domingo, 6 de novembro de 2016

Meu passado não me condena

Érima de Andrade

Frasezinha batida, mas muito verdadeira. Tenho compaixão por quem é assombrado pelo próprio passado. Em algum momento todos nós fomos. Não tem como escapar, somos humanos, nós e quem conviveu conosco, e portanto, falhamos.

Na infância isso pode ter lhe causado uma grande dor. E doeu tanto, que você colocou numa gavetinha bem escondida. Não lembra mais o que tem dentro dela, mas tem uma lembrança do medo e da dor. Mais ou menos assim: não sei mais o que tem ali dentro, mas lembro que dói, portanto tenho medo e não vou mexer nisso.

Ficou lá atrás, protegido. O medo é um guardião, ele protege alguma coisa que gerou esse mecanismo de defesa, alguma coisa que quando aconteceu você não pôde lidar. Ele lhe protege de uma dor que era muito grande.

Hoje, você pode pautar sua vida a partir dessas suas feridas do passado. Mas pode também escolher se libertar do passado, isso é, escolher trabalhar para que seu passado não lhe machuque mais. Como? Identificando seu medo, aceitando essa dor, compreendendo que não tinha como ser diferente, e integrando na sua história.

Eu fiz as pazes com o meu passado quando me conheci melhor. O autoconhecimento foi o meu caminho de pacificação. É muito libertador e esclarecedor descobrir o porquê eu faço o que faço, e com quem e onde eu aprendi a ser quem sou. Somos todos aprendizes e compreender que nesse caminho cometemos erros, abre espaço para o perdão, a integração da sua história, as pazes com o passado.

Enquanto suas feridas escolherem seu caminho, você não estará vivendo o presente, e pode estar fazendo escolhas que só faziam sentido no seu passado. Fazer as pazes com o passado pode, enfim, permitir fazer escolhas a partir do que vive no momento presente.

Se libertar do passado não é, de maneira nenhuma, colocar uma pedra sobre o assunto e fingir que não aconteceu. Ao contrário, você precisa entrar nele. Precisa olhá-lo de frente, precisa compreender, precisa perdoar.

Ah, mas eu não posso perdoar meu passado! Pode. Mas não é um perdão da boca para fora. É um perdão que vem da compreensão de que as pessoas fizeram o melhor que podiam.

Olhe para o seu passado de um novo ponto de vista. Olhe com sua compreensão de adulto. Aquela dor, aquele medo, você criança, não dava conta. Mas agora adulto, você pode cuidar disso. Pode perdoar. Mais que isso, pode agradecer, pois você é hoje uma pessoa legal, e só é quem você é, porque você viveu tudo que viveu. Então sim, obrigada a todo mundo que fez parte do meu passado.

Quando você compreende, perdoa e agradece, você fecha as contas com seu passado, e pode então, viver plenamente o presente. Você se torna inteiro, identificou seus medos, aceitou suas falhas, integrou seu passado a sua história, compreendeu que não era pessoal, era apenas o que eles podiam fazer, e perdoou.

No meu caso, sou grata a todos os movimentos de autoconhecimento que eu vivi, pois me permitiram ser grata a todos que conheci. Gosto de quem eu sou hoje, gosto do que descobri a meu respeito.

Mais que isso, olho o meu passado e vejo sempre muita gente muito legal! É sempre uma delícia reencontrar essas pessoas que viveram comigo os anos de estudos no colégio. Tão legal como foi encontrar quem estudou comigo na faculdade. Tão legal como são meus encontros de família.

E viva o Facebook que possibilitou tantos reencontros! E uma vez encontrados, marcar um reencontro anual ficou muito fácil. 

O de ontem foi com Vicentinas/os. Somos Vicentinas/os, ex-alunos do Colégio São Vicente de Paula, de Niterói. E sabemos que uma vez Vicentinas/os, sempre Vicentinas/os!


Aqui vale contar que quando entramos era um colégio só para meninas. No equivalente ao que hoje é a oitava série, a escola passou a ser mista. Traduzindo, numa turma nossa de 40 alunos, 3 eram meninos.



Também vale informar que ontem choveu em Niterói desde a madrugada, parou depois das 23 horas. Muita gente ficou sem conseguir chegar. Mas super valeu encontrar quem conseguiu. E sim, ano que vem tem mais, em novembro, no mesmo lugar.

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2016

Então gente querida, até 2017!

4 comentários:

  1. É isso mesmo, Érima, ficarmos em paz conosco e nos deliciarmos também com os momentos entre antigas amigas com quem convivemos por tanto tempo é um brinde à vida. Ontem à noite senti uma grande felicidade. Que maravilha são esses encontros!

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  2. Esses encontros sempre nos fazem sentir que tudo valeu a pena e continua valendo.....cada uma com sua história de vida mas unidas pela infância onde tudo começou. Adorei ontem e estarei sempre em encontros onde uma Vicentina estiver!!!

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Vou ficar feliz com seu comentário. É muito bem vindo!