domingo, 27 de março de 2016

Intoxicação Emocional

Érima de Andrade

Li num livro do Ramatis que um dos motivos da asma é a intoxicação emocional. É interessante esse raciocínio, pois é bem próximo do que diz a medicina tradicional chinesa.

Para a medicina chinesa a asma, e a bronquite alérgica, são patologias complexas que envolvem outros órgãos além dos pulmões. A asma, segundo eles, também envolve baço, fígado e rins.

Os pulmões, eles nos explicam, são lesados pela tristeza, pessimismo, lamentação, nostalgia, dificuldade em romper com laços que no presente não se fazem mais necessários, ou positivos. O baço é prejudicado pela preocupação, ansiedade, pensamentos fixos e cíclicos. O fígado sofre com os sentimentos de raiva, frustração e timidez. Os rins são afetados pelo medo, insegurança e indecisão. Junta tudo e eis que surge um quadro de intoxicação emocional.

Mas como acontece a intoxicação emocional? Basicamente a intoxicação emocional ocorre como consequência de não nos darmos um tempo diariamente para cuidar do nosso interior.

E quais as consequências? A falta de precisão na interpretação do que nos acontece, por estarmos sob a influência das nossas emoções e inseguranças. Estar emocionalmente intoxicado impede de pensar antes de falar e de ter uma perspectiva clara sobre o que lhe acontece, lhe torna muito propenso a dizer ou fazer coisas das quais pode se arrepender.

Pensar que o ser humano pode ser saudável sem lidar constantemente com suas emoções é um erro com consequências desastrosas em todas as áreas da vida. Provocando ou não uma crise de asma, olhar as nossas reações emocionais será sempre um caminho seguro para obter valiosas informações sobre a nossa própria história.

É fácil para muitas pessoas reconhecer os sinais da intoxicação física. Mas, como interpretar os sinais que indicam que estamos nos intoxicando emocionalmente? Os sintomas e queixas de quem está intoxicado emocionalmente são os mesmos das pessoas que estão enfrentando problemas emocionais relacionados à ansiedade, depressão e estresse. Se você está passando, ou passou, por momentos de grande carga emocional, é provável que esteja intoxicado.

As pessoas que estão passando por um momento de intoxicação emocional, têm discursos como:

“Sinto-me vulnerável, me irrito com facilidade e, de vez em quando, sinto vontade de sair correndo e deixar tudo para trás.”

“Deixo de me interessar e começo a ser indiferente em um milésimo de segundo, ou seja, assim como me agrada muito realizar um projeto, o mesmo me aborrece minutos depois.”

“Vivo em uma montanha russa constante. O riso e o choro me acompanham e me desestabilizam nos momentos mais inesperados.”


“Preciso de muito esforço para separar minhas preocupações atuais e passadas.”

“A insegurança domina minha vida.”


“Ajo, com frequência, de forma inconsciente e não consigo expor, com clareza, meus pensamentos e minhas emoções, o que me causa muitos problemas.”

“Frequentemente reajo de forma desproporcional.”


“Não me sinto bem com nada nem ninguém, é como se me sufocassem.”

“Sinto uma profunda necessidade de ter alguém que pegue na minha mão e me guie.” 


Você se identifica, ou conhece alguém que se identifique, com essas frases? Se sim, é provável que você esteja sob a influência da intoxicação emocional e ainda não tenha percebido.


As causas são diversas, mas em qualquer caso, repito, a intoxicação emocional é a consequência de não dedicarmos um tempo para cuidar de nosso interior e analisar, e aceitar, as nossas emoções. O primeiro desafio é identificar o que está acontecendo. Muitos estudiosos listaram comportamentos característicos da intoxicação emocional, e essa lista pode lhe servir como guia. Vamos a ela:

Estar sempre na defensiva - Na verdade está agindo em “modo autoproteção”, se protegendo do que pode lhe causar danos. Suas emoções bloqueiam e limitam a sua capacidade de entendimento e de pensar com clareza, com isso você distorce as palavras e interpreta de maneira errada as ações das pessoas, interpreta ações e palavras como agressões. Se sente vulnerável, com autoestima baixa e reage com agressividade para se proteger de algo perigoso, que certamente só existe na sua imaginação.

