domingo, 31 de julho de 2016

Entrando no Clima dos Jogos

 Érima de Andrade

Não tem jeito. É muito raro que você goste de alguma coisa que não conhece.
Então, como eu gosto muito das Olimpíadas, vou escrever sobre essa história para você que não conhece, quem sabe, aprender a gostar desse evento. Se você é do time que está torcendo contra, ou faz parte de um grupo que quer apagar a tocha olímpica, e se não quiser mudar de opinião, sugiro que nem leia. Eu vou sim, defender os jogos.

Acho genial a proposta dos jogos. O sedentarismo não é uma escolha natural, músculos e articulações foram criados para o movimento. E uma competição que premia os melhores, e mais eficientes movimentos corporais, é genial e maravilhoso.

Foram os gregos que criaram os Jogos Olímpicos. Por volta de 2500 a.C. eles já realizavam competições. Isso mostra a importância que os gregos davam aos esportes e a manutenção de um corpo saudável. E haja beleza nos movimentos precisos, bem treinados e limpos apresentados nas competições. São várias modalidades maravilhosas e inspiradoras, uma delas com certeza mexe com você.

Mesmo competindo desde 2500 a.C., foi só em 776 a.C. que os gregos organizaram pela primeira vez os Jogos Olímpicos, e os atletas vencedores começaram a ter seus nomes registrados.

Para os jogos de 776 a. C. foram convidados atletas de várias cidades-estados da Grécia clássica. Os reis de Ilia, de Esparta e de Pissa aliaram-se para que, durante os jogos, houvesse trégua em toda Grécia.

Ou seja, a proposta dos jogos era de unificar as ilhas gregas. Em vez de lutarem para conquistar o oponente, criando inimigos, optaram por competir e ter adversários. Premiavam os melhores em cada modalidade, independente da cidade de origem. Não é genial? União conquistada pelo esporte, e não pela guerra.

A aliança entre os reis foi realizada no templo de Hera, localizado no santuário de Olímpia. Os jogos também aconteciam em Olímpia, para onde os cidadãos das outras cidades peregrinavam para participar das competições. Olímpia deu origem ao nome  Olimpíadas. Convidar atletas de fora fazia parte do espirito olímpico que tinha por princípio, haver paz, amizade e o bom relacionamento entre os povos.

Os gregos, na verdade, buscavam através dos Jogos Olímpicos a paz e a harmonia entre as cidades que compunham a civilização grega. Só em 1896, por iniciativa do pedagogo suíço Pierre de Frédy, conhecido como Barão de Coubertin, aconteceu a primeira Olimpíada da Era Moderna, essa sim, com a participação de atletas de vários países, disputando um conjunto de modalidades esportivas. Para ser exata, nessa primeira Olimpíada inspirada nos jogos gregos, treze países participaram. E como acontecia na Grécia antiga, o objetivo também era a paz e a amizade entre os povos.

O Barão de Coubertin acreditava que a prática de esportes deveria ser estimulada, em especial entre os jovens. Mais que isso, gostava da ideia de uma organização internacional que ajudasse a promover a paz entre as nações. No projeto dele também constava o resgate dos símbolos das Olimpíadas antigas, como o revezamento da chama olímpica.

O revezamento da chama olímpica tem sua origem nos jogos gregos. Os mensageiros da Grécia antiga viajavam pelas cidades anunciando a data dos jogos. Além de convidar os cidadãos a irem até Olímpia, eles proclamavam a trégua sagrada, isto é, um mês antes e enquanto durassem os jogos, e a tocha estivesse acesa, todas as guerras em curso deveriam cessar para que atletas e espectadores pudessem participar dos jogos com segurança.

Simbolicamente, acender a chama olímpica, significa que Olímpia avisa que os jogos estão chegando, está na hora da trégua sagrada. Com o passar dos tempos, a chama olímpica se consolidou como símbolo de paz, união e amizade entre os povos, como era na antiguidade. Para o Barão de Coubertin, os jogos promoviam a paz pois “o importante não é vencer, mas competir. E com dignidade”.

É uma linda simbologia. Enquanto focam no desenvolvimento de tecnologia para melhorar o desempenho nos esportes, abrem mão de focar no desenvolvimento de armas para a guerra. É essa a proposta, tornar os jogos mais atraentes que os combates.

Pena que não tenha mais o poder de estabelecer a trégua sagrada. Ao menos, os jogos conseguem ser o assunto principal dos noticiários durante as competições. É um respiro bom.

A chama olímpica evoca a lenda de Prometeu, que teria roubado o fogo de Zeus para o entregar aos mortais. Mantendo essa tradição do fogo dos deuses, a chama é acessa em frente a ruína do templo de Hera, em Olímpia. Para garantir a sua pureza, e a ligação com os deuses, ela é acessa com a ajuda de uma skaphia, uma espécie de espelho côncavo que concentra os raios da luz do sol. De lá, a chama é transportada em revezamento até ao país-sede das Olimpíadas, escolhido a cada quatro anos, e acende a pira olímpica, sinalizando o início dos jogos. 




A pira permanecerá acessa durante toda a competição. Acender a pira faz parte da cerimônia de abertura, e apagar a pira, faz parte da cerimônia de encerramento dos jogos. O Barão de Coubertin dizia: "Que a Tocha Olímpica siga o seu curso através dos tempos para o bem da humanidade cada vez mais ardente, corajosa e pura". Que siga!

A superação dos limites é a essência da frase que define o espírito olímpico. Em latim, “Citius, altius, fortius”. Significa mais alto, mais rápido e mais forte. Encoraja a buscar a eficiência do movimento, para o salto mais alto, o arremesso mais forte, o deslocamento mais rápido. E não se busca isso apenas nas provas individuais. Os jogos em equipe mostram atletas “especialistas” em cada uma dessas habilidades, que somadas formam um time forte, com o melhor dos competidores, levando a excelência nas partidas. Lindo de ver.

O Barão de Coubertin também desenhou a bandeira dos jogos. Para ele a paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos são os princípios dos jogos olímpicos, e era necessário criar um símbolo para esse espírito. Os principais valores do espírito olímpico são, entendimento mútuo, igualdade, amizade e jogo limpo. Era preciso um símbolo que evocasse todas essas ideias.

Ele desenhou então cinco anéis de cores diferentes, localizados no centro de um fundo branco, que se entrelaçam para dar voz a valores como universalismo e humanismo. As cores diferentes dos anéis representam o respeito as diversidades de todas as nações, e o fundo branco representa a paz entre os continentes.

Assim, da esquerda para a direita, de cima para baixo, os anéis são: azul, Europa; preto, África; vermelho, América; amarelo, Ásia; verde, Oceania.



Esta bandeira representa a universalidade do olimpismo, ou seja, espírito olímpico, ética no esporte, união através do esporte. O conjunto de anéis representa os continentes habitados unidos pelo esporte.

Ao menos uma das seis cores, contando com o branco, aparecem em todas as bandeiras dos países existentes em 1896, quando aconteceu a primeira Olimpíada da Era Moderna, realizada em Atenas.

A bandeira olímpica é hasteada na cerimônia de abertura das Olimpíadas. Enquanto a chama olímpica queima no estádio, ela permanece hasteada. Na cerimônia de encerramento, a bandeira é recolhida e entregue ao prefeito da cidade sede das Olimpíadas para os jogos seguintes.

Se você esteve em Marte nos últimos meses, informo que a chama olímpica chegará ao Maracanã, no Rio de Janeiro, dia 5 de agosto de 2016, para dar início aos Jogos Olímpicos. A tocha brasileira, na minha opinião, é linda. Um orgulho ver as belezas culturais e naturais do Brasil, representadas na tocha.



A tocha Rio 2016 é feita de alumínio reciclado, modalidade de reciclagem em que somos campeões. Ela é colorida com o amarelo representando o sol e o ouro; o verde as montanhas, morros e vales; azul os mares e os rios. A tocha ainda remete ao tradicional e famoso calçadão de Copacabana. Ela tem um mecanismo que a faz aumentar de tamanho quando acesa. Mede 63,5 cm quando fechada e 69 cm quando aberta. E pesa em tono de 1,5 kg.

Agora que você já conhece todo o simbolismo envolvido nesse evento, convido-o a torcer comigo pelo sucesso e segurança das competições, dos atletas e dos espectadores. Tudo bem que você tenha sido contra os jogos no Rio, mas eles vão acontecer. Então que aconteçam da melhor maneira possível.


Bora torcer?


Obs: todas as imagens foram tiradas do site oficial Rio 2016.
Obs 2: achei esse vídeo tão lindo que tive que acrescentá-lo: 



2 comentários:

  1. Aceito o convite, apesar de estar em Marte nos últimos meses. Aprendi bastante coisa com o texto. Didático e sedutor. Vou torcer ,pelo espírito olímpico .👏👏👏👏

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Vou ficar feliz com seu comentário. É muito bem vindo!