domingo, 6 de março de 2016

"Ao menor sinal de amor, retribua"

Érima de Andrade

Acho essa frase maravilhosa, “ao menor sinal de amor, retribua”. Tentei achar o autor, mas, dessa vez, nem o Google conseguiu me ajudar. Vai ver deixar a frase anônima é uma retribuição a um sinal de amor recebido... Quem sabe?


(Uma leitora do blog me informou que essa frase é do poeta Lucão, nascido Lucas Brandão. É um poema batizado de "Sinal":
Ao menor
sinal de amor,
retribua.
Obrigada pela informação! gosto de dar os créditos.)

O amor é a nossa essência, somos amor em essência. O mal está tão longe de quem somos em essência que nos choca, por isso vira notícia. É uma aberração, um contraste, um choque. Para mim isso é claro e cristalino. E gosto de pensar que cada vez mais cientistas vão comprovar esse fato.

Li um artigo “Dois mecanismos morais distintos para atribuir ou negar a intencionalidade” (Ngo, L. et al. Two Distinct Moral Mechanisms for Ascribing and Denying Intentionality. Scientific Reports 5, dec. 2015), que embora não tenha a intenção de confirmar que somos amor em essência, para mim, que fique bem claro, na minha interpretação, confirma, o que para mim, sempre foi uma verdade.

No texto ficamos sabendo que “os pesquisadores observaram que quando uma pessoa ouve uma história e considera que as ações das pessoas envolvidas merecem críticas, sua amígdala – uma zona do cérebro ligada ao controle das emoções – é ativada. E quanto mais a pessoa é atingida emocionalmente pela história, mais a amígdala é solicitada. Ao contrário, quando as ações são consideradas positivas, a atividade da amígdala é muito menor.” Pois é, para mim confirma que somos mais propensos a notar o negativo, uma vez que ele é muito distante do que de fato somos.

Esse estudo de Lawrence Ngo e seus colaboradores é o primeiro a utilizar ferramentas de pesquisas em neurociências para tentar explicar porque as pessoas consideram que ações induzindo consequências negativas são mais intencionais do que as que têm efeitos positivos, porque de fato julgamos ações que levam a consequências negativas como sendo mais intencional do que as que podem causar consequências positivas.

E não é assim mesmo? Para fazer o mal precisamos pensar, para fazer o bem apenas seguimos a nossa natureza amorosa.

Alguns trechos do artigo:

“Consequências negativas são julgados como mais intencional do que as consequências positivas, porque as consequências negativas são mais emocionalmente salientes.”

“Emoções impulsionam atribuições de intencionalidade para consequências negativas, enquanto que a consideração de normas estatísticas leva à negação de intencionalidade para consequências positivas (isto é, o quão comum certas ações são percebidas pela população em geral).”

“A teoria emocional (também chamada de teoria viés motivacional) sustenta que consequências negativas provocam emoções que fazem os participantes quererem culpar o agente e, portanto, levam-se notações de intencionalidade. Para consequências positivas, tais emoções negativas não surgem, então atribuições de baixo intencionalidade dos participantes permaneceram imparciais.”

Eu não me surpreendi com o resultado, para mim, sempre foi muito claro que somos amor em essência, e que a maldade está tão longe de nós que nos surpreende. O mal está tão longe do que somos essencialmente que chama nossa atenção. Mesmo assim, sempre podemos ser mais amorosos. É só ficarmos atentos a todos os sinais do amor, e retribuir.

"Comece de onde você está, use o que você tem, faça o que você pode." Essa frase de Arthur Ashe, também é uma maneira maravilhosa de falar de amor, em especial de amor próprio.

Comece onde você está, por que essa é a única maneira de começar, estando.

Quer mudar sua vida? Comece onde você está. Não caia na armadilha de pensar: “vou mudar quando...” porque esse pensamento é a melhor maneira de sabotar sua mudança.

Comece onde você está comprometendo-se com o primeiro passo, no caso, a consciência. Você só pode mudar, seja o que for, se você souber onde está. Tome consciência, esteja, coloque sua intenção e parta para a ação.


Use o que você tem.
Você não precisa nada além do que você tem, que é o desejo da mudança. Pode ser que você não consiga mudar tudo de uma vez na sua vida, então, a partir da sua rotina, o que você tem, comece as suas alterações. 

Comece deixando de lado o que não quer mais, e investindo naquilo que lhe faz bem. Quer tornar um hábito a meditação, por exemplo, comece vinculando o momento da sua meditação a alguma coisa que você já faz diariamente. Use o que você tem a seu favor, em vez de focar no que você ainda precisa para realizar os seus sonhos. Foque no seu sonho e use o que você tem no momento para seguir em direção a ele.

Faça o que puder.
Não há limites para o que podemos realizar se nos dedicarmos a isso. Você pode realizar qualquer objetivo que se propuser. Apenas não se feche a ajuda dos que estão perto de você, ou dos que tem os mesmos objetivos que você. Faça o que puder, faça a sua parte sabendo que fez o melhor possível. 

Uma vez li que o Walt Disney não sabia desenhar, mas que ele sabia exatamente como era o personagem que queria criar. Nunca pesquisei para saber se isso é verdade, porque gosto muito dessa história. Ela ilustra muito bem o “faça o que puder”. Apenas faça a sua parte, e siga confiante na sua transformação.

Comece onde você está, use o que você tem, faça o que puder, é um antídoto maravilhoso contra pensamentos com “se eu estivesse”, “se eu tivesse” e “se eu pudesse” que dificultam a tarefa de acordar o amor em si mesmo e ao seu redor.

E se estiver muito difícil achar o amor por si mesmo, pergunte-se: “quem eu posso me tornar se simplesmente abrir espaço em meu coração para que esta situação me transforme?” As suas respostas podem lhe ajudar a começar onde você está, usando o que você tem, fazendo o que você pode.

Para terminar, uma reflexão da querida Teresa Bessil: “Há fatos. Há fatos graves em curso. Talvez o mais grave de todos seja essa onda de intolerância que se instalou nos tempos recentes. Não arrisco a pedir que não haja intolerância. Ela nasce sem pedir licença. O que arrisco é pedir que observemos com cuidado o modo insidioso como ela se instala em cada um de nós.

Dar-se conta do que nos acontece enquanto tudo acontece é fundamental. Como diz meu professor de filosofia, clareza não tem contra indicação. Nunca. Olhos e ouvidos atentos apontam a presença feroz da intolerância. Pior do que isso, o gosto que surge em ser intolerante. O tal gosto perigoso do poder. Não me refiro a essa bobagem de excluir do face quem tem opinião contrária a nossa, seja amigo ou não. Isso é somente um pequeníssimo sintoma. A ponta de um gigantesco iceberg. O fato que a nossa própria história nos conta é que intolerância mata - muito, mas muito mais do que os famigerados agrotóxicos.”

Que tenhamos todos uma semana amorosa.

4 comentários:

  1. Na Bíblia na Carta de Paulo aos Coríntios sobre o Amor: " O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
    5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
    6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
    7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
    8 O amor nunca falha"
    Bjs Naja

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