sejam críticos com você. É assim que
os traços adotados atuam na Síndrome do Amor Negativo.
Seus
pais fizeram o melhor, e se você está vivo hoje, pode apostar que
você recebeu um amor de muita qualidade, mesmo não sendo o amor
incondicional que você precisava. Quando não é o amor
incondicional, é amor negativo. Mas, segundo Bob Hoffman, existe
solução, e um caminho para nos livrarmos do amor negativo: o
perdão. Somente quando formos capazes de perdoar nossos pais,
poderemos então nos perdoar por sermos iguais a eles, e nos amar
verdadeiramente.
Mas
não pode ser um perdão da boca para fora, é preciso perdoar
experimental,
emocional
e intelectualmente. É preciso chegar a um profundo senso de
compreensão, sem condenação. É preciso que haja aceitação pelas
crianças que nossos pais foram um dia. Só então poderemos aceitar
e amar os adultos que eles se tornaram, poderemos amá-los por quem
são, sem expectativas irreais. E
aí, seremos livres para amar plenamente,
livres para sermos nós mesmos.
Seus
pais deram o amor possível, o amor que receberam. Não falta nada em
você. Seu eu real positivo sempre esteve aí. Infelizmente, devido a
infância que seus pais tiverem, eles não souberam como fortalecer
sua essência perfeita. Eles mesmos não tiveram suas essências
fortalecidas, nunca aprenderam a honrar, respeitar e amar a eles
mesmos, então, como nos poderiam dar o que nunca tiveram? Fossem
eles capazes de honrar suas essências, teriam honrado as nossas e
teríamos sido nutridos de amor e criados com um profundo senso de
segurança interior. Mas isso não aconteceu.
Agora
você pode escolher vencer a resistência, encarar a sua dor e se
livrar do amor negativo. Haverá sempre esperança de que a vida
possa ser vivida em paz amorosa no presente e no futuro. Repito, é
preciso encontrar compreensão sem condenação por seus pais,
compaixão pela infância que eles tiverem, perdão pelo que fizeram
com você e por tudo que você fez a eles, aceitação total deles
por quem e o que foram e são hoje em dia.
“Não
há meta ou conquista mais valiosa na vida do que acabar com o eterno
e perene tagarelar negativo em nossas cabeças e encontrar paz
interna.” Bob Hoffman
Mas
você não precisa fazer esse caminho sozinho, você pode ter ajuda.
Vamos conversar sobre isso?
Gostei
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