Érima de Andrade
Frasezinha
batida, mas muito verdadeira. Tenho compaixão por quem é assombrado pelo
próprio passado. Em algum momento todos nós fomos. Não tem como escapar, somos
humanos, nós e quem conviveu conosco, e portanto, falhamos.
Na infância isso
pode ter lhe causado uma grande dor. E doeu tanto, que você colocou numa
gavetinha bem escondida. Não lembra mais o que tem dentro dela, mas tem uma
lembrança do medo e da dor. Mais ou menos assim: não sei mais o que tem ali dentro, mas lembro que dói, portanto tenho
medo e não vou mexer nisso.
Ficou
lá atrás, protegido. O medo é um guardião, ele protege alguma coisa que gerou
esse mecanismo de defesa, alguma coisa que quando aconteceu você não pôde
lidar. Ele lhe protege de uma dor que era muito grande.
Hoje, você pode
pautar sua vida a partir dessas suas feridas do passado. Mas pode também
escolher se libertar do passado, isso é, escolher trabalhar para que seu
passado não lhe machuque mais. Como? Identificando seu medo, aceitando essa
dor, compreendendo que não tinha como ser diferente, e integrando na sua
história.
Eu fiz as pazes
com o meu passado quando me conheci melhor. O autoconhecimento foi o meu
caminho de pacificação. É muito libertador e esclarecedor descobrir o porquê eu
faço o que faço, e com quem e onde eu aprendi a ser quem sou. Somos todos
aprendizes e compreender que nesse caminho cometemos erros, abre espaço para o
perdão, a integração da sua história, as pazes com o passado.
Enquanto suas
feridas escolherem seu caminho, você não estará vivendo o presente, e pode
estar fazendo escolhas que só faziam sentido no seu passado. Fazer as pazes com
o passado pode, enfim, permitir fazer escolhas a partir do que vive no momento
presente.
Se libertar do
passado não é, de maneira nenhuma, colocar uma pedra sobre o assunto e fingir
que não aconteceu. Ao contrário, você precisa entrar nele. Precisa olhá-lo de
frente, precisa compreender, precisa perdoar.
Ah, mas eu não posso perdoar meu passado! Pode. Mas não é um perdão da boca para fora. É
um perdão que vem da compreensão de que as pessoas fizeram o melhor que podiam.
Olhe para o seu
passado de um novo ponto de vista. Olhe com sua compreensão de adulto. Aquela
dor, aquele medo, você criança, não dava conta. Mas agora adulto, você pode
cuidar disso. Pode perdoar. Mais que isso, pode agradecer, pois você é hoje uma
pessoa legal, e só é quem você é, porque você viveu tudo que viveu. Então sim,
obrigada a todo mundo que fez parte do meu passado.
Quando você compreende, perdoa e
agradece, você fecha as contas com seu passado, e pode então, viver plenamente
o presente. Você se torna inteiro, identificou seus medos, aceitou suas falhas,
integrou seu passado a sua história, compreendeu que não era pessoal, era
apenas o que eles podiam fazer, e perdoou.
No meu caso, sou grata a todos os
movimentos de autoconhecimento que eu vivi, pois me permitiram ser grata a todos
que conheci. Gosto de quem eu sou hoje, gosto do que descobri a meu respeito.
Mais que isso, olho o meu passado e vejo sempre muita gente muito legal! É
sempre uma delícia reencontrar essas pessoas que viveram comigo os anos de
estudos no colégio. Tão legal como foi encontrar quem estudou comigo na
faculdade. Tão legal como são meus encontros de família.
E viva o Facebook
que possibilitou tantos reencontros! E uma vez
encontrados, marcar um reencontro anual ficou muito fácil.
O de ontem foi com
Vicentinas/os. Somos Vicentinas/os, ex-alunos do Colégio São Vicente de Paula,
de Niterói. E sabemos que uma vez Vicentinas/os, sempre Vicentinas/os!
Aqui vale contar
que quando entramos era um colégio só para meninas. No equivalente ao que hoje
é a oitava série, a escola passou a ser mista. Traduzindo, numa turma nossa de
40 alunos, 3 eram meninos.
Também vale
informar que ontem choveu em Niterói desde a madrugada, parou depois das 23
horas. Muita gente ficou sem conseguir chegar. Mas super valeu encontrar quem
conseguiu. E sim, ano que vem tem mais, em novembro, no mesmo lugar.
2013
2014
2015

2016
É isso mesmo, Érima, ficarmos em paz conosco e nos deliciarmos também com os momentos entre antigas amigas com quem convivemos por tanto tempo é um brinde à vida. Ontem à noite senti uma grande felicidade. Que maravilha são esses encontros!
ResponderExcluirMaravilha mesmo!!! Um beijo
ExcluirEsses encontros sempre nos fazem sentir que tudo valeu a pena e continua valendo.....cada uma com sua história de vida mas unidas pela infância onde tudo começou. Adorei ontem e estarei sempre em encontros onde uma Vicentina estiver!!!
ResponderExcluirEba! vamos juntas! Beijos
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