sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Meu natal sem Jesus

Érima de Andrade

Jesus está na minha vida todos os dias. Ponto. Mesmo assim, o natal para mim não é uma festa religiosa.

Oooooohhhhhhh!!!!

E não sinto nenhum pó de culpa por causa disso.

Oooooooohhhhhhh!!!!

Passou o choque?
Sim, Jesus está na minha vida e O sinto bem próximo, mas continuo preferindo o natal como festa pagã. Para mim, Jesus fica muito mais honrado e feliz se perceber o amor agindo diariamente, nos encontros, nas celebrações, nas festas, do que sendo celebrado na data fictícia do Seu aniversário.

E não, antes que você pergunte, não escolhi nenhum dia para celebrar o nascimento Dele. Mesmo que estudiosos afirmem que Ele nasceu em setembro ou outubro, nem nesses meses eu comemoro Seu aniversário.

Durante o ano, se tem um dia que penso especialmente em Jesus, é no domingo de Páscoa. Muitos morreram na cruz, mas foi só Jesus que voltou para dizer, e mostrar, que a vida continua.
A ressurreição Dele é o que mais me afeta. Domingo de Páscoa sempre me faz lembrar o quanto Ele é especial por ter nos mostrado que a vida segue para além da morte física.

Com amor ela continua feliz. Sem amor, você vai ficar triste até que o amor desperte em você. Jesus, o profeta do amor, veio mostrar o caminho para que o amor desperte em nós. E acho que sim, Ele merece muitas celebrações. Mas não precisa ser dia 25 de dezembro, nem em festas. Dá para celebrar Jesus no dia a dia, vivendo e honrando tudo que surge na sua vida. A gratidão nos aproxima de Jesus.

Quanto mais informação tenho sobre o Jesus histórico, menos sentido faz para mim celebrar o nascimento Dele em dezembro. A história de Jesus está contada na bíblia, e na medida do possível, vai sendo confirmada pela ciência. Os estudiosos da astrologia, tentam desvendar a estrela de Belém e com isso descobrir a data do nascimento de Jesus. Os estudiosos do evangelho calculam a data a partir de registros históricos. A maioria dos historiadores colocam como mais provável que Jesus tenha nascido em outubro de 5 a. C.

Ah sim, houve um erro de cálculo quando nosso calendário foi criado.
Quando o erro foi percebido, já era tarde demais para alterações. Por isso o Jesus histórico provavelmente nasceu alguns anos antes de Cristo...

Natal é uma celebração bastante amorosa, tudo a ver com o despertar do amor. Tenho certeza que Jesus fica feliz com isso, mesmo que não se comemore o aniversário Dele. Eu gosto desse momento especial de estar com família e amigos. Mas deixo Jesus fora disso, sem presépio, sem oração, sem missa. Mas com amor, e uma enorme gratidão por poder conviver com tanta gente que eu amo.

A festa pagã que deu origem ao natal é a festa do sol. Enfeitar árvore, iluminar casa e rua, trocar presentes, reunir família e amigos ao redor de uma ceia, são características das festas pagãs, muitos séculos mais antigas que o natal católico.

A festa do sol era celebrada no solstício de inverno. O solstício de inverno é o dia mais curto do ano, com a noite mais longa do ano, ou o dia que a luz do sol está mais longe da Terra em relação ao plano que passa pela linha do Equador. Por isso o solstício de inverno no hemisfério norte é em dezembro, e aqui no hemisfério sul, em junho.

Se a Igreja tivesse surgido na América Latina, o natal provavelmente seria no Inti Raymi, a festa do sol inca.

Nos primeiros séculos de cristianismo não se celebrava o nascimento de Jesus. Talvez por não ter nenhum registro da data exata. Mas a medida que a Igreja foi crescendo e ganhando poder, surgiu a necessidade de conter os cultos pagãos. A solução pensada por eles, foi celebrar o nascimento de Jesus na data que os povos europeus celebravam, há séculos, a festa do sol.

A Igreja incorporou as celebrações das tradições populares como uma maneira de controlar os festejos. Liberdade de culto, respeito a crença alheia, reconhecimento dos valores celebrados nessa festa, não foram levados em consideração nessa estratégia. Para mim, já vai contra ao amai-vos uns aos outros…

Claro que isso é um registro histórico, não tem nada a ver com a fé. Se sua fé diz que Jesus nasceu no ano 1, no dia 25 de dezembro, celebre isso. Seu coração lhe diz o que é melhor fazer, ouça-o.

A festa do sol acontecia no solstício de inverno, e tinha um motivo para acontecer nessa data: a escuridão mais profunda fica para trás, as horas de sol diárias aumentam gradativamente junto com a força do calor que vai derreter o gelo do inverno. 


