quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Generosidade?

Érima de Andrade

Conheci uma senhora super católica. Ia a missa todos os domingos, e sempre que possível, também nos fins de tarde durante a semana. Como tem muitos filhos, ela adquiriu o hábito de separar roupas usadas para levar a igreja, onde seriam distribuídas aos pobres.

Por um período ficamos mais próximas, e um dia ajudei-a a separar a roupa para dar. Quando acabamos de escolher, tínhamos feito uma pequena montanha de roupas em cima de uma cama. Quando comecei a dobrar a roupa, ela disse que ainda não era o momento e foi buscar sua caixa de costura. Para minha surpresa, ela retirou todos os botões e fechos ecler, explicando que um dia poderiam ser uteis, e aí sim, me autorizou a colocar as roupas nas sacolas que iriam para a igreja...

Será essa uma doação efetiva?

Penso nessa história com frequência, especialmente quando vejo pessoas sem entender o serviço voluntário. A palavra voluntário vem da vontade, ativa e afetiva de estar junto, vivenciar e contribuir em troca de aprendizado. O trabalho voluntário é feito por interesse pessoal e pela pura vontade de contribuir, sendo feito sem remuneração ou lucro financeiro.

Explica a Wikipédia: “O voluntariado é o conjunto de ações de interesse social e comunitário em que toda a atividade desempenhada reverte a favor do serviço e do trabalho. ”

São pessoas que doam tempo, mão de obra e talento para causas de interesse social e para o bem da comunidade.” Wikipédia

Doam tempo, mão de obra e talento … ou seja, é uma doação. Eu dou alguma coisa, e isso é da minha responsabilidade, o que o outro vai fazer com isso já não me cabe mais.

No entanto, conheço um médico, voluntário quinzenal numa instituição, que constantemente se queixa que seus pacientes pagam muito caro às suas consultas, e que aquelas pessoas recebem sem fazer nada em troca...

Também conheço uma terapeuta, voluntária semanal em outra instituição, que se queixa de estar ali há quase um ano e ainda não ter recebido indicações para atendimentos no seu consultório...

Mas não é voluntário? Nenhum problema com pessoas que não queiram ser voluntárias. Mas uma vez escolhido esse caminho, porque ainda esperam uma recompensa diferente de aprendizado?

Os budistas explicam que “a prática de Dana(generosidade) é maravilhosa, mas deve ser feita no espírito de Prajña, entendimento.”

Entender inclusive que não é barganha, não é conquista ou troca, é doação. Você quer fazer um trabalho voluntário?

É uma profunda alquimia. Cada pequena ação desinteressada leva embora todo o sofrimento, toda a ansiedade, todo o desgosto, todo o medo e desesperança." Sri Prem Baba

Vale a pena!

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