sábado, 24 de junho de 2017

Como você é de fato?

Érima de Andrade

As pessoas lhe conhecem de verdade?
Você se conhece?

Com alguma frequência ouço uma música que diz “sua raridade não está naquilo que você possui ou que sabe fazer”. E conheço muita gente que se assusta com essa informação: você não é o que possui, nem o que sabe fazer. E se assustam, porque não sabem estar na vida sem seu talento, nem seus bens.

Talento é maravilhoso, mas não é você. O que você faz com o talento que possui é que diz quem você é. Se o seu talento é acolher pessoas, ótimo. Possivelmente as pessoas ficam agradecidas com isso. Mas você é, de fato, o que sente e o que pensa quando faz isso, quando, nesse exemplo, acolhe alguém.

Se ao acolher você se sente superior, você não é caridoso, é orgulhoso. Se além de se sentir orgulhoso, você ainda avalia e critica a maneira como a pessoa está, como se veste, como chegou até você, você é desdenhoso também. Ou seja, o que à primeira vista parece uma boa ação, é carregada de uma energia tão negativa, que não acolhe verdadeiramente, é apenas uma representação. Você parece acolher, mas o que faz é desdenhar e desmerecer quem chega. Bem triste não é?

Talvez, você que está lendo esse texto, se reconheça no exemplo. E tudo bem. Consciência é mesmo o primeiro passo para qualquer mudança. O segundo passo é a intenção de mudar. Então responda: você quer mudar? O terceiro é colocar em prática essa intenção.

Pode ser que você viva entre pessoas que só destacam o lado ruim de tudo, e que tenha aprendido a ser assim desde muito pequeno. E está tudo certo. Fomos mesmo educados olhando o erro, o pior, o que não funciona.

Por amor, chamavam nossa atenção ao que estava errado. Era uma maneira de tomar consciência e consertar. E, muitas vezes, o certo não merecia uma única palavra. Era o que era possível, e acredite, quem lhe tratava assim, fazia o seu melhor.

Mas ao tomar consciência dessa maneira de ver a vida, você pode mudar. Um bom exercício é dar “tratos à bola”, como dizia minha avó. Ou seja, é pensar, vasculhar suas lembranças, procurar internamente ao menos uma positividade para cada coisa negativa que você destacar.

Funciona assim: se pegou reclamando do seu chefe. Ok. Agora pare e pense, ele não é seu chefe à toa. Ele tem qualidades, por isso é chefe. E procure as qualidades que você está deixando passar. Busque pontos de afinidades, talentos, méritos. Não precisa falar para ele, o exercício é de apenas mudar o seu olhar sobre ele. E com isso, mudar sua vida para melhor.

E faça assim com tudo que você destacar como negativo nas pessoas, nos lugares, no clima e etc.. Você vai se surpreender com o tanto de coisa boa que você deixou passar sem notar. Está tudo aí, o bom e o ruim. Sempre esteve. A você cabe escolher onde colocar o seu foco. 

Se nesse momento da vida você está educando uma criança e ficou confusa essa explicação, vou detalhar melhor. É claro que é sim para mostrar o que deu errado. Só assim você vai dar a oportunidade dela acertar numa próxima tentativa. O seu exercício, nesse caso, é ficar atento para elogiar também o que deu certo.

Já se deu conta de quantos “não” você diz a uma criança no processo de educação? Não mexa nisso, não pule aí, não abra aquilo... E está certo. Ela não tem noção de segurança, precisa mesmo ser alertada para não se colocar em risco. Nesse caso, seu exercício será dizer, pelo menos, dois “sim” para cada “não” que você disser.

Mais ou menos assim: “não mexa nisso (seria bom explicar porque não mexer, mesmo que você ache que ela ainda não tem idade para entender). Mas olhe, aqui e ali você pode mexer sem problemas.” Um “não” e dois “sim”. Não é difícil, e só colocar atenção ao que está fazendo. 


Também não vai ser de uma hora para outra que você vai conseguir. É uma prática diária. Pratique até que se torne um hábito, que sem esforço você veja o lado bom, o melhor das situações, a melhor versão das pessoas. Você precisará escolher diariamente colocar sua atenção no melhor, só assim se tornará um hábito.

Explica Prem Baba: “Nosso destino é desenhado a partir dos nossos pensamentos, palavras e ações. Pensamentos, palavras e ações são como pedras que podem construir e edificar, assim como podem destruir, soterrar e matar. Eles podem nos aproximar ou nos afastar da auto realização. Então, se pudermos conduzir nossos pensamentos, palavras e ações de forma consciente, seremos capazes de construir uma vida melhor. Caso contrário, seremos levados por impulsos inconscientes e destrutivos. Para isso, precisamos desenvolver a qualidade da presença, que é a capacidade de colocar-se total na ação. É estar em estado de atenção plena a cada movimento e atitude.”

Estando presente você pode apreciar a riqueza da sua condição atual, e deixar a alegria tomar conta da sua vida. A alegria vai lhe salvar da melancolia, do mau humor, da desesperança. Vai lhe salvar de focar no pior. Alegria e apreciação, observar a emoção da alegria e apreciar seu momento, é um bom caminho para sua mudança.

Gustavo Gitti explica: “Se eu me alegro apenas com os eventos da minha vida, fico feliz a cada seis meses, com sorte. Porém, se me alegro com as alegrias dos outros, é difícil não me sentir nutrido todos os dias. A alegria não vem de coisas, mas da capacidade de se alegrar com qualquer coisa."

Você tem um belo caminho para se tornar sua melhor versão de si mesmo:
observar suas emoções, alegrar-se com a alegria dos outros, e apreciar a riqueza da sua condição atual. A mim só cabe indicar caminhos. A você cabe a escolha de percorre-los.

"Agora é o seu mais belo momento de realizar o bem. Ontem passou e amanhã está por vir.
Qualquer encontro é uma grande oportunidade. Pense nas sementes minúsculas de que a floresta nasceu. Não deixe de falar, mas aprenda a ouvir. Quem sabe escutar pacientemente, encontra pistas notáveis para o êxito no serviço que abraçou. Fuja de cultivar conversações menos dignas. O interlocutor terá vindo buscar o seu respeito a Deus e à vida, a fim de equilibra-se. Não dê tempo as lamentações. Meia hora de trabalho, no auxílio ao próximo, muitas vezes consegue alterar profundamente os nossos destinos. Não mostre um rosto triste. Muita gente precisa da sua alegria para levar alegria aos outros. Não menospreze quem bate à porta, conquanto esteja você disponível. Em muitas ocasiões, aquele que aparentemente incomoda é o portador de grande auxílio. A ninguém considere inútil ou fraco. Um palácio, comumente, é a construção enorme; no entanto, nem sempre oferece agasalho ou acesso, sem a colaboração de uma chave. Não persista em obstinações, reações ou discussões desnecessárias. Em muitos casos, um simples prego, atacando uma roda, pode retardar a viagem num carro perfeito. Auxilie a todas as criaturas que lhe partilham o clima individual. Ainda mesmo na doença mais grave ou na penúria mais avançada, você pode prestar um grande serviço ao próximo: você pode sorrir." André Luiz

E se você ainda precisa de estímulos para cultivar o seu melhor, veja essa bela experiência:


Desejo que você se descubra identificado com o amor e a alegria de cada momento.

2 comentários:

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