domingo, 29 de abril de 2018

Indo para...

Érima de Andrade

(Ilustração Enrico Batalha)

Eu conheço muita gente assim, vê com clareza o caminho levando para o tombo, para o buraco, para o pé na jaca, e não se sente capaz de criar alternativa.

Tenho uma prima que está passando por isso,
se vê a caminho dos sintomas físicos e emocionais provocado por estresse, mas não consegue mudar a rota.

O motivo de não mudar o caminho, quase sempre são os outros: marido, filhos, mãe, trabalho, gatos, cachorro; que ocupam todo o tempo que poderia ser usado para sua qualidade de vida.

E não é só começar uma atividade física com dia e hora marcados. Ela também se sente incapaz de começar a ler um livro que a deixou curiosa, pois "não sobra tempo."

Não, não são crianças recém nascidas, e não, a mãe tem dificuldades físicas, mas tem autonomia e independência. Todos podem se virar sozinhos enquanto ela cuida de si.

Mas é ela, as escolhas dela, que a colocaram nesse caminho.

Sim, escolhas. Tempo é totalmente questão de preferência. Ela, e todo mundo, tem autonomia para escolher como preencher o seu tempo, como vai usá-lo, como vai desfrutá-lo melhor. Basta se empoderar dessa autonomia.

Minha prima é meditante há anos. Mas se embarreirou de tal maneira, que não atingiu, ainda, os benefícios da meditação.

Claro que separar um momento para sentar em silencio, observando sua respiração, estando presente para você, no aqui e agora, e ótimo. E sim, traz benefícios.

Mas a prática diária da meditação tem o objetivo de levar a meditação para todos os momentos da sua vida diária, em vez de ser restrita aquele momento determinado na sua vida diária.

Se você está presente no seu trabalho, você faz escolhas melhores. Se você está presente o dia todo para você, você está em meditação na sua vida diária. Se está presente para você nos seus relacionamentos, consegue, com clareza,  combinar, conversar, ouvir a fala do outro.  E uma comunicação clara é a melhor fonte de entendimentos.

Acredite, nós sofremos basicamente por falhas na comunicação. A gente acha que sabe o que o outro vai fazer, deduz a escolha que ele fará, sabe qual é a opinião dele em todos os assuntos, e nem precisa conversar a respeito. E de pergunta em pergunta não feita, a barreira entre vocês se torna maior e mais larga. Se você está vivendo isso, é hora de construir pontes e derrubar essas barreiras. 


Ou, quando se der conta, não conseguirá mais fazer contato, estarão os dois presos nas certezas das suas suposições.

Tem saída? É claro que tem! Comece fazendo uma agenda deixando espaço, por escrito, para você.

E vá anotando ao longo da semana, todas as desculpas que inventou para não cumprir esse compromisso pessoal. 


Algumas pessoas leem as desculpas da semana e percebem, sem nenhuma dúvida, o que é preciso mudar. Outras precisam de ajuda para sair dessa auto-sabotagem.  E tudo bem.

Se for o seu caso, eu conto que muitos caminhos levam ao autoconhecimento. São caminhos de todos os tipos, para todos os gostos, em todos os lugares, com custos variáveis. Procure aquele que você sentir que é o melhor para você. 


Ou então, converse comigo. Quem sabe eu posso lhe ajudar?

Bora sair dessas rotas de colisão inspirado em Fernando Sabino?

“Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro."Fernando Sabino


4 comentários:

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