domingo, 29 de julho de 2012

Faxina

Érima de Andrade

Um dia você resolve fazer um lanche temático, e para compor a tarde compra xícaras, cestinhas, pratos e jarras. Foi tudo ótimo, mas você sabe que não vai usar aquilo nunca mais. Mesmo assim, como você tem espaço, você guarda.

Outro dia você ganha caixinhas que não tem nada a ver com você. Mas como você gosta muito de quem lhe deu, e você tem espaço, você guarda.

Num outro dia você acorda com vontade de colocar em prática aquela dieta especial, que usa ingredientes diferentes, que precisam ser cortados, liquidificados, coados, e você vai à luta, compra tudo o que precisa. E mesmo quando cansa da novidade, como você tem espaço, você guarda.

E vai vivendo assim, comprando, ganhando e guardando o que não lhe serve mais. E por ter espaço, você se acostuma. E como você se acostumou, nem ao menos percebe que não tem mais espaço, nem para o que é útil na sua vida, muito menos para que alguma coisa nova entre.

Você que não tem mais espaço e se acostumou com isso, criou barreiras que impedem o fluxo de novidades na sua vida. Dentro e fora; porque não tem como manter um espaço aberto dentro de você, se ao seu redor você não consegue manter espaços abertos.

Como receber o novo se está tudo lotado e preenchido? É o seu caso? Você guardou e se acostumou com o entulho na sua vida?

Se sim, é hora de dar adeus a tudo que não tem mais serventia. Hora de desatravancar, de eliminar as toneladas de tranqueiras guardadas. Hora de usar o seu bom senso e descartar o que não tem mais função.

A palavra de ordem é desapego, se livrar do que não serve mais e abrir espaço para que coisas novas aconteçam. É importante ter vazios para que o novo entre.

Dá uma olhada nos seus cantinhos de bagunça e diga adeus às coisas que já cumpriram sua missão com você. Recicle, doe, jogue fora ou faça um bazar, conservando com você apenas os itens de maior importância e sentimento.

Luciane escreveu no blog Minha Casa Meu Mundo, “acredito que uma casa repleta de coisas velhas, estragadas e inúteis atrapalha nossa vida. É uma questão de energia. Basta reparar no que sentimos quando entramos em uma casa entulhada, escura e cheirando a mofo... não é nada bom e evidentemente esta sensação se reflete em nosso estado de espírito. O fato é que nos sentimos muito mais felizes e dispostos em uma casa clara, arejada, limpa e sem entulhos. Mentalize esta casa ideal e perceba as ótimas sensações que ela lhe traz. “

O ambiente em que vivemos reflete nosso mundo interior. Esta limpeza externa simboliza uma virada, o fim de um ciclo. Para recomeçar mais leve é preciso estar livre de todo o entulho, inclusive o entulho emocional.

Aproveite o momento e trabalhe também o seu desapego, fazendo uma investigação criteriosa das coisas que precisam ser eliminadas, como hábitos, modelos mentais, expectativas falsas, relacionamentos falidos, projetos que não dão em nada, ou qualquer outra coisa que não faz mais nenhum sentido em sua vida. Livre-se daqueles sentimentos que não lhe fazem bem, dos pensamentos que trazem angústia e frustração, dos medos e dos pensamentos e emoções negativas.

Quem já experimentou esta catarse sabe o bem estar que sentimos depois de nos livrarmos de tanta estagnação!

“O descarte deve ser feito com respeito e reconhecimento. E muita gratidão a tudo que nos serviu um dia.” Alexandre Mauj Imamura Gonzalez

Agradecer faz com que um espaço dentro de você se abra para que o merecimento instale aquilo que é seu e que você está recebendo. O espaço vazio nada mais é do que o estado de permissão para novos caminhos, novos encontros, e novas aventuras criativas.

“Abro minhas mãos como quem solta o que prende.
Solto o passado que não me serve e o futuro ausente.

Abro minhas mãos para receber, mas abro minhas mãos para deixar ser.
Abro minha mente para ouvir, meu coração para sentir, meu colo para receber.”
A Prece da Solução, por Calunga (Gasparetto)

Vamos faxinar?

2 comentários:

  1. Muito bom tema,Érima
    Nestes tempos de consumismo nas alturas é muito fácil se entulhar de coisas materiais e também frustrações .
    Tenho como orientação devida não acumular coisas que não têm utilidade para mim.Gosto de doar, abrindo espaço para que novas energias cheguem.
    Emocionalmente é um exercício mais difícil, mas a gente trabalha a mente e insiste.

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