domingo, 15 de junho de 2014

Postes

Érima de Andrade

Texto antigo para essa semana de jogos e feriados. Boa leitura!

Andei pensando sobre os postes.

Um amigo do meu filho foi a um show de música.

Como já estava combinado que voltaria de carona, bebeu todas, segundo ele.

Ao sair do show, percebeu que o poste se mexia como um pêndulo preso ao chão, com intervalos regulares, de um lado para o outro...

Pensou “se eu calcular bem, quando o poste for pra lá, eu corro e passo antes dele voltar.”

Parou, olhou fixamente para o poste, se preparou e quando poste foi, ele correu.

Bateu de cara no poste.

Vai ver não deu tempo.

Com toda dignidade que conseguiu juntar, levantou do chão, entrou no carro e foi pra casa, ignorando solenemente a cara de perplexidade dos que viram a cena.

Eu nunca sofri acidente com o carro, mas já bati em três postes.

E nas três vezes, do mesmo jeito: saindo de uma vaga.

Saindo sem nenhuma pressa, olho pra um lado e amasso a porta do carro no poste do outro lado.

Deve ser algum resgate cármico...

Costumo dizer que fiquei tão independente que não preciso da ajuda de ninguém pra amassar meu carro, eu mesma cuido disso, um poste, uma vaga e pronto!

Ninguém se machuca, o poste nem percebe que passei por lá, não quebra, não amassa, nem ao menos perde a tinta, prejuízo só pra mim.

Na 1° vez amassei a parte de baixo da porta do motorista; na 2°, o meio da porta do motorista; na 3° fui mais destrutiva, da porta do motorista a porta de traz, quase até a mala do carro, um estrago!

Fico escrevendo essas coisas, acabo queimando meu filme.
O que vão pensar de mim? Não sou tão ruim quanto parece.
Eu sou bacaninha, faço um monte de coisas que dá certo.

Menos na cozinha...

Confesso que não tenho muita habilidade com a culinária.

Alguns dirão que não tenho nenhuma, mas é exagero...

Fervo uma água tão bem quanto qualquer mestre cuca; detesto lavar alface, mas corto o tomate sem nenhum problema, a salada fica linda!

Me viro direitinho, ninguém passa fome aqui.

Outro dia resolvi fazer biscoitos.

Traduzindo: cismei de fazer biscoito.

Significa que: convoquei todo mundo pra fazer biscoitos, filhos e amigos dos filhos.

Fiz a massa e deixei que moldassem a vontade.

Deu cinco formas de pequenas esculturas: violões, carros, cachorros, geladeira, televisão, tinha de tudo, e todos os tamanhos.

Forno quente, massa dentro e de lá só saiu monstrinhos!

Tudo deformado...

1° lição: farinha com fermento não serve pra fazer biscoito. A massa cresce e o biscoito deforma.

2° lição: ficaram duros, além de deformados, mas ainda não sei por que. Ainda na aprendi bem essa lição... vou ter que tentar de novo...

Tenho que contar, que apesar disso tudo, o amigo do meu filho que “atacou” o poste, comeu um pote inteiro, e adorou!

Depois disso, já fiz vários bolos, de caixinha, que deram certo, ficaram gostosos, e é claro que não desenformei, pra que arriscar, não é?, mas eles só lembram dos biscoitos... uma injustiça...


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