domingo, 1 de março de 2015

Vamos falar sobre o perdão?

Érima de Andrade


Pesquisas e estudos vêm comprovando os benefícios, tanto mentais quanto físicos, do ato de perdoar.

Numa das pesquisas, do Hope College, em Michigan, EUA, 71 voluntários foram instruídos a se lembrar de alguma ferida antiga, algo que os tivesse feito sofrer. A lembrança do fato fez aumentar a pressão sanguínea, os batimentos cardíacos e a tensão muscular, reações idênticas às que ocorrem quando as pessoas sentem raiva. Depois foi pedido que eles se imaginassem entendendo e perdoando as pessoas que lhes haviam feito mal. Os efeitos também foram registrados, os voluntários ficaram mais calmos, e houve uma normalização da pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos. Lembrar dos fatos provocou no organismo reações similares as vividas na ocasião que o fato aconteceu.

Perdoar reduz o estresse que vem de pensar em algo doloroso, mas que não pode ser mudado. Ele também limita a ruminação que leva a um sentimento de impotência que reduz a capacidade de alguém cuidar de si mesmo.

O perdão é um processo mental, ou espiritual, de cessar o sentimento de ressentimento, ou raiva, contra outra pessoa, ou contra si mesmo. O perdão é a experiência interior de recuperar a paz e o bem-estar.

O perdão reconhece o mal, mas permite que o prejudicado leve a vida em frente. O perdão não elimina o fato, apenas o torna menos importante. O perdão pode conviver com a justiça e não impede uma resposta justa e adequada. Você apenas não age de uma perspectiva rancorosa ou transtornada.

Pode acontecer de você perdoar um dia, e depois sentir raiva ao encontrar-se com quem lhe machucou muitos anos depois de ter perdoado. E isso é normal. Esse sentimento somente indica que a ferida causada pela ofensa ainda não sarou completamente.

Perdoar não implica numa volta a um relacionamento normal com a pessoa perdoada. Ás vezes, o perdão implica em reconciliar um relacionamento, e outras vezes, em abrir mão desse relacionamento.

Perdoar é uma escolha, é um ato que a gente faz e não necessariamente algo que a gente sente, é um processo e pode ser praticado.

A ausência de perdão causa estresse sempre que se pensa em alguém que nos feriu e com quem não fizemos as pazes. Isso prejudica o corpo e provoca emoções negativas. Guardar ressentimentos prejudica a saúde.

Perdoar, ao contrário, faz bem à saúde porque resulta em sentimentos de paz, harmonia e felicidade. O bem estar emocional e espiritual ajuda o corpo a produzir hormônios, anticorpos e vacinas naturais que reforçam o sistema imunológico, combatem doenças e promovem a saúde.

Perdoar é a arte de fazer as pazes quando algo não acontece como queríamos. E coisas ruins, que dão errado, que nos decepcionam, nos fazem sofrer, acontecem com todo mundo. Não podemos escapar de todos os males, mas podemos perdoar. 
O perdão implica que se pode ficar em paz mesmo tendo sofrido um mal.

O que diferencia uma pessoa de outra é a reação que cada um tem ao que lhe acontece e você pode escolher guardar rancor, e com isso ficar com a mente ocupada por lembranças amargas, ou por planos de vingança.

Ou pode escolher seguir em frente, remover os obstáculos, perdoar. 

O perdão nos deixa leves, deixa o passado ir e olhando em profundidade é também uma prática de desapego. É o deixar ir da nossa raiva, ressentimento, ódio. O perdão acaba beneficiando mais quem perdoa do que quem é perdoado.

Que a prática do perdão possa fazer parte da sua vida.

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