domingo, 21 de julho de 2013

Impossível

Érima de Andrade

E por não saber que era impossível, foi lá e fez.” Não sei quem é o autor dessa frase, eu a escutei como moral de uma história. Tentei achar a história no google, mas ele apenas me diz que “Ele não sabia que era impossível. Foi lá e fez.” foi escrita por Jean Cocteau.

A história era mais ou menos assim: havia um lugar, perto de uma floresta, onde os habitantes cultivavam flores. Nos arredores desse lugar havia uma montanha, e nela crescia a flor mais linda que se tinha notícias.

Um dia, o atleta mais ágil da região, tentou escalar a montanha para colher a flor e não conseguiu. Como ele era o mais ágil, todos tiveram certeza que, se ele não conseguiu, ninguém conseguiria. Essa certeza virou uma crença entre os moradores, que em poucos anos virou uma verdade absoluta naquele lugar, e ninguém mais tentou colher a flor, que passou a ser chamada de “flor impossível”.

As novas gerações nasceram, já sem saber por que a flor era impossível, mas respeitavam o aprendizado recebido dos mais velhos. E assim iam vivendo, admirando a flor de longe e sem tentar colhe-la.

Um dia chegou ao lugar um botânico muito respeitado por suas pesquisas. Ele trazia um espécime colhido nas redondezas e gostaria de se reunir com os cultivadores do lugar para saber mais sobre essa espécie, tão especial e tão difícil de ser colhida.

Foi com muita surpresa que os habitantes do lugar viram a “flor impossível” assim tão perto. Mais surpreso ainda ficou o botânico com a surpresa da situação, que por não saber que era impossível, foi lá e fez...

Eu tenho pensado muito nessa frase, e nessa história. Quantas coisas estamos deixando de fazer por acreditar que é impossível?

Sem nenhum propósito específico, e meio sem querer, eu confesso, ensinei minha gata Cléo a responder quando é chamada. Ela pode estar em cima de uma árvore, ou no seu passeio diário pela vizinhança, ou ainda escondida num dos seus lugares preferidos, que é só chamar, que ela vem para junto de onde estou.

Amantes de cães me dizem que tenho uma gata que pensa que é cachorro, por isso responde. Que maldade... Explicam que gatos são independentes impossível de serem ensinados... então tá... impossível...

O que mais é impossível de ser feito? Será que suas crenças são mesmo fundamentadas na realidade ou você aprendeu desde cedo que é impossível?

Você sabe, todos nós somos a reunião dos nossos sentimentos, pensamentos, crenças e verdades, e expressamos isso com nosso corpo, com nossa atitude. Aprender a se expressar é um aprendizado da infância, o quê, com quem e quando expressar. Na vida adulta já temos esse aprendizado interiorizado.

Mas o que trazemos são as crenças dos nossos pais e cuidadores. São outros tempos, outra vida, outras relações, mas continuamos a nos expressar como nossos pais.

Tenho uma amiga muito querida, que aprendeu com a mãe, que mulher deve usar saia sempre com anágua. Fez sentido na vida da mãe, numa época de tecidos finos, as vezes quase transparente, e a anágua dava uma velada no corpo e volume ao vestido ou saia. Mas hoje é uma opção. Não para essa amiga, que usa anágua até com saia jeans. Ela nunca questionou seu aprendizado de infância, mas se tivesse se observado, sem julgar, apenas vendo o que faz, perceberia que existem ocasiões e ocasiões para usar a anágua.

Que crenças impedem seus novos aprendizados? Você se expressa a partir dos seus sentimentos ou das suas crenças? Harmonizar sua expressão vai lhe dar segurança para expressar alegria, gratidão, amor e até elogios. Quando me dou conta, posso fazer uma movimento para me transformar. O que você precisa transformar?


Que você esteja aberto a novos aprendizados.

Um comentário:

  1. Recebi de uma amiga por email: Parabéns amiga, lindo! Passo-lhe um historinha de minha juventude. Passou-se com o médico que atendia os pobres de Londres. Foi chamado para uma urgência numa mansarda gelada onde uma jovem estava em trabalho de parto que correu muito bem e nasceu um robusto bebê. O medico ficou impressionado com a serenidade da jovem durante o parto. Perguntou-lhe então, você não teve dores? ao que ela respondeu: era para ter?

    Este homem escreveu um livro famoso naquele tempo adotado por milhões de grávidas, inclusive eu: Parto sem Dor. Recorri a seus métodos e tive os filhos com facilidade e quase sem dor. Talvez não convenha aos senhores médicos divulgar seus métodos... querem manter a cultura do parto castigo aludido em Gênese, é rentável!

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