domingo, 29 de janeiro de 2012

Braille

Érima de Andrade

Louis  Braille, alguém que seguiu em frente apesar das dificuldades. É inspirador.  

 O Menino que Trouxe Luz ao Mundo da Escuridão de Willian J. Bennett

“Um  dia, um menino de  3 anos estava na  oficina do pai, vendo-o  fazer arreios e selas.  Quando crescesse, queria  ser igual ao pai. Tentando  imitá-lo, tomou um  instrumento pontudo e começou a bater numa  tira de couro. O  instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo.  

Logo mais, uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego. Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens foram gradualmente desaparecendo e ele não se lembrava mais das cores.

Aprendeu  a ajudar o pai  na oficina, trazendo  ferramentas e peças  de couro. Ia para  a escola e todos  se admiravam da sua  memória

De  verdade, ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler livros. Escrever cartas, como os seus colegas. 

Um  dia, ouviu falar de  uma escola para cegos.  Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai e se matriculou no instituto nacional para crianças cegas.  

Ali  havia livros com letras  grandes em relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. 

Logo  o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura  era muito demorado. A  impressão de tais volumes era muito cara. Em  pouco tempo o menino  tinha lido tudo que  havia na biblioteca.  

Queria mais. Como adorava música,  tornou-se estudante de  piano e violoncelo.  

O amor à música aguçou seu desejo pela leitura.  Queria ler também notas musicais. Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema.

Ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A  escrita noturna consistia  em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobreos  códigos,  ler sem  precisar de luz.  

Ora,  se os soldados podiam,  os cegos também podiam, pensou o  garoto. Procurou  o capitão Barbier que  lhe mostrou como funcionava  o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador, muito semelhante ao que cegara o pequeno. 

Noite  após noite e dia  após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. 

Suportou muita resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por água abaixo. 

Com  persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. Os meninos do instituto se interessavam.  À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para aprender.  

Finalmente, aos 20 anos de  idade, Louis  chegou a um alfabeto legível com combinações  variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e escrever música. A idéia acabou por encontrar aceitação. 

Semanas antes de morrer, no  leito do hospital, Louis disse a um amigo: 

"Tenho  certeza de que minha  missão na Terra terminou." 

Dois  dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu.  

Nos  anos seguintes à sua  morte, o método se  espalhou por vários  países. Finalmente,  foi aceito como o  método oficial de leitura e escrita para aqueles  que não enxergam. 

Assim,  os livros puderam fazer parte da vida dos  cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.” 


Louis Braille, 4 de Janeiro de 1809 / 6 de Janeiro de 1852.

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