Érima de Andrade
De
modo geral, tentamos tornar a nossa vida planejada. Tentamos controlar todos os
fatos e acontecimentos. Tentamos não ter imprevistos. Planejamos a agenda do
dia milimétricamente, para ser eficiente, para não ter desperdício, para nada
dar errado.
Também
fazemos um planejamento milimétrico mensal, semestral, anual. Algumas pessoas
começam janeiro sabendo os compromissos que terão em dezembro. O ano mal começa
e para essas pessoas, já está tudo planejado.
Mas
nem tudo está nas nossas mãos. Quando, por exemplo, você marca uma consulta com
um médico, no horário ideal para você, chega na hora certa e descobre que ele
teve um atendimento de emergência, e todas as consultas vão atrasar uma hora e
meia. O que fazer?
Ou
pode acontecer daquele tratamento de 28 dias, atrasar por que a máquina
quebrou. Ou também, você sai de casa com tempo suficiente para honrar um
compromisso e fica presa no trânsito, por que houve um acidente e é preciso
esperar que os veículos envolvidos sejam retirados. Como lidar com esses
atrasos?
Em
primeiríssimo lugar, é preciso reconhecer que nada disso é pessoal. A máquina
não quebrou para implicar com você, o médico não atrasou para lhe dar uma lição,
a moto não se jogou na frente do ônibus para lhe atrapalhar. A sua agenda precisa
ser modificada, e isso não é culpa sua. Ponto.
Reconhecido
o atraso, como você vai lidar com ele? Você pode ficar irritada, reclamar,
chorar, espernear e, no máximo, você vai se sentir mais leve. Pode ser bom também.
Afinal o sentimento de impotência é muito dolorido, e chorar pode ajudar. Mas
lembre-se, por mais que você tenha ficado irritada com a situação, você não tem
o direito de ser violenta com ninguém. Violência não leva a nada, e eleger
alguém para ser o alvo da sua frustração não vai lhe ajudar a resolver o
problema.
Consciente
do problema encare-o de frente. O que você pode modificar dessa situação? O que
está em suas mãos resolver? Assuma responsabilidade sobre o que está
acontecendo e aja. Olhe sua agenda, modifique o que pode ser modificado,
desmarque o que não vai mais dar tempo de fazer, avise quem precisa ser
avisado. Pronto, você fez o que podia ser feito.
Tudo
resolvido e você descobre que tem ainda um tempo livre antes do seu
compromisso. Que tal usar esse tempo para se sentir melhor? Há quanto tempo
você não repara na sua respiração? Há quanto tempo você respira assim, curto,
rápido, ansiosa? Há quanto tempo você não dá um profundo e delicioso suspiro?
Nós
prendemos a respiração, sem perceber, em momentos de sustos ou medo, ficamos
sem ar diante de uma notícia grave, esquecemos de respirar quando nos
preocupamos com alguma coisa. E senão combatemos o estresse, nossa respiração
vai ficando cada vez mais curta, rápida e incompleta como se estivéssemos sempre
assustados.
Mas
isso tem solução, e um modo de recuperar o equilíbrio, seja na sala de espera
de um consultório, seja num engarrafamento, é prestar atenção à respiração e
fazê-la lenta, longa e profunda. É de graça, depende apenas de você, e não
requer prática nem habilidade. Na respiração lenta, suave, profunda, o ar chega
até o fundo dos pulmões e beneficia os órgãos internos com sua massagem. O
coração, que não pode ser controlado diretamente, obedece à respiração e se beneficia
quando ela é tranquila. O corpo todo relaxa. Nada mais simples e nada mais
monótono: inspira, expira, inspira, expira...
Pode
parecer um tédio, mas não é. Você pode observar a passagem do ar pelas narinas,
o modo como o ar enche o peito, a barriga, e depois esvazia. Pode se fixar nas
sensações que a respiração profunda e lenta causam a você, uma leveza no corpo,
uma clareza no raciocínio. E de repente respirar se torna um prazer. Observar a
respiração é uma forma pessoal de meditação que pode acontecer a qualquer hora,
em qualquer lugar.
Vamos
experimentar?
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