Carnaval bombando. Os que gostam da festa estão na folia. Os que não gostam estão procurando séries, filmes, livros interessantes para aproveitarem esse tempo de folga. Ou não...
Se você faz parte do grupo que está procurando alguma coisa para assistir, na Netflix tem uma série que vale a pena, Grace e Frankie. É muito divertida, e, para mim, uma alegoria ótima de como não é possível fugir das consequências das suas escolhas.
A série conta a história de dois casais, Robert e Grace, Sol e Frankie. Os homens são amigos e sócios num escritório de advocacia. Por conta dessa amizade, compraram juntos uma casa na praia onde as duas famílias ficam juntas nos feriados, fins de semana e férias. Um dia avisam as esposas que precisam conversar. Marcam dia para essa conversa por se tratar de algo que mudaria a vida deles. As esposas têm certeza que vão anunciar a aposentadoria, e se preparam para isso.
As conversas acontecem separadamente, cada casal na sua própria casa, falando a mesma coisa, ou seja, o marido anunciando que tem um caso com o outro marido, e que eles decidiram se assumir para viver plenamente esse amor. É a partir disso que a série começa.
Repito sempre no consultório que não aprendemos automaticamente com o que nos acontece. Precisamos escolher aprender com o que nos acontece. E a série, entre outras
coisas, mostra isso, como mesmo passando por situações intensas, elas só aprendem quando decidem olhar o que aconteceu, entender, integrar.
Ao longo dos episódios de Grace e Frankie descobrimos que cada uma, a sua maneira era infeliz no casamento, e fugia dessa realidade se drogando. Uma bebia e mergulhava no trabalho. A outra chapava com maconha para abrir canais sutis de inspiração e criatividade. Por melhores que fossem as intenções e os resultados, o que elas faziam mesmo era fugir. E se você não olha a sua realidade, você não pode modificá-la. Simples assim, tudo fica do mesmo jeito.
Ao longo dos episódios de Grace e Frankie descobrimos que cada uma, a sua maneira era infeliz no casamento, e fugia dessa realidade se drogando. Uma bebia e mergulhava no trabalho. A outra chapava com maconha para abrir canais sutis de inspiração e criatividade. Por melhores que fossem as intenções e os resultados, o que elas faziam mesmo era fugir. E se você não olha a sua realidade, você não pode modificá-la. Simples assim, tudo fica do mesmo jeito.
A vida deu essa rasteira na dupla, o casamento, apesar de longo, não era sólido. E ao longo dos episódios vamos acompanhando as muitas confusões que provocavam por não agirem de acordo com o que acontece no momento, por não quererem lidar com o que acontecia, com a negação pura e simples. Até onde conseguiram, elas continuaram fugindo das consequências das suas escolhas. Fugiam, especialmente, de assumir a responsabilidade por não escolher.
É divertido, mas vamos nos divertindo com os maus humores e trapalhadas, com ironias, e muita negação do óbvio. Como alegoria é ótima! Como diversão também. Se você quiser, faz pensar, senão quiser, você apenas se diverte.
Uma das personagens, numa das temporadas, se recusa a descer do salto, literal e emocionalmente. Gasta uma energia impressionante para negar um problema no joelho que acaba evoluindo para uma cirurgia reparadora. Até chegar nesse ponto, ela passou por disfarçar a dor com remédios, a subir e descer a escada que leva ao próprio quarto sentada nos degraus, a beber quando a dor estava insuportável e os remédios não faziam mais efeito, mas seguiu se recusando a pedir ajuda as pessoas, ou a usar a bengala sugerida pelo médico.
A outra personagem se enrolou tanto nas mentiras que inventava tentando esconder sua desatenção, que, um belo dia, quando foi ao banco pegar um novo cartão da sua conta, teve o pedido recusado por estar morta no sistema. Consequência de fingir ser a sua irmã de luto por ela, para não ter que pagar por ter perdido, mais uma vez, a chave da sua caixa no correio. Essa informação foi parar no sistema do seguro social, e gerou baixa em todos os serviços, a deixando sem conta no banco, sem documentos, sem direitos. Morreu, oficialmente falando.
Você só aprende com o que escolhe aprender. E elas escolheram continuar a negar os problemas que surgiam até que ficassem grandes demais para serem ignorados. E mesmo grande, você só aprende com eles se escolher aprender. Como não pode ignorar um problema que ficou enorme, você o resolve. Mas precisa escolher aprender com a situação. Precisa escolher não permitir de novo essa bola de neve. Precisa querer mudar o que levou você até esse ponto.
A série é mesmo bastante divertida. Uma alegoria que mostra que não adianta ser cada vez mais eficiente em fugir dos seus problemas, as consequências chegarão. E isso vale para a série e para vida. Vale para todas as vezes que você forçou a barra só mais um pouco sem dormir ("Tenho que entregar esse material amanhã sem falta."); ou forçou o carro que estava fazendo cada vez mais barulhos estranhos ("Não posso ver isso hoje, preciso do carro."); ou forçou o computador que vivia dando sinais de que ia falhar ("Assumi um compromisso, tenho um trabalho importante para entregar, não posso parar agora."). Sim, você não pode, não quer, não escolheu.
Na série a gente se diverte com situações assim, na vida a gente se desgasta com essas coisas. Consequências. Se você vê alguma coisa que precisa de cuidado, cuide. As consequências dos seus cuidados com você, e com os outros, pessoas, animais, coisas, são sempre melhores do que as consequências da sua negação.
Aproveita o carnaval da maneira que achar melhor. Mas vai informado que tudo o que você fizer, ou deixar de fazer, vai ter consequências. Bom feriado para você!
Adorei Érima, não sabia que tinha um blog, parabéns. Ótimo pararelo com a vida real. Não devemos deixar para depois o que podemos resolver agora. Nossas ações tem consequências para a vida toda.
ResponderExcluirObrigada por comentar Victor! Tem texto novo todo domingo. Já são 520 publicados :). Beijos
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