“Quando uma catedral medieval estava sendo construída, perguntaram a três operários que talhavam pedras: “O que vocês estão fazendo?”. O primeiro respondeu, mal-humorado: “Como você pode ver, estou talhando pedras”. O segundo:“Estou trabalhando para sustentar minha família”. Mas o terceiro disse:“Estou construindo uma grande catedral”. Todos eles estavam fazendo exatamente a mesma coisa, mas enquanto o primeiro tinha uma sensação de futilidade devido a natureza humilde e monótona do trabalho, o segundo encontrou nele um objetivo pessoal e o terceiro enxergou o objetivo maior de estar talhando pedras. Percebeu que, sem isso, a catedral não poderia ser construída e estava impregnado da alegria de participar desse objetivo tão expressivo.” Roberto Assagioli
Essa
semana, eu tive a oportunidade de conversar com duas terapeutas
ocupacionais
recém
formadas, uma do interior de São Paulo, outra da capital.
Uma
delas começou a atender idosos, e achou aí sua vocação. Trabalha
em duas instituições, em tudo diferentes, com apenas um ponto em
comum, o atendimento aos idosos.
A
outra ainda está buscando a melhor maneira de juntar suas duas
paixões: terapia ocupacional e animais. Está correndo atrás de
especializações para usar os animais como co-terapeutas.
Ambas
felizes com seus caminhos e descobertas.
Sempre
me emociono com a variedade de caminhos possíveis da minha
profissão. Em qualquer idade é possível mudar e aprender coisas
novas, e esse aprendizado gera uma abertura do olhar, uma
flexibilidade para com a vida, uma compreensão nova a respeito do
mundo em que vivemos, que não tem preço que pague.
Já
está comprovado que pessoas que ousam mais, apresentam mais
resiliência, e elas, da maneira delas, estão ousando. Começaram
sendo honestas consigo mesmas, com o que sentem, com o que acreditam,
e com isso, levam aos seus clientes o melhor da terapia ocupacional.
São otimistas com bases reais, sabem dos choros, das perdas, mas
também dos ganhos, dos risos, da felicidade de acolher, integrar e
flexibilizar no atendimento ao outro. Tudo o que é necessário para
um trabalho intenso e transformador da qualidade de vida, num
ambiente recuperador, que promove cidadania, e que traz autonomia e
valor social ao cliente.
Em
comum na conversa com as duas, questionamentos que eu já tive, como
por exemplo, o que fazer com o material produzido nas sessões de
terapia ocupacional? Clientes que podem passar parte do dia fazendo
atividades que vão ajudar na sua socialização, no seu
relacionamento com outras pessoas, na diminuição de suas
ansiedades e na compreensão do seu tratamento, usam materiais em
atividades lúdicas, educativas, artísticas, recreativas e de
reabilitação profissional. A quem pertence esse material?
Não
existe uma resposta única, e uma vez acordado com instituição,
terapeuta e cliente o que fazer, todas as possibilidades de
atividades de socialização, melhora do relacionamento
interpessoal
e lazer, são válidas.
Todo
o material a ser utilizado é fornecido pelo espaço onde acontecem
as atividades socioterápicas e oficinas terapêuticas. Algumas
instituições consideram que o material é de uso do cliente, mas
pertence a ela, como o mobiliário. Por exemplo, as telas usadas por
um cliente que já não frequenta mais o espaço, são pintadas de
branco e disponibilizadas para o uso dos outros clientes.
Outras
instituições consideram o material de uso do cliente, mas que
pertence a ele, como um curativo. Como esparadrapos e gesso, que vai
embora junto com o cliente, nesses casos também o material usado por
ele, vai com ele.
Em
outras o produto que surgiu como resultado final do uso dos
materiais, pertencem tanto a instituição, quanto ao cliente. Nesse
caso, o mais comum, é que o objeto passe por uma avaliação, ganhe
um valor e seja comercializado, e o lucro dividido. Como por exemplo,
os produtos feitos nas oficinas de produção de bandejas, panos de
prato, bijuteria, carpintaria, costura, cerâmica, artesanato, etc.
Em
outros casos, tudo que é produzido com argila, papel, lápis de cor,
lápis para desenho, tintas, etc., vira material de estudo, e fica na
instituição, ou consultório, mas com a opção, ou não, do
cliente levar quando obtiver a alta do tratamento.
Não
existe uma maneira certa e única de lidar com essa questão. Mas
existe a maneira honesta, que é a de combinar previamente o que
fazer.
Que
todos os T.O.'s atuantes percebam que estão colaborando com uma
linda construção.
Trabalho com Atendimento Domiciliar, e a maioria dos materiais produzidos durante as terapias acabam ficando nas casas dos pacientes - eles adoram, é claro, e acabam se tornando parte de seu cotidiano (exemplo: construção de calendário) e os estimulando, conforme a necessidade. Em oficinas, acho válido que realmente faça parte do local, como decoração, até para o paciente se sentir parte integrante daquilo. Ótimo blog, parabéns!
ResponderExcluirObrigada!!!!
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