Érima de Andrade
Dezembro é um mês com energia especial. É o último mês do
ano. Quando chega dezembro as pessoas têm, normalmente, uma das duas sensações:
nossa, passou rápido, ou nossa, ainda bem que o ano está acabando.
As pessoas que sentem que passou rápido, de modo geral,
mergulharam na rotina e não perceberam a passagem do tempo. O cérebro esquece
situações repetidas, ela coloca todas elas numa caixinha como se todas fossem a
mesma única. Por isso estar mergulhado na rotina, fazendo todos os dias tudo
sempre igual, dá uma sensação de não ter feito nada. E o tempo passou rápido,
já é dezembro.
Para sair disso é preciso mudar e marcar. Mudar a rotina,
buscar novas alternativas, novos caminhos, novas maneiras de estar no mundo. E
marcar, marcar, de alguma maneira, cada evento. Pode ser uma comemoração a cada
100 trabalhos feitos; se 100 é um número muito alto para você, comemore seus
trabalhos terminados num número redondo que se adapte a sua realidade. Você
merece comemorar todas as etapas da sua vida.
Terminou um tratamento, comemora. Conseguiu um novo cliente,
comemora. Mais um livro foi lançado, comemora. E isso não significa dar uma
festa para mil e quinhentos convidados. Não é essa a ideia. A ideia é marcar
aquele feito com algo significativo para você. Uma foto, um brinde, um bolo,
café na cama, passeio, viagem, um encontro, qualquer coisa que seja
significativa.
Conheço uma empresa que comemora os feitos dividindo um vinho
com todos os envolvidos na história. É só isso, lá na empresa mesmo, abrem um
vinho e dividem. Mas eles têm muito orgulho do pote de rolhas. É o troféu, uma
lembrança de quanto eles já conquistaram.
É essa a ideia, comemore as conquistas da sua rotina e você vai
ver como acaba essa sensação de que o tempo passou rápido.
As pessoas que chegam em dezembro com a sensação de nossa,
ainda bem que o ano está acabando, são aquelas que tiverem um ano especialmente
cheio, e ver o fim, logo ali, desperta nelas o segundo fôlego, aquela respirada
que motiva a continuar até o fim.
Segundo fôlego, do ponto de vista fisiológico, é aquela
sensação tão conhecida dos atletas, de facilidade e nítida vontade de terminar,
que acontece na parte final das provas, em momentos dramáticos de acumulação de
estresse, esforço e ânsia de ver ultrapassada a linha de chegada.
Uma sensação
que surge como magia no preciso momento em que o esforço é mais agudo. Nesse
momento tudo de penoso que surgiu durante a prova é esquecido, todos aqueles
momentos em que a meta pareceu cada vez mais distante ficam para trás, e surge
uma nova determinação, como se a prova tivesse acabado de começar.
O segundo fôlego vem da motivação, disciplina e superação,
não precisa ser atleta para viver isso. Quem olha para dezembro e pensa, está
acabando, acessa em si mesmo o segundo folego. E segue em frente, a linha de
chegada está logo ali.
É maravilhoso que o nosso tempo seja contado assim em fatias,
meses, anos. Isso nos permite viver essa sensação de estar completando um
ciclo. E renova nossas energias para viver o próximo ciclo que se aproxima.
Você sabia que a virada do ano é o único evento anual que não
está associado a nenhum evento da natureza? Mudanças de estação, páscoa,
carnaval, todos eles estão relacionados a um evento natural. Mas o réveillon é
uma invenção social. Fica combinado assim, dia 31 de dezembro o ano acaba, dia
1° de janeiro o ano começa.
E graças a isso, vivemos essa sensação de ciclo completado.
Pode até parecer que estamos andando em círculos, vivendo todos os anos as
mesmas coisas, mas não é bem assim. O tempo segue uma espiral ascendente.
Passamos por aquele ponto, só que uma oitava acima.
Se você vive dezembro como passou rápido, ou como está
acabando, tanto faz. Apenas não desperdice a oportunidade de aprender com o que
você vive. Aproveite todas as possibilidades.
E respire, vem aí uma nova chance.
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