As mudanças serão conquistadas com novas atitudes, novas formas de relacionar-se com os outros, e consigo mesmo. 

Ser excessivamente crítico - Extremamente crítico com os outros e consigo mesmo, se impondo uma barreira de intransigência. Possivelmente quer ter controle sobre tudo e impedir que qualquer coisa interfira na sua vida. Não concede nenhuma margem de interferência.

Se você se identifica com esse comportamento, procure relaxar e tente ser mais benevolente com você mesmo, com os outros e com a vida.

Ter as percepções alteradas – Pois olha o mundo só com as lentes das emoções, sem ligar para as razões. Não se escuta e nem escuta os demais. O nervosismo, a impaciência e as reações emocionais descontroladas tem sua origem aqui.

É preciso parar para pensar sobre como está entendendo as coisas que lhe acontecem. Intoxicado pode parecer que tudo não passa de uma perda de tempo, nada mais longe da realidade. Não se livrar desses conflitos é pode causar muitos problemas.

Condenar, insultar ou desprezar os demais - As pessoas intoxicadas emocionalmente podem se tornar agressivas e perigosas, pelo fato de estarem sempre na defensiva e lutar com unhas e dentes por uma causa em que acreditam.

Por causa do bloqueio emocional, eles têm dificuldade de ter empatia, não são capazes de avaliar de forma sensata as pessoas a sua volta. Podem se culpar e condenar a si mesmos, projetando seus medos e frustrações nos outros como uma forma de fuga e libertação.

É preciso se conhecer para sair dessa armadilha.

Ter as inseguranças afloradas - E elas controlam sua vida. Fica mais reativo e se coloca na defensiva com frequência. Sua autoestima está completamente debilitada e você se sente vulnerável diante de qualquer acontecimento. Você acredita que não pode fazer nada por si mesmo. É provável que se sinta sem forças e que seja incapaz de entender com clareza como se sente, como é, e até mesmo o que é capaz de fazer.

Isto fomenta o desenvolvimento da dependência emocional, a ponto de acreditar que necessita de alguém ao seu lado para lhe proteger, suprir suas carências, e controlar sua vida todos os dias. 

Obviamente, este aspecto precisa ser trabalhado com o objetivo de regenerar a sua autoestima e sua identidade emocional. 

Ter a preguiça mental regendo sua vida e sua capacidade de esforço - É provável que você sinta que não escuta o que os outros dizem e que não só sua atenção, mas também a sua memória, são excessivamente seletivas.

Isso se agrava de acordo com suas frustrações e problemas.
Não é que você não queira fazer algo de forma adequada. É que fazer alguma coisa representa um tremendo esforço mental para ter diferentes perspectivas sobre qualquer questão. Não é que você não tenha a energia necessária para enfrentar os desafios cotidianos, é que você não sente que tem forças para fazê-lo.

Os exercícios neuróbicos podem ajudar muito nesse momento.

Se sentir apagado - Sentir-se apagado significa não ter forças e não ser capaz de se sobrepor por conta própria.

Quando nossa vitalidade é apagada, optamos por fechar as cortinas e nos protegermos de nossos próprios sentimentos, renunciando a uma parte importante do nosso ser. Sentimos que é preciso fazer um grande esforço mental e físico para tomar decisões e estar atento a tudo. Não temos forças para enfrentar o resto dos nossos problemas.

Exercícios físicos, alimentação saudável, hidratação adequada, sono de qualidade recuperam a sua vitalidade e restauram a luz que você sentiu apagar.

O bloqueio emocional impedindo de avançar - Não somos capazes de filtrar, mentalmente, nossas reações emocionais e sentimentos, nem de ter uma perspectiva sobre o que nos acontece. Dar passe livre para as nossas reações emocionais sem submetê-las a um filtro mental limita a nossa capacidade de comunicação e de avanço. O quadro piora diante de uma discussão, pois começamos a distorcer as palavras que escutamos e a tirar conclusões que desenvolvem frustrações e problemas.

Esta é a consequência de ter o cérebro inundado pelas nossas emoções; não conseguimos pensar com clareza e ficamos travados. E assim nos colocamos em situações nas quais respondemos de forma inadequada ou, simplesmente, não sabemos responder.

Identificar seus comportamentos e emoções é o primeiro passo e demonstrará que você já iniciou o processo de recuperação e de limpeza emocional.

