O que leva alguém a buscar uma terapia, ou
qualquer outro trabalho de autoconhecimento?
Todos buscam a mesma coisa,
mesmo que não tenham clareza da resposta: independência emocional. Buscam uma maneira de pensar sobre a própria vida e
de compreender seus processos internos para conquistarem a independência
emocional. Buscam ser mais felizes.
Mas um terapeuta não tem as
respostas. Todas as respostas são internas e pessoais. Hermann Hesse define
muito bem essa impossibilidade de receber respostas do outro:
"Nada lhe posso dar
que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua
própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o
ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo".
Fátima A. Bittencourt explica assim por que
conhecer a si mesmo:
“Por mais que pareça que os outros escolhem nossos caminhos, sempre tem uma permissão nossa para isso acontecer. Se não existe uma satisfação para onde estes caminhos estão levando é hora de repensar os erros que se repetem e as virtudes que não estão sendo praticadas.
Chamamos esse novo caminhar de autoconhecimento. Esse é o chão que sustenta o caminho escolhido e a base da própria vida. A sabedoria é o que praticamos com o autoconhecimento que adquirimos, e ela é que abre os caminhos para que possamos ser felizes.”
Mas os caminhos só se abrem
quando temos a coragem, e ousadia, de viver no momento presente. Segundo Schopenhauer a
consequência da fuga do presente é a insatisfação eterna dos que não valorizam o que possuem, desejando sempre coisas distantes.
Quando conseguem o que querem, essas pessoas passam imediatamente a desejar
outras coisas ainda mais difíceis.
Heloisa Capelas completa: “Outra
consequência da fuga do presente é a incapacidade de tomar decisões no momento certo. As
pessoas esquecem do que está acontecendo nesse exato momento, só valorizam algo
depois que o perdem. Quem só pensa no futuro desaprende a interagir com as
coisas que estão diante de seus olhos.”
Solidez é o que
conquistamos vivendo o momento presente. Segundo Thich Nhat Hanh:
“Solidez torna possível a nossa felicidade. Alguém
que não é estável, alguém que não é sólido não pode ser uma pessoa feliz.
Quando você é sólido, as pessoas podem confiar em você. Quando seu amado é
sólido, você pode confiar nele. Portanto solidez é algo que você pode oferecer
à pessoa que ama, como o frescor.”
Como terapeutas, ou
professores de autoconhecimento, podemos oferecer a solidez, podemos ajudar a
tornar visível o que esta inconsciente,
ajudar a repensar os erros que se repetem, a lembrar o que estão vivendo nesse
exato momento, podemos oferecer nossa disponibilidade para ajudar, para ampliar seu campo de visão. Como diz Arthur
Schopenhauer: “Todo o homem toma os limites de seu
próprio campo de visão como os limites do mundo.” E algumas vezes esse
mundo fica muito pequeno e sem graça.
Podemos sim estar perto,
mas não podemos resolver. Explica Peter Pál Pelbart:
“Mas os anjos não são
deuses. Eles não podem tudo (...)
Os anjos não podem mudar a
face do planeta nem dirigir o curso do mundo. No máximo podem tornar mais leve o
fardo de uma ou outra vida, de um ou outro momento de uma vida ou outra.
Um pouco como um terapeuta: essa disponibilidade para
ouvir, para tocar, essa presença discreta que pode às vezes suscitar um novo
começo – mas também essa impotência para determinar, para resolver, para viver
no lugar de.”
O caminho é só seu, mas
conte sempre com a nossa ajuda.
Por mais difícil que seja acreditar, toda noite escura tem um fim
brilhante. Regina Saraceni explica:
“É assim mesmo... antes do amanhecer... a escuridão é grande,
mas chegam os raios de luz, trazendo vida para nossos corações. Existe até uma
meditação assim, você se levanta antes do Sol nascer, se posiciona em direção
ao nascimento dele, senta-se confortavelmente e respira calma e profundamente,
prestando atenção na sua respiração. E observa... num momento a luz se faz.”
Não é mágico, algumas vezes
não é rápido, mas sempre vale à pena.
Sempre podemos ver que há luz no fim do tunel quando queremos tirar a venda dos nossos olhos...
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