Nós humanos sempre criamos marcos de esperança, e a festa do sol era isso, um marco de esperança de felicidade num novo ciclo. Era o fim dos dias curtos, das noites prolongadas, das paisagens silenciosas e frias; e o inicio de um semestre de mais sol e luz a cada dia. Celebrava-se a volta da luz do sol com dias mais iluminados, quentes e felizes.

O sol era celebrado por babilônios, persas, egípcios, romanos, incas, celtas, etc. Todas as grandes civilizações criaram seu ritual próprio de celebrar a volta de mais dias de luz, consequentemente, o início de uma nova época de plantio. 


As festas pagãs eram todas relacionadas aos ciclos da natureza. Eu sei, sinto, acredito numa força criadora de todas as coisas. Percebo Deus na natureza, nos minerais, nos vegetais, nos animais. Não tenho conflito algum entre a minha fé e as celebrações a natureza. Ao contrário, elas me remetem ao Criador. Eu não tenho nada contra as festas do sol, das águas, dos ventos, das colheitas, dos ciclos da natureza que inspiraram festas. Se forem celebrações do amor, eu as considero absolutamente válidas.

A escuridão não acaba no solstício, a primavera chega só três meses depois. Mas ter sobrevido ao período mais escuro era sim motivo de comemoração. Chegar ao solstício significava o início da vitória da luz sobre a escuridão. E também o início de um novo ano agrícola, com esperança de fartura e felicidade.

Para nós, aqui no Brasil, em dezembro acontece o solstício de verão, o dia mais longo do ano, com a noite mais curta. Mas também podemos comemorar que sobrevivemos ao ano, aos ganhos, as perdas, aos eventos que nos afetaram positiva e negativamente.

E se ainda não os superamos adequadamente, dali a uma semana, temos um novo marco de esperança: a virada de ano no calendário. Como contamos o tempo em dias, meses e anos, ao final de doze meses vivemos uma renovação. É o fim de um ano, e o início de um novo ano que vem por aí. E festejamos, pois, junto ao reinício, vem a vontade de acreditar que, daqui para frente, tudo vai ser diferente e melhor.

E para tornar esse marco ainda mais marcante, dia 31 de dezembro é o dia mundial da esperança, e dia 1 de janeiro, dia mundial da paz. É ou não um bom começo de novo ciclo?

Mudam os números, um marco para novos tempos. Mas depende exclusivamente de você fazer seu ano ser um ano novo. 
Para isso, você precisa escolher mudar, precisa se responsabilizar pelas mudanças que quer fazer, precisa assumir a responsabilidade de mudar o que só a você cabe ser modificado. Essa é a receita para fazer do ano um ano novo. A virada no calendário ajuda muito nessa missão, mas só a você cabe fazer a sua parte.

Eu prefiro celebrar o dia 25 de dezembro com a energia de esperança e renovação das festas do sol. E, na minha celebração, tem lugar para o Papai Noel. Para mim, Papai Noel representa esta parte de nós mesmos que está aberta a presentear, a receber, a amar sem discriminar, ir além de si mesmo e compartilhar. Ele é um símbolo que traz consigo valores que despertam, revivem e fortalecem os nossos melhores sentimentos. Em dezembro somos todos um pouco Papai Noel.

Jesus é o profeta da inclusão, o que diz que todos merecem ser amados, independentemente de qualquer classificação. Jesus amava e pregava o amor. Dizia a todos, “amai-vos uns aos outros”.

Se ao longo do ano não foi possível colocar isso em prática, ao menos no natal podemos nos esforçar para amar. Nessa época estamos, de fato, mais amorosos, mais receptivos, solidários, sensibilizados, mais dispostos a compreender, perdoar, aceitar e incluir. 
Estamos mais abertos a amar como pediu Jesus.

Se é por Jesus ou pelo Papai Noel que você confraterniza no fim de ano, não importa. O que importa é ter esse compromisso de dar o melhor de si mesmo, de se reunir com pessoas queridas, de celebrar o amor, a vida e mais um ano que passou.

Eu acredito que os tempos de festa e celebrações merecem ser vividos juntos. Eu acredito nos encontros, nos eu-com-os-outros, que tornam mais significativas as festas de final de ano. Eu acredito que sempre se pode fazer um ano melhor.

Que seu coração guie suas celebrações!


4 comentários:

  1. Nossa, até quinfim alguém que ousa pensar, sentir e dizer. Aidnamais é a destruição acelerada do planeta pelos presentes, embrulhos, produção, transporte deles, comideira, bebedeira, sendo q o aniversário é de Cristo. O que vc daria pra ele? O que Cristo gostaria de ganhar? Já é hora de mudar velhos hábitos comerciais e consumistas, em troca de um algo qualquer que venha do seu coração. Parabéns, Érima. E no Ano Novo, tudo não vai mudar porque a Terra compeltou 365 voltas no SOl. As coisas só mudam, se agirmos de forma diferente, da que está dando errado.

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    1. Exatamente Brita, só muda se nos responsabilizarmos pela mudança. Um beijo

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