Fechar-se emocionalmente - Muitas vezes, nos damos conta de que estamos muito frágeis e emotivos, então nos fechamos no nosso mundo para nos protegermos dos nossos próprios sentimentos.

É por isso que, quando uma pessoa se sente oprimida e sobrecarregada, não tem energia para enfrentar os desafios do dia a dia, ela se fecha para o mundo.

É preciso trabalhar os sentimentos para reagir assertivamente e tomar sua vida de volta.

Não dizer adeus por conta da vertigem emocional - Você não se sente capacitado para seguir com a sua vida se abandonar hábitos ou pessoas que permanecem a seu lado, mas, ainda assim, sabe que algo em relação a eles não vai bem, sabe que aquilo está gerando sofrimento.

Você sente que, se desviar, provocará um sacrifício que desequilibrará por completo a sua existência. Quer acreditar que, ainda que sua arquitetura emocional esteja prestes a desmoronar, existem pilares básicos que você pode sustentar...

Obviamente está equivocada, e esta percepção é fruto do esgotamento e do bloqueio causado pela intoxicação emocional.

Se normalmente deixar ir já é difícil, quando nossas emoções nos invadem, começamos a sentir medo de um vazio emocional muito maior. Medo de enfrentar o vazio gerado pela perda, medo do luto e da nossa fraqueza.

É hora de desenvolvermos a resiliência, a capacidade de renascer depois de uma adversidade. 
Pessoas resilientes, tornam-se fortes após situações difíceis porque desenvolvem confiança, aprendendo novas formas de lidar com os acontecimentos.

Permitir a auto sabotagem - Temer o sucesso tem a ver com a nossa incapacidade de tolerar as incertezas. Não confiamos na nossa capacidade de aceitar a vida como ela se apresenta. Emocionalmente intoxicado fica mais difícil ainda avançar sem boicotar o progresso em busca dos nossos objetivos.

A única maneira de superar esse desejo de suicídio pessoal é nos tornarmos conscientes de que existe algo dentro de nós que alimenta o medo de atingirmos nossos objetivos. 

Consciência é o primeiro passo. Acabar com os medos exige ainda a intenção e a ação efetiva para mudar o que não vai bem na nossa vida.

Só há uma pessoa neste mundo que vai impedir seu progresso, e essa pessoa é você mesmo. A vida de uma pessoa intoxicada por suas emoções é muito difícil, por isso trabalhe para acabar com os seus medos.

É preciso dar um tempo para que você possa se desintoxicar. Portanto paciência, persistência e prática da auto-observação serão necessárias. Mas vale muito a pena.

Que você cuide de não se intoxicar.

domingo, 20 de março de 2016

Comprometimento

Érima de Andrade

Você sabe o que é comprometimento? No dicionário, comprometimento é explicado como sendo “ação de arcar com um compromisso feito a alguém”.

Comprometimento é a ação de comprometer, ou de se comprometer, com alguém, ou com alguma coisa.
Comprometimento vem do latim compromissus, que indicava o ato de fazer uma promessa recíproca. Por esse motivo, comprometimento é um sinônimo de compromisso e requer responsabilidade da parte de quem se compromete.

Uma pessoa comprometida é alguém que
se esforça para que as coisas funcionem da melhor maneira possível. Segundo o palestrante Eugênio Mussak, “o comprometimento é fruto de cinco fatores: admiração, respeito, confiança, paixão e intimidade”.

Isto posto, me conta,
com o quê você se compromete? Com sua saúde? Com o meio ambiente? Com as pessoas que vivem com você?

Uma pessoa comprometida com sua saúde
vai cuidar de ter seus quatro aspectos, físico, emocional, espiritual e intelectual, bem alimentados. Sim, para uma saúde integral não basta apenas fazer exercícios, dormir bem e se alimentar com atenção. É preciso cuidar igualmente de todos os seus aspectos.

(Aqui no blog tem vários textos dando dicas de como cuidar bem de cada um dos seus aspectos. Nesse texto, por exemplo: Cheklist)

Uma pessoa comprometida com o meio ambiente vai cuidar do seu próprio lixo, dos resíduos que deixa pelo mundo, da utilização consciente dos recursos naturais, da preservação da qualidade do ar, da água, da terra.

