quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Amparando a vida

Érima de Andrade

Quando Michael contou ao pai que o bebê nascera antes da cesariana, o velho homem sorriu e balançou a cabeça.

-  Houve muito medo – disse-lhe o pai, em espanhol.

Ele ouvira falar dos temores da nora e percebeu que o filho sentia-se da mesma forma. Por isso, sabia que o bebê também estava com medo. Assim, sozinho na sala de espera, conversou mentalmente com o neto, encorajando-o a nascer.

Ele falou com o bebê sobre suas muitas lembranças da beleza da terra, do alvorecer, do pôr-do-sol, da nova colheita e da riqueza das safras. Disse ao neto que aguardava ansioso pelo momento de poder caminhar com ele sobre a terra, falou da bondade da vida, da amizade, do riso e do trabalho bem feito. Finalmente, falou sobre o seu amor pela família. Lembrou-se de seu próprio pai, no México, e da esposa, ambos mortos. Falou com o bebê sobre cada um dos irmãos de Michael, que seriam seus tios. Falou da bondade e da força de todos os seus filhos, do orgulho que sentia deles e das mulheres com quem se casaram. Lembrou antigos natais, aniversários e casamentos. Contou da alegria que sentiam pela felicidade uns dos outros. Ofereceu ao bebê o seu coração. E o bebê veio.

Nesses muitos anos, atendi vários partos como pediatra, orientadora, parente ou amiga. Algumas vezes, sugiro aos pais que, nesses momentos, falem com seus filhos que estão para nascer, mostrando-lhes imagens mentais da bondade do mundo, compartilhando com eles seu amor pela vida, fortalecendo-os e encorajando-os nessa passagem tão difícil.” Rachel Naomi Remen

É preciso muito tempo até que nos lembremos de que os bens preciosos que temos para dar não foram aprendidos nos livros e que a sabedoria de viver bem não é conferida aos que alcançam um alto nível nos estudos. Os verdadeiros professores estão em toda parte. Nossa vida será abençoada pelos outros muitas e muitas vezes até que, finalmente, consigamos nos lembrar de como nós mesmo podemos abençoá-la.” Rachel Naomi Remen

Abençoe todas as coisas que lhe transmitem sabedoria, pois elas irão se tornar parte de quem você é e vão aproximar você da vida. Os tibetanos reverenciam aqueles que lhes ensinaram a inestimável dádiva da sabedoria de viver bem. Talvez isso signifique reverenciar toda e qualquer vida – a formiga e a águia, o inimigo e o amigo, o parceiro, o parente, o filho. Todos eles nos oferecem a oportunidade de conhecer a nós mesmos e de conhecer a vida. A oportunidade de ampará-la. Isso vale para nossas vitórias e nossas derrotas, nossas doenças, nossas celebrações, nossas alegrias e nossas tristezas. Todas elas nos oferecem sabedoria. Que sejam todas abençoadas.” Rachel Naomi Remen


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