domingo, 16 de agosto de 2015

Cognição e quimioterapia

Érima de Andrade

Um dos possíveis efeitos da quimioterapia é o déficit cognitivo que se traduz em
:

- problemas de atenção,
- disfunção da memória verbal e de trabalho,
- dificuldade com a velocidade e o processamento da informação, incluindo tarefas mentais como atenção, raciocínio e memória,
- problemas com a compreensão ou entendimento,
- dificuldade com o julgamento,
- dificuldade em encontrar a palavra certa,
- dificuldade de lembrar de coisas, fatos, nomes,
- dificuldade de concentração,
- dificuldade com o aprendizado de coisas novas,
- dificuldade em gerir as atividades diárias.

Podem ocorrer também, como efeito da quimioterapia, mudanças comportamentais e emocionais, e confusão.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando esses sintomas, saiba que eles são mais comuns do que se pensa, e que é possível aprender a lidar com eles.

As queixas dos pacientes que passaram por quimioterapia, muitas vezes vêm acompanhadas de um sentimento descrito como “uma sensação da cabeça não estar funcionando bem”. Eles notam alterações em sua memória e nas habilidades de pensamento, mas não sabem como descrever as disfunções em várias funções cognitivas. Como eu passei por isso, posso afirmar que a “sensação da cabeça não estar funcionando bem” descreve muito bem essa fase.

As dificuldades que esses pacientes enfrentam podem variar em intensidade e podem tornar difícil a realização de atividades rotineiras. Como esses sintomas vão perdurar por um tempo após o fim do tratamento, é necessário aprender a lidar com eles, e isso envolve encontrar maneiras de desempenhar melhor as atividades da vida diária.

Explicando melhor, após o término das sessões de quimioterapia, o paciente continuará a sentir efeitos do remédio no seu corpo, como dormências nas extremidades e os déficits cognitivos. À medida que o corpo for eliminando o remédio, os sintomas vão desaparecendo. Praticar exercícios ajuda muito nessa etapa.

Até lá, o melhor mesmo é aprender a lidar com isso. Algumas dicas do que pode ser feito:

- Use lembretes e faça listas - leve um caderninho (ou agenda do celular ou de papel) com você e anote as coisas que você precisa fazer. Por exemplo, listas de coisas para comprar, listas de tarefas com as datas, horários e endereços, coisas para fazer, telefonemas para retornar, e até mesmo, questões mais práticas como horários de medicações e consultas. Lembre de riscar da lista os itens realizados.

- Faça um caderno de memórias – ou agenda diária para não esquecer atividades e datas importantes. Faça como um diário onde você pode monitorar possíveis sintomas, efeitos colaterais que esteja sentindo, ou anotar perguntas a fazer o seu médico na próxima consulta.

- Use um calendário de parede - para algumas pessoas isso funciona melhor do que uma agenda ou um caderno de anotações, porque você pendura em um lugar que é fácil de ver. É importante pendurar onde você possa ver sempre, como na porta da geladeira ou no espelho do banheiro.

- Deixe uma mensagem em sua secretária eletrônica para se lembrar de algo importante - ligar para você mesmo e gravar o recado, pode ser uma boa solução se não tiver como anotar na hora alguma coisa importante. Ao ouvir o recado, lembre de anotar onde você poderá ler sempre que necessário.

- Organize o ambiente - manter as coisas em lugares familiares vai ajudar a lembrar onde as colocou. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.

- Evite distrações - trabalhar, ler e fazer suas tarefas em um ambiente organizado e pacífico pode ajudar a manter o foco por longos períodos de tempo.

- Tenha conversas em lugares calmos - isso minimiza distrações e permite que você se concentre melhor no que a outra pessoa está dizendo.

- Repita em voz alta as informações que ouvir e anote os pontos importantes - você pode falar enquanto escreve, assim estará acessando também a memória auditiva. E quanto mais estímulos cognitivos você tiver, melhor.

- Mantenha sua mente ativa - exercite seu cérebro com atividades mentais, como palavras cruzadas, quebra-cabeças, pintura, música ou ainda um novo hobby. Procure atividades que sejam prazerosas e ao mesmo tempo desafiem sua atenção, sua memória ou seu raciocínio, como palestras sobre assuntos que lhe interessam, shows, peças, exposições, conversas com amigos.

- Revise - verifique novamente as coisas que você escreve para se certificar de que você usou as palavras e ortografia corretas. O déficit de atenção pode se manifestar em letras e palavras que não são escritas. Ler em voz alta pode ajudar nessa revisão.

- Treine-se para se concentrar - costumamos fazer uma coisa enquanto pensamos sobre outra, o que aumenta as chances de esquecer algo importante. Concentre-se no que está fazendo para não perder objetos simples, como a chave. Além disso, você pode usar a dica anterior e dizer em voz alta para si mesmo: “Eu estou colocando as minhas chaves na minha cômoda.”

- Exercícios, boa alimentação, boa hidratação, sono de qualidade - as pesquisas sobre qualidade de vida mostram que essas coisas ajudam a manter sua memória de trabalho no seu melhor. A atividade física pode aumentar a agilidade mental, então tente caminhar, nadar, dançar, fazer yoga, jardinagem, ou qualquer outra atividade que lhe dê prazer.

- Converse com as pessoas sobre o que você está passando - dependendo da intimidade, você pode dizer a sua família e amigos suas falhas cognitivas, assim eles poderão entender se você esquecer as coisas que você normalmente não iria esquecer, e ajuda-lo.

- Terapia ocupacional – sempre procure ajuda profissional se sentir que não está dando conta sozinho. Especialmente se viver com sintomas cognitivos da quimioterapia lhe deixar ansioso ou triste.

Lembre que de uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos. Então qualquer atividade estimulando os sentidos será benéfica para você.

E claro, você pode contar comigo:

Érima de Andrade
CREFITO 2 4284to
erimacba@gmail.com

2 comentários:

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