Um conhecido meu, morador de Teresópolis, me contou, todo animado, que comprou um sítio onde pretende viver após a sua aposentadoria. Disse que quer preservar o lugar, e que por isso já tirou as árvores, que “juntavam pó”(sic), construiu um muro de arrimo enorme, “para não ter lama em casa quando chover”(sic), fez um barragem no riachinho “para ter uma piscina natural”(sic), e pretende preservar a natureza plantando um “gramado enorme, que é bem mais fácil de cuidar”(sic).

Então... não é assim que se preserva o meio ambiente. Na primeira chuva forte que teve depois dele mudar para lá, houve desmoronamentos no terreno. Pois é... as árvores que juntavam pó teriam evitado isso. A prefeitura passou por lá, e a multa que ele pagou pela devastação foi enorme. Só então ele aprendeu o que fazer. Como dizia nossas avós, de boas intenções o inferno está cheio. Só boa intenção, nesse caso, realmente não basta.

O meio ambiente é algo que você deseja se comprometer?
Pesquise, aprenda, se informe, a internet está ai para isso mesmo. Mesmo morando num apartamento, você pode colaborar. Ninguém espera de você nada além da sua parte. Comprometa-se.

Com as pessoas que vivem com você, como é o seu comprometimento? Você tem por elas algumas das características descritas pelo Eugênio Mussak?

Admiração – nem de longe significa concordar com tudo que a pessoa faz. A admiração nasce por algo, ou alguém, que você julga nobre, belo ou digno de amor. E sim, todos somos dignos de amor. Então exercite olhar para as pessoas que convivem com você, procurando a melhor parte delas. As descobertas podem ser gratificantes, acredite.

Respeito – é basicamente consideração. E nesse caso, vale a regrinha de ouro da boa convivência: "fazei aos outros o que quereis que eles vos façam". Não gosta de ficar esperando? Não se atrase. Não gosta de bagunça? Não deixe nada seu fora do lugar. Não gosta que sobre coisas para você fazer? Não deixe de fazer a sua parte. É simples assim.

Confiança - é dar crédito, é acreditar no outro, ou em você, sabendo que é capaz de cumprir o que foi proposto. Confiança nasce sempre de experiências anteriores. Você é digno de confiança? As pessoas podem acreditar que você não vai falhar com o que se comprometeu? Que bom, significa que você também pode acreditar nas pessoas que convivem com você. É a partir de quem eu sou, do que eu sinto, que eu vejo o mundo. Se você é confiável, vai estar cercado de pessoas em quem pode confiar. E a vida segue boa para todos nessa relação.

Paixão – pode ser definida como “gosto muito vivo, acentuada predileção por alguma coisa”. É isso, acentuada predileção. Não tem como se comprometer com alguma coisa que você não gosta. Não caia na armadilha de se comprometer com coisas, ou pessoas, que não lhe aqueçam o coração. Se assim não for, você, com certeza, vai falhar no seu compromisso.

Intimidade – é uma relação muito próxima, de familiaridade. Para se comprometer com alguma coisa, no mínimo você precisa de familiaridade com o assunto. Nos relacionamentos, a intimidade varia de um para outro, e também, dentro de um mesmo relacionamento ao longo do tempo. Está ligada a sentimentos de afeto entre parceiros, e é um ingrediente básico em qualquer relacionamento com algum significado. De modo geral é preciso tempo para ser cultivada. Mas também acontece uma intimidade “instantânea” com alguém que você acabou de conhecer. Já viveu isso? É como se você conhecesse aquela pessoa da vida toda. Ou desde outras vidas, vai saber...

E por fim, como você preenche a sua agenda? Com comprometimento? Com atenção? Com sinceridade?

Não adianta marcar inúmeros compromissos, se você já sabe de antemão que não vai cumpri-los. É preciso ser honesto consigo mesmo. O dia tem só 24 horas, é preciso priorizar para poder estar inteiro e aberto em cada compromisso que assumir. Não adianta estar num lugar com a cabeça noutro, o coração em casa, e só o corpo presente. Para valer a pena qualquer compromisso você tem que estar inteiro no que agendou fazer. Sim, é preciso fazer escolhas e se comprometer ao preencher a sua agenda.

