domingo, 9 de outubro de 2011

Emoções da Criação

Érima de Andrade

No meu livro Criatividade, Processo Criador e as Emoções que Permeiam a Criação, eu falo das etapas do processo criador. São elas:

. idéia, ou inspiração;
. início do processo;
. expressão da idéia;
. formalização da idéia;
. concretização da idéia;
. conclusão do processo.

Recentemente passei por todas essas etapas. Uma roda viva de emoções.

Primeiro a idéia, ou inspiração, que é inexplicável. Passei dias conversando sobre o assunto, tentando achar uma idéia que fosse bacana, e de repente, acordo numa manhã, com a idéia pronta, clara, quase óbvia. Como não pensei nisso antes?

O início do processo foi um momento de profunda angústia: onde está o que eu quero? Eu sabia onde queria chegar, mas não sabia como chegar.

A idéia norteou meu caminho, estimulou minha busca por possibilidades. De repente ficou claro, definido, pronto para a etapa de expressão da idéia.

Veio a certeza de saber muito bem aonde aquilo ia dar, a certeza de reconhecer o destino quando chegasse lá. Foi uma etapa de ansiedade, irritação, curiosidade, expectativa, tensão. Mas uma etapa sem angústia.

A formalização da idéia é uma satisfação só. É a etapa da sensação de poder, onde as dificuldades são superadas e os problemas são resolvidos. Veio com confiança, com , vou chegar, estou no caminho certo.

Concretizar a idéia é a etapa seguinte e a mais racional. Foi o momento de analisar a obra, fazer ajustes, fazer os retoques necessários buscando a melhor tradução possível da idéia inicial.

Nem tudo o que pensei no início coube na concretização. Foi preciso adequar. Dá uma certa frustração quando não pode ser da maneira como havia sido imaginado. Mas vem junto à sensação de dever cumprido, de ter feito o que era possível. Me trouxe alívio e um cansaço enorme, uma vontade, passageira, de nunca mais passar por isso.

E finalmente a conclusão do processo. A obra está pronta, concluída, e melhor do que foi imaginada. Linda mesmo. É uma sensação de sucesso, de orgulho, de satisfação, de prazer por ter conseguido um encontro entre a idéia inicial e a obra pronta.

Criar, apesar de parecer uma sensação universal, é uma experiência absolutamente íntima, única e pessoal. E é uma delícia, uma alegria ver o seu trabalho concluído.

Agora é esperar. Um ciclo se fechou, mas o outro ainda não abriu, é o momento de entressafra.

Será que vou atingir meu público-alvo?  

É o outro que dá a medida do sucesso, que dá o retorno, que valoriza as conquistas, que indica novos caminhos a partir daqui.

Viver a experiência de ser compreendida pelo público-alvo produz alívio, serenidade, esperança. Vem com a sensação de existir para o outro. Existir na mente e no coração da outra pessoa.

E se não acontece, se a comunicação não se faz, é preciso repensar. Colocar na berlinda as necessidades afetivas, o jeito de ser, os projetos, os objetivos.

É apenas mais uma etapa.

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