quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Amigos e brincadeiras

Érima de Andrade

As brincadeiras nos aproximam dos amigos, e os amigos são fundamentais para nossa saúde. Desde a infância aprendemos a nos relacionar através das brincadeiras.

Brincar dá oportunidades para fortalecer laços afetivos e inclui a questão da troca, em que a criança divide o brinquedo, as atividades, adquire normas e valores”, explica Claudia Cristina de Siqueira.

“Através da interação lúdica a criança assimila a realidade a que está submetida, compartilha e exterioriza sentimentos e emoções, estabelece laços e vínculos, desenvolve a consciência de si e do meio social, estimula a atenção, o raciocínio, a coordenação dos membros e do próprio corpo. Garantir o direito de brincar é garantir que a criança dê continuidade ao seu pleno desenvolvimento. É possibilitar a manutenção da saúde física e psíquica,” escreveu Pryscilla Mychelle S. Paula

Um estudo publicado na revista Developmental Psychology, afirma que os laços de amizade ajudam crianças a superar experiências difíceis e diminuem o impacto negativo sobre a autoestima infantil.

"Ter um melhor amigo presente durante um evento desagradável tem impacto imediato sobre o corpo e a mente de uma criança", disse o coautor do estudo William Bukowski. "Se uma criança passa sozinha por problemas com um professor ou uma discussão com um colega de classe, vemos um aumento considerável nos níveis de cortisol e diminuição da sensação de autoestima".

“No entanto, quando havia um melhor amigo presente para compartilhar a experiência ruim, os níveis de cortisol e os sentimentos de autoestima apresentaram uma mudança menor”, revelou a pesquisa do Centro de Investigação em Desenvolvimento Humano da Universidade Concordia, em Montreal.

Ter amigos, de acordo com a pesquisa, diminui bastante as chances de uma criança sentir-se deprimida durante os anos escolares. “As crianças mais isoladas do convívio com as outras apresentem níveis elevados de tristeza e sentimentos depressivos”, concluiu William M. Bukowski. “A amizade promove a capacidade de superação e protege as crianças de interiorizarem problemas como a ansiedade ou depressão”.

A facilidade, ou não, de construir laços de amizade, passa pelo tipo de educação que a criança recebeu. Uma educação permissiva ou autoritária demais influencia no comportamento da criança, fazendo com que se sinta insegura no relacionamento com o outro.

“A criança, para crescer saudável, precisa de limites bem claros. Precisa conhecer o certo e o errado até para poder saber como agir na vida. Os pais da atualidade, em nome de serem amigos e compreensivos, permitem que as crianças façam escolhas para as quais não estão prontas, achando que estão proporcionando independência aos filhos, mas, na verdade, estão se ausentando de assumir o papel de responsáveis pelas escolhas deles até que eles cresçam para fazê-las”, alerta Maria Flávia Ferreira.

E completa “quando os pais assumem o papel de cuidadores da criança, proporcionando assim segurança, ela não tem porque se excluir do convívio social.”

Maria Dirce Benedito explica que “a ligação com os pais é essencial: a partir dela, se constroem as condições para o desenvolvimento de outras relações. Se esta relação primeva não estiver bem ajustada, a criança pode ficar insegura em todos os outros relacionamentos que estabelecer”.

E continua: “quando a criança nasce, ela tece sua rede de relações sociais a partir da família: primeiro com a mãe, estendendo-se para o pai e, depois, ampliando para os outros familiares. Se a criança não passa por essas fases de desenvolvimento social ou se tem dificuldade com essas relações, é possível que ela precise de ajuda. E os pais podem observar e perceber este problema desde os primeiros anos de vida do filho”, diz Maria Dirce Benedito.

“Crianças aprendem por observação: vendo como os adultos agem em situações sociais, ela vai desenvolvendo o próprio repertório. Os pais que não se encontram nunca com amigos não estão desenhando esse modelo para o filho”, explica Claudia Cristina de Siqueira. “Os pais que valorizam as relações pessoais, portanto, irão mostrar que o filho pode e deve fazer o mesmo”, completa.

Se as amizades perdurarem até a fase adulta, então, melhor ainda. Os pesquisadores notaram que o que acontece durante a infância pode afetar as pessoas na vida adulta, incluindo ter sentimentos de baixa autoestima. "Nossas reações fisiológicas e psicológicas diante de experiências negativas na infância impactam mais tarde", explicou Bukowski.

Claudia Cristina de Siqueira alerta para questões importantes a serem observadas pelos pais e pela escola:

“Aquela criança está sempre sozinha?
Com quem ela anda?
Ela é convidada para ir à casa dos outros colegas?
Ela costuma estudar com alguém?
Quando monta grupos, o que acontece?”

É preciso respeitar o ritmo da criança, mas se, apesar do seu apoio, for muito difícil ver seu filho fazendo amizades, é recomendável procurar ajuda profissional.

Também na sua vida adulta é importante observar:

Você está sempre sozinho?
Recebe e retribui visitas?
Costuma sair com alguém?
Como você age quando está em grupo?

E se perceber alguma dificuldade, não hesite em buscar ajuda. “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim." Francisco Cândido Xavier

2 comentários:

  1. Oi Érima tudo bem? Fazendo umas pesquisas na net é que vi que vc citou meu nome em seu texto. Muito obrigada!
    Sucesso sempre pra vc, que não cessa em ensinar as pessoas Traves de seus inúmeros textos. Gde bjo.

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