Uma amiga da minha família, muito querida, mãe de três filhos, professora, cursando o mestrado, tinha um truque muito bom para estar inteira em cada papel social que assumiu. Chegava em casa, e antes de entrar, repetia para si mesma: “ aqui eu sou mãe”. Como um lembrete. E entrava. 


Quando chegava na escola, antes de entrar na sala de aula, a mesma coisa, mentalizava: “ aqui eu sou professora”. E assumia o seu papel social do momento.

E ao pegar a condução para ir as aulas do mestrado, afirmava: “agora eu sou apenas aluna”. E funcionava! É um ótimo truque. Experimente, pode dar certo com você também.

Comprometimento com nossas escolhas, é o que vai nos tornar pessoas melhores.

domingo, 13 de março de 2016

Paz e Paciência

Érima de Andrade

Em tempos tensos como o que estamos vivendo,
quando a intolerância age dos dois lados das questões, quando parece que todo mundo deseja um confronto, cabe a cada um de nós, como sempre na vida, escolher: quero participar disso? E se quero, é dessa forma intolerante que vou agir?

“Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal”


Escolher um dos lados, defender sua escolha, nada disso é um problema. O problema acontece quando sua escolha faz com que desrespeite a escolha do outro. Você tem tanto direito a escolha como o outro. É quando você não permite que o outro pense diferente de você, que a intolerância toma conta do cenário. Impressionante notar, pelo menos na minha time line do Facebook, o tanto de intolerância de cada lado da questão. E, acreditem, meus amigos são sim pessoas esclarecidas, bem informadas, cheias de boas intenções, e mesmo assim, deixaram o pequeno ditador interno tomar conta de todo o seu ser. Não quero fazer parte disso, por isso escolhi escrever hoje sobre paz e paciência.

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para”


Paciência é a ciência da paz. E se você está em busca de paz, alegria e amor na sua vida, sugiro que comece a cultivar a paciência em você.

A paz é a ausência de conflitos, lutas, violência, problemas, perturbações e agitações. É um estado de espírito isento de ira, desconfiança, e de todos os outros sentimentos negativos. Estar em paz é estar de acordo, é concordar e manter uma relação tranquila, sem conflitos, nem com você e nem com os outros.

Se você não está em paz com o que lhe acontece no momento, saiba primeiro, que você está onde precisa estar para aprender o que precisa ser aprendido. Então busque compreender o que a vida está tentando lhe ensinar. A compreensão do momento é um grande aliado da sua paz interior.

Sua paz vai começar quando você renunciar a discórdia e ao sentimento de que há alguma coisa errada com o que você está vivendo e com isso encontrar serenidade, calma, tranquilidade e equilíbrio dentro de você. Que a paz esteja contigo.

“A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência”


Paciência, como eu já disse nesse texto, é a ciência da paz. A paciência está principalmente baseada na tolerância. É uma virtude do ser humano que suporta situações desagradáveis, erros alheios, situações e fatos indesejados sem perder a calma e a concentração. Ser paciente é ser perseverante, é manter o controle emocional frente a algo, situação, resposta ou ação que não tem previsão para se concretizar. Paciência pode ser definida também como calma, sossego, tranquilidade, repouso e harmonia.

“Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara”


Lenine canta a paciência de uma maneira linda. Vamos cantar juntos?




“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para

Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara


Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência


E o mundo vai girando cada vez mais veloz

A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência


Será que é tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder

E quem quer saber
A vida é tão rara (Tão rara)


Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não)"

domingo, 6 de março de 2016

"Ao menor sinal de amor, retribua"

Érima de Andrade

Acho essa frase maravilhosa, “ao menor sinal de amor, retribua”. Tentei achar o autor, mas, dessa vez, nem o Google conseguiu me ajudar. Vai ver deixar a frase anônima é uma retribuição a um sinal de amor recebido... Quem sabe?


(Uma leitora do blog me informou que essa frase é do poeta Lucão, nascido Lucas Brandão. É um poema batizado de "Sinal":
Ao menor
sinal de amor,
retribua.
Obrigada pela informação! gosto de dar os créditos.)

O amor é a nossa essência, somos amor em essência. O mal está tão longe de quem somos em essência que nos choca, por isso vira notícia. É uma aberração, um contraste, um choque. Para mim isso é claro e cristalino. E gosto de pensar que cada vez mais cientistas vão comprovar esse fato.

Li um artigo “Dois mecanismos morais distintos para atribuir ou negar a intencionalidade” (Ngo, L. et al. Two Distinct Moral Mechanisms for Ascribing and Denying Intentionality. Scientific Reports 5, dec. 2015), que embora não tenha a intenção de confirmar que somos amor em essência, para mim, que fique bem claro, na minha interpretação, confirma, o que para mim, sempre foi uma verdade.

No texto ficamos sabendo que “os pesquisadores observaram que quando uma pessoa ouve uma história e considera que as ações das pessoas envolvidas merecem críticas, sua amígdala – uma zona do cérebro ligada ao controle das emoções – é ativada. E quanto mais a pessoa é atingida emocionalmente pela história, mais a amígdala é solicitada. Ao contrário, quando as ações são consideradas positivas, a atividade da amígdala é muito menor.” Pois é, para mim confirma que somos mais propensos a notar o negativo, uma vez que ele é muito distante do que de fato somos.

Esse estudo de Lawrence Ngo e seus colaboradores é o primeiro a utilizar ferramentas de pesquisas em neurociências para tentar explicar porque as pessoas consideram que ações induzindo consequências negativas são mais intencionais do que as que têm efeitos positivos, porque de fato julgamos ações que levam a consequências negativas como sendo mais intencional do que as que podem causar consequências positivas.

E não é assim mesmo? Para fazer o mal precisamos pensar, para fazer o bem apenas seguimos a nossa natureza amorosa.

Alguns trechos do artigo:

“Consequências negativas são julgados como mais intencional do que as consequências positivas, porque as consequências negativas são mais emocionalmente salientes.”

“Emoções impulsionam atribuições de intencionalidade para consequências negativas, enquanto que a consideração de normas estatísticas leva à negação de intencionalidade para consequências positivas (isto é, o quão comum certas ações são percebidas pela população em geral).”

“A teoria emocional (também chamada de teoria viés motivacional) sustenta que consequências negativas provocam emoções que fazem os participantes quererem culpar o agente e, portanto, levam-se notações de intencionalidade. Para consequências positivas, tais emoções negativas não surgem, então atribuições de baixo intencionalidade dos participantes permaneceram imparciais.”

Eu não me surpreendi com o resultado, para mim, sempre foi muito claro que somos amor em essência, e que a maldade está tão longe de nós que nos surpreende. O mal está tão longe do que somos essencialmente que chama nossa atenção. Mesmo assim, sempre podemos ser mais amorosos. É só ficarmos atentos a todos os sinais do amor, e retribuir.

"Comece de onde você está, use o que você tem, faça o que você pode." Essa frase de Arthur Ashe, também é uma maneira maravilhosa de falar de amor, em especial de amor próprio.

Comece onde você está, por que essa é a única maneira de começar, estando.

Quer mudar sua vida? Comece onde você está. Não caia na armadilha de pensar: “vou mudar quando...” porque esse pensamento é a melhor maneira de sabotar sua mudança.

Comece onde você está comprometendo-se com o primeiro passo, no caso, a consciência. Você só pode mudar, seja o que for, se você souber onde está. Tome consciência, esteja, coloque sua intenção e parta para a ação.


Use o que você tem.
Você não precisa nada além do que você tem, que é o desejo da mudança. Pode ser que você não consiga mudar tudo de uma vez na sua vida, então, a partir da sua rotina, o que você tem, comece as suas alterações. 

Comece deixando de lado o que não quer mais, e investindo naquilo que lhe faz bem. Quer tornar um hábito a meditação, por exemplo, comece vinculando o momento da sua meditação a alguma coisa que você já faz diariamente. Use o que você tem a seu favor, em vez de focar no que você ainda precisa para realizar os seus sonhos. Foque no seu sonho e use o que você tem no momento para seguir em direção a ele.

Faça o que puder.
Não há limites para o que podemos realizar se nos dedicarmos a isso. Você pode realizar qualquer objetivo que se propuser. Apenas não se feche a ajuda dos que estão perto de você, ou dos que tem os mesmos objetivos que você. Faça o que puder, faça a sua parte sabendo que fez o melhor possível. 

Uma vez li que o Walt Disney não sabia desenhar, mas que ