Érima de Andrade
Não conheci Bob Hoffman pessoalmente, mas sou profundamente grata a ele por tudo que me ensinou. Costumo dizer que compreendo o ser humano pelo olhar de Bob Hoffman. É dele essa frase que me norteia até hoje:
“Ao viver bem com as pessoas, afora amá-las, lembre-se de que elas precisam:
- privacidade;
- espaço para serem criativos;
- permissão para errar;
- aceitação pelo que são e pelo que não são."
Me amar fez toda a diferença na minha vida: amar a si mesmo é um requisito fundamental para que o ser humano possa vivenciar a felicidade.
Para se amar é preciso se conhecer. Se conhecendo e se aceitando, você alimenta seu amor próprio. Preenchido de amor, você pode dar amor, e aí, amar os outros fica simples.
E nem por isso fácil.
Mas pode ser treinado.
Treine olhar o outro lembrando que ele também tem emoções, intelecto, espírito e corpo. Como ensinou Bob Hoffman, lembre que o outro também é uma quadrinidade. Lembre, que como você, aquele corpo também expressa a programação negativa da infância e a sabedoria do ser espiritual.
Coloque seu ser espiritual no comando da sua vida e perceba como fica mais fácil reconhecer que aquela negatividade, afinal, é só programação. Trabalhando a sua programação, o amor brota, aumenta e transborda. Amar o outro depois disso, é quase inevitável.
E eu? Eu estou oferecendo isso tudo as pessoas que convivem comigo? Eu permito a elas privacidade? Eu espero a perfeição? Eu dou espaço para as novidades? Eu quero que se encaixem na imagem que eu construí de cada uma delas?
As vezes sim... eu também não dei a elas incondicionalmente tudo o que eu considero importante para vivenciar a felicidade...
Mas essa frase sempre me ajuda a pensar e mudar. Obrigada Bob Hoffman! Vamos pensar juntos:
Privacidade: privacidade nada mais é que respeitar o espaço pessoal. Você pode viver numa comunidade alternativa, morar numa casa sem divisões internas, e ainda assim, manter seu espaço pessoal e respeitar o dos outros.
Privacidade é respeitar os ciclos e ritmos, a necessidade de recolhimento e de festa, as lembranças e os objetos significativos de cada um.
Todo mundo tem um objeto, ou uma imagem que o faz conectar com emoções e lembranças muito positivas. Privacidade também é respeitar esses momentos de reconexão.
Espaço para serem criativos: o novo nos tira da zona de conforto, e por hábito, acabamos nos automatizando, perdendo a criatividade. E se eu não me dou espaço para ser criativo, também não autorizo quem convive comigo a tentar novas soluções.
Então se pergunte: o que eu posso fazer diferente hoje? E não precisa ser nada muito exótico, do tipo ir trabalhar com uma calça florida e uma camisa xadrez ao invés do mesmo terno de sempre... Pode ser sentar num lugar a mesa diferente do que você senta sempre durante as refeições; ou trocar o relógio de braço; ou ainda fazer um percurso alternativo para voltar para casa. Sua criatividade, seus neurônios, sua vida ganham com essas mudanças.
Permissão para errar: alô perfeccionistas, essa informação é para vocês: erro é aprendizagem. Só é possível melhorar reconhecendo seus erros, aprendendo com eles, consertando o que fez de errado e seguindo em frente.
E já lhe ocorreu que o que você considera errado, às vezes, é apenas uma maneira diferente da sua de fazer a mesma coisa?
Passei a me observar, a pensar antes de agir, a me perguntar antes de qualquer coisa, está errado mesmo ou é apenas uma nova maneira de fazer, diferente do que eu faria?
Aceitação pelo que são e pelo que não são: gosto de usar frutas para falar dessa parte:
mais do que se aceitar maçã é preciso também aceitar que você não é manga. A melhor maçã que você puder ser, não vai lhe deixar nem um milímetro mais perto de se transformar em manga. Você, sem duvidas, é mais perfeito sendo maçã do que tentando ser manga. Valorize o que você tem de bom, e aproveite a diversidade.
Aí pensei nos meus filhos. Eu os estou educando lembrando que são únicos e especiais?
Claro que não.
Como podem se expor ao mundo com coragem e confiança seu eu não deixava espaço para tentarem fazer de uma outra maneira?
Como descobrir defeitos e qualidades se eu esperava que acertassem sempre?
Como saber quem são se eu esperava que os dois reagissem iguais, ignorando qualidades e talentos, focada unicamente na “boa educação”?
Descobri que sim, eu e meus filhos somos muito parecidos, mas não somos iguais. E tem coisas que eu gosto e eles não. Tem coisas que um deles gosta e o outro detesta, e não tem nada a ver comigo.
Inventam coisas que jamais passaria pela minha cabeça, e é maravilhoso.
Privacidade é um espaço sagrado. Deixar que tenham o espaço deles não significa abandoná-los a própria sorte, virar as costas e não se importar. Ao contrário, é por amor e respeito que o espaço deles está preservado.
E assim, amando, dando privacidade, espaço para serem criativos, permissão para errar,
aceitação pelo que são e pelo que não são, que vamos construindo uma linda história de amor, auto-estima, respeito e convivência.
Como tudo isso teria sido útil na construção do meu amor próprio... mas não foi assim.
Como tudo isso teria sido útil na construção do meu amor próprio... mas não foi assim.
E se não posso mudar meu passado, posso mudar meu presente e fazer um futuro melhor. E se eu posso, você também pode. Vamos?
A transformação é sempre pessoal, então: para viver bem consigo mesmo, além de se amar,
lembre-se de que você precisa de privacidade; espaço para ser criativo; permissão para errar e aceitação pelo que é e pelo que não é.
Que todos nós possamos aprender uns com os outros.
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