quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Universos

Érima de Andrade

O avanço das comunicações me permitiu confirmar que convivemos com vários universos ao mesmo tempo. Ao contrário do que eu imaginava a princípio, a facilidade de comunicação não tornou esses universos conhecidos, apenas os colocou ao alcance da mão de quem os procurar.

E não falo de universos paralelos à realidade, como os filmes, os livros ou novelas. Falo do mundo “real”, dos vários universos que existem na minha realidade.

E também não estou falando de pessoas que vivem num mundo muito diferente do meu, cultura diferente, fuso horário diferente. Eles com certeza são um outro universo. Mas estou me referindo a pessoas do meu convívio, e que mesmo assim são pessoas que vivem num universo totalmente diferente do que eu estou vivendo.

Já aconteceu com você? Falar de um assunto, um jogo, um filme, um texto, um programa achando que “todo mundo” sabia do que se tratava? E acabou descobrindo que o “mundo” tem outras prioridades e interesses?

Aquele evento que era imperdível para mim e alguns amigos, é totalmente desconhecido, ou indiferente, para um outro grupo de pessoas. Da mesma maneira que desconheço o que para algumas amigas é super importante nesse momento.

Por exemplo, tenho convivido com pessoas que estão vivendo, ou prestes a entrar, no universo dos recém-nascidos. Algumas como mães, outras como avós, e mesmo elas, que tem em comum os recém-nascidos, vivem em universos diferentes.

A possibilidade de conviver com um recém-nascido pela primeira vez, abre todo um universo de informações, vivências, desejos, ansiedades e prazeres. Só vivendo nele para compreendê-lo a fundo. Os horários mudam, as prioridades também, o olhar então, muda totalmente.

E o universo de quem se prepara para cursar uma faculdade? Um mundo à parte também pleno de informações, vivências, desejos, ansiedades e prazeres.

Gosto muito da imagem do sistema operacional criado por Bill Gates e Paul Allen, o Windows. Abre-se mesmo uma janela para um novo universo quando a gente pesquisa alguma coisa na internet.

Albert Eisntein já nos informava que “a mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.” E idéia aqui é uma nova informação, um insight, uma descoberta, uma vivência ou qualquer item novo no seu sistema de crenças ou arquivos de informações.

E quanta história para contar quando esses universos se encontram!

A internet me permitiu descobrir muita coisa, e especialmente um pouco mais sobre o universo da família do meu pai. “Conheci” as primas dele on line. Descobri, por exemplo, que os gatos estão na família pelo menos desde a minha tetra-avó Julia.

Também fiquei sabendo que meu tio-avô José, tinha 40 gatos de rua em Porto Alegre. Conta minha prima, filha dele: “Claro que eles não entravam em casa, mas papai comprava um coração de boi todos os dias para eles e cortava bem picadinho...”

Outra prima confirma a convivência da nossa família com os animais: “Cresci com gatos, cachorros, passarinhos, jaboti em casa, mas papai dizia que não queria bicho dentro de casa. E adiantava? A gente trazia, ele fazia de conta que não via e todos (bichos e donos) ficavam felizes.”

Tão próximas da minha realidade, tão longe do meu universo...

Heloisa Capelas conta que “quando me pedem exemplos de amor, lembro-me da família. Que estrutura fantástica criamos! Pessoas tão diferentes que suportam e administram as "estranhezas" por amor. Pense na sua... não há gente esquisita nela? E você a ama e a defenderia sempre, não é?”

Com certeza!

Existe algum universo mais próximo do que a família? Aquele grupo de pessoas que você considera sua família, mesmo que não tenham laços de sangue, é composto de um grau diferente de compressão, uma consciência original de vocês que cria o seu universo particular.

É um universo ideal? Não, claro que não... Mas é uma delícia!

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