domingo, 18 de março de 2012

Arrependimentos

Érima de Andrade

No livro escrito por Bronnie Ware, uma especialista em cuidados paliativos e doentes terminais, The Top Five Regrets of the Dying -Top Cinco dos Arrependimentos Daqueles que Estão Para Morrer, ela lista e comenta os arrependimentos mais comuns que ouviu dos pacientes ao longo de sua carreira como enfermeira. No livro estão suas memórias e experiências durante anos de trabalho com doentes terminais, e a forma como a sua vida foi transformada com essa convivência.

"Encontrei uma lista grande de arrependimentos, mas no livro me concentrei nos cinco mais comuns", disse a Bronnie Ware à BBC. "E o principal arrependimento de muitas pessoas é o de não ter tido coragem de fazer o que realmente queriam e não o que outros esperavam que fizesse", acrescenta.

Bronnie contou que a idéia para o livro surgiu depois que o post Arrependimentos dos Moribundos, foi publicado no seu blog e se transformou em um texto viral.

No livro ela conta mais a respeito destas confissões. Bronnie Ware afirma que com esses pacientes viveu "momentos incrivelmente especiais. Porque passei com eles as últimas três a doze semanas de suas vidas".

Os pacientes geralmente eram pessoas que já não tinham chances de recuperação e podiam morrer a qualquer momento. "As pessoas amadurecem muito quando precisam enfrentar a própria mortalidade", afirmou Bronnie Ware. "Cada pessoa experimenta uma série de emoções, como é esperado, que inclui negação, medo, arrependimento, mais negação e, em algum momento, aceitação," explicou ela.

Ela chamou atenção para o fato de que as pessoas se arrependem do que não fizeram. Na maioria dos casos observados por ela, as pessoas não pareciam se arrepender de algo que tinham feito.

Ela percebeu também que muitos se arrependiam de não terem tido "coragem para expressar seus sentimentos. E isso se aplica tanto aos sentimentos positivos como aos negativos", explica Bronnie. "Muitos diziam: ‘queria ter tido coragem de falar que não gostava de uma coisa’, ou então que queriam ter tido coragem de falar às pessoas o que realmente sentiam por elas", afirma Bronnie Ware.

A autora espera que seu livro "ajude as pessoas a agir hoje e não deixar as coisas para amanhã, para não se arrepender depois. Minha mensagem principal”, diz Bronnie Ware, “é que todos vamos morrer e que se, neste momento, nos arrependermos de algo, vamos então solucionar o problema agora."

"Quando questionados sobre desejos e arrependimentos, alguns temas comuns surgiam repetidamente", disse Bronnie. Eis um resumo dos cinco mais comuns:

1. Eu gostaria de ter tido a coragem de viver a vida que eu quisesse, não a vida que os outros esperavam que eu vivesse - “A saúde traz uma liberdade que poucos conseguem perceber, até que eles não a têm mais," diz  Bronnie Ware.

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto - "Eu ouvi isso de todo paciente masculino que eu trabalhei. As mulheres também falaram desse arrependimento, mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas não tiveram uma carreira. Todos os homens com quem eu conversei se arrependeram de passar tanto tempo de suas vidas no ambiente de trabalho," afirma Bronnie Ware.

3. Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos - "Muitas pessoas suprimiram seus sentimentos para ficar em paz com os outros. Como resultado, eles se acomodaram em uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eles realmente eram capazes de ser,” diz Bronnie Ware. “Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ao ressentimento que eles carregavam," completa.

4. Eu gostaria de ter ficado em contato com os meus amigos - "Frequentemente eles não percebiam as vantagens de ter velhos amigos até eles chegarem em suas últimas semanas de vida, quando não era mais possível rastrear essas pessoas. Muitos ficaram tão envolvidos em suas próprias vidas que eles deixaram amizades de ouro se perderem ao longo dos anos. Todo mundo sente falta dos amigos quando está morrendo," afirma Bronnie Ware.

5. Eu gostaria de ter me permitido ser mais feliz - "Esse é um arrependimento surpreendentemente comum,” diz Bronnie Ware. “Muitos só percebem no fim da vida que a felicidade é uma escolha”, explica ela. “As pessoas ficam presas em antigos hábitos e padrões. O famoso 'conforto' com as coisas que são familiares. O medo da mudança fez com que eles fingissem para os outros e para si mesmos que eles estavam contentes quando, no fundo, eles ansiavam por rir de verdade e aproveitar as coisas bobas em suas vidas de novo," conclui Bronnie Ware.

Vale à pena pensar a respeito.

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