domingo, 1 de novembro de 2015

Conhecendo o ser humano

Érima de Andrade

Não conheci Bob Hoffman pessoalmente, mas sou profundamente grata a ele por tudo que me ensinou. Costumo dizer que compreendo o ser humano pelo olhar de Bob Hoffman. É dele essa frase que me norteia até hoje:

“Ao viver bem com as pessoas, afora amá-las, lembre-se de que elas precisam:
- privacidade;
- espaço para serem criativos;
- permissão para errar;
- aceitação pelo que são e pelo que não são."

Me amar fez toda a diferença na minha vida: amar a si mesmo é um requisito fundamental para que o ser humano possa vivenciar a felicidade.

Para se amar é preciso se conhecer. Se conhecendo e se aceitando, você alimenta seu amor próprio. Preenchido de amor, você pode dar amor, e aí, amar os outros fica simples. 

E nem por isso fácil. 

Mas pode ser treinado.
  
Treine olhar o outro lembrando que ele também tem emoções, intelecto, espírito e corpo. Como ensinou Bob Hoffman, lembre que o outro também é uma quadrinidadeLembre, que como você, aquele corpo também expressa a programação negativa da infância e a sabedoria do ser espiritual. 

Coloque seu ser espiritual no comando da sua vida e perceba como fica mais fácil reconhecer que aquela negatividade, afinal, é só programação. Trabalhando a sua programação, o amor brota, aumenta e transborda. Amar o outro depois disso, é quase inevitável.

E eu? Eu estou oferecendo isso tudo as pessoas que convivem comigo? Eu permito a elas privacidade? Eu espero a perfeição? Eu dou espaço para as novidades? Eu quero que se encaixem na imagem que eu construí de cada uma delas? 

As vezes sim... eu também não dei a elas incondicionalmente tudo o que eu considero importante para vivenciar a felicidade... 

Mas essa frase sempre me ajuda a pensar e mudar. Obrigada Bob Hoffman! Vamos pensar juntos:

Privacidade: privacidade nada mais é que respeitar o espaço pessoal. Você pode viver numa comunidade alternativa, morar numa casa sem divisões internas, e ainda assim, manter seu espaço pessoal e respeitar o dos outros. 

Privacidade é respeitar os ciclos e ritmos, a necessidade de recolhimento e de festa, as lembranças e os objetos significativos de cada um.

Todo mundo tem um objeto, ou uma imagem que o faz conectar com emoções e lembranças muito positivas. Privacidade também é respeitar esses momentos de reconexão.

Espaço para serem criativos: o novo nos tira da zona de conforto, e por hábito, acabamos nos automatizando, perdendo a criatividade. E se eu não me dou espaço para ser criativo, também não autorizo quem convive comigo a tentar novas soluções. 

Então se pergunte: o que eu posso fazer diferente hoje? E não precisa ser nada muito exótico, do tipo ir trabalhar com uma calça florida e uma camisa xadrez ao invés do mesmo terno de sempre... Pode ser sentar num lugar a mesa diferente do que você senta sempre durante as refeições; ou trocar o relógio de braço; ou ainda fazer um percurso alternativo para voltar para casa. Sua criatividade, seus neurônios, sua vida ganham com essas mudanças.

Permissão para errar: alô perfeccionistas, essa informação é para vocês: erro é aprendizagem. Só é possível melhorar reconhecendo seus erros, aprendendo com eles, consertando o que fez de errado e seguindo em frente.

E já lhe ocorreu que o que você considera errado, às vezes, é apenas uma maneira diferente da sua de fazer a mesma coisa?

Passei a me observar, a pensar antes de agir, a me perguntar antes de qualquer coisa, está errado mesmo ou é apenas uma nova maneira de fazer, diferente do que eu faria?

Aceitação pelo que são e pelo que não são: gosto de usar frutas para falar dessa parte: 
mais do que se aceitar maçã é preciso também aceitar que você não é manga. A melhor maçã que você puder ser, não vai lhe deixar nem um milímetro mais perto de se transformar em manga. Você, sem duvidas, é mais perfeito sendo maçã do que tentando ser manga. Valorize o que você tem de bom, e aproveite a diversidade.

Aí pensei nos meus filhos. Eu os estou educando lembrando que são únicos e especiais?

Claro que não.

Como podem se expor ao mundo com coragem e confiança seu eu não deixava espaço para tentarem fazer de uma outra maneira?

Como descobrir defeitos e qualidades se eu esperava que acertassem sempre? 

Como saber quem são se eu esperava que os dois reagissem iguais, ignorando qualidades e talentos, focada unicamente na “boa educação”?

Descobri que sim, eu e meus filhos somos muito parecidos, mas não somos iguais. E tem coisas que eu gosto e eles não. Tem coisas que um deles gosta e o outro detesta, e não tem nada a ver comigo.

Inventam coisas que jamais passaria pela minha cabeça, e é maravilhoso.

Privacidade é um espaço sagrado. Deixar que tenham o espaço deles não significa abandoná-los a própria sorte, virar as costas e não se importar. Ao contrário, é por amor e respeito que o espaço deles está preservado.

E assim, amando, dando privacidade, espaço para serem criativos, permissão para errar, 
aceitação pelo que são e pelo que não são, que vamos construindo uma linda história de amor, auto-estima, respeito e convivência.

Como tudo isso teria sido útil na construção do meu amor próprio... mas não foi assim. 
E se não posso mudar meu passado, posso mudar meu presente e fazer um futuro melhor. E se eu posso, você também pode. Vamos?

A transformação é sempre pessoal, então: para viver bem consigo mesmo, além de se amar, 
lembre-se de que você precisa de privacidade; espaço para ser criativo; permissão para errar e aceitação pelo que é e pelo que não é.


Que todos nós possamos aprender uns com os outros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vou ficar feliz com seu comentário. É muito bem vindo!