Érima de Andrade
O hábito é um comportamento aprendido. De tão repetido
se torna inconsciente. Mas o hábito não é um vício. O hábito pode
até ser ruim, mas o vício é maléfico. O vício envolve comportamentos
repetitivos que interferem na qualidade de vida; no vício, além do gesto
repetitivo há uma relação de dependência do indivíduo, seja física, fisiológica
ou psíquica.
Mesmo não existindo uma relação de dependência, por que é tão difícil eliminar
um hábito?
Hábitos são comportamentos instalados que de modo geral facilitam a
nossa vida. São construídos a partir da recompensa que temos com a sua execução.
O cérebro economiza energia quando não precisa pensar o tempo todo no que fazer,
como por exemplo, quando você está dirigindo. Os movimentos são automáticos,
sem pensar, e isso é bom. Ou seja, uma vez acostumado, o organismo passa a gastar
menos energia para executar a ação repetitiva e a guarda para outras situações.
Mas o hábito é ruim quando toda a sua vida é vivida por hábitos, sem
mais pensar em nada do que está fazendo. E nesse caso é preciso mudar.
Um hábito se caracteriza pela falta de emoção. Um bom exemplo é quando
você está tentando criar o hábito de acordar cedo. Nos primeiros dias é um
drama, sono ao longo do dia, dificuldades pra levantar. Após algum tempo,
acordar cedo torna-se automático e você não sofre mais com a mudança. As
emoções que acompanhavam a ação deixaram de existir, e você conquista a
automatização da ação.
O tempo para que um hábito entre na rotina varia de acordo com o tipo de
ação e, claro, de quem a executa. Mas um estudo feito pela University College
London, com 96 pessoas que foram convidadas a escolher uma ação para se tornar
hábito, mostrou que, em média, os participantes levaram 66 dias para atestar
que a ação virou um hábito.
Criar um novo hábito exige comprometimento, motivação e, claro,
repetição. Para mudar um hábito você precisa de planejamento, disciplina e
força de vontade.
Para se livrar de um hábito é preciso consciência, você primeiro precisa
reconhecer que tem o hábito. Hábitos são ações que envolvem o inconsciente,
então quanto mais consciência você tiver dessa ação, mais fácil será se livrar
dela, ou modifica-la. Vale até criar um novo hábito para substituir o antigo.
Uma vez que o hábito ruim foi identificado, que se criou o
comprometimento de se livrar dele e você sabe qual é o novo hábito que
substituirá o antigo, é só colocar em prática seu plano de ações. É bom também
ficar alerta: mesmo após um novo hábito ter sido estabelecido, o antigo estará
lá, quietinho, esperando a hora de ser reativado.
O desafio é ficar vigilante e praticar o autocontrole. Consciência é a
saída. Coloque luz nas suas ações e seja feliz com seus hábitos.
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