domingo, 7 de agosto de 2016

Lágrimas

Érima de Andrade

O corpo reflete nossas emoções, por isso é tão importante escolher quais queremos alimentar; por isso é tão importante cuidar para se sentir bem, disposto e feliz.

Como diz a frase, em várias línguas, que encerra o clipe Emoções – Jogos Olímpicos, postado domingo passado aqui no blog, “Nossa emoção pode transformar o mundo.” Pode mesmo. E ela começa provocando alterações no nosso organismo, no nosso mundo interno e individual, e daí para toda parte.

Podemos pensar o nosso corpo como um holograma. A característica especial dos hologramas é que cada parte deles possui informação sobre o todo. Como um holograma, cada pequena parte do nosso corpo, possui informação sobre o que afeta o nosso todo. A felicidade, por exemplo, aparece no bom funcionamento do sistema digestivo, no brilho do cabelo e pele, na disposição, no bom sono, e até nas lágrimas.

Estamos em plena Olimpíada, e o que não falta nas imagens dos jogos são as lágrimas. Que bom, porque chorar faz bem, traz benefícios para a alma, para o corpo e para o humor. Chorar funciona como uma descarga física e emocional que expressa nossas necessidades e nos preenche.

Existem três tipos de lágrimas, as que tem função lubrificante, as que surgem como um reflexo a uma agressão, e as emocionais. Fisiologicamente elas são as mesmas. Todas são produzidas pela glândula lacrimal e possuem três camadas: externamente uma película de gordura, que envolve um recheio de água, que por sua vez, fica sobre um filete de muco. O que muda entre elas, é a proporção de cada camada.

A fotógrafa Rose-Lynn Fisher quis saber como cada uma delas apareceria num microscópio. Criou o projeto “Topografia das Lágrimas”, estudou 100 lágrimas diferentes, e comprovou, com imagens, que existem diferenças entre as lágrimas de alegria, tristeza, heroísmo, fraqueza, vitória, derrota, dor, ressentimento, prazer, raiva, admiração, fortes emoções, e lágrimas de quem corta cebolas, ou come pimenta, ou chora por estar estressado, ou ainda, lacrimeja quando boceja. Comprovadamente, não existe lágrima igual a outra.

Com suas fotos, Rose-Lynn prova que nossas experiências se refletem na estrutura das nossas lágrimas, que as lágrimas mudam de acordo com nosso humor, e que cada gota de lágrima é um microcosmo de experiência humana.

Com a ajuda de um microscópio óptico, e uma câmera de microscopia especializada, ela comprovou que as lágrimas apresentam cristalizações únicas que levam a formas diferentes. Ou seja, você não vai ver a olho nu a diferença entre as lágrimas, mas pode imaginar como é cada lágrima das várias que surgem no fim de cada competição de uma Olimpíada. 


Para lhe ajudar a visualizar melhor, eis algumas das fotos feitas por Rose-Lynn, que já expôs ao redor do mundo em galerias e museus de arte, ciência e história.


Lágrima de alegria, que pode ser de ganhar o jogo, ou de realizar um sonho, ou de atingir um objetivo. Tanto faz. Quando você chora de felicidade, suas lágrimas, no microscópio, serão similares a essa imagem acima. 


Lágrima de alívio, quem sabe foi essa que escapou quando você descobriu que conseguiu chegar no estádio antes do jogo começar?


Lágrima de esperança. Arrisco dizer que foi esse o sentimento despertado pela abertura da Rio 2016, esperança num mundo de respeito pelas diferenças, esperança nos jovens, esperança de um meio ambiente mais bem cuidado.


Lágrima de tristeza, talvez por ter perdido o jogo, talvez pela dor do atleta machucado, talvez por ser a hora da despedida. Chore, chore mesmo, ajuda a superar esse momento.


Lágrima de recordação. É essa que escapa quando você está em casa lembrando tudo de bom que viveu.


Lágrima de reencontro, com certeza é a que você vai produzir quando reencontrar aquele ser especial. Pode ser um parceiro, mas também pode ser a emoção do reencontro com seu animalzinho que resolveu sair sozinho para passear.


Lágrima de chorar de rir. Essa é deliciosa! Tão bom quando ela aparece!


Lágrima de cortar cebola. É assim que você chora quando se anima na cozinha.


Lágrima de mudança, minha lágrima hoje quando o computador pifou antes de eu acabar o texto, se recusou a reiniciar e precisei usar o do meu filho...  São lágrimas da saída da zona de conforto.

E a vida segue!

4 comentários:

  1. O trabalho lembra o do Emoto mas interessante , faz muito sentido que a cada momento nossas secreções ( Pq devem ser todas) tragam a história da nossa vida é do nosso momento. 👏👏👏👏

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  2. Maravilhoso este texto.
    E escrito em uma ótima ocasião. Viva a você!!! E Viva a nós brasileiros pelas nossas qualidades e criatividade. Um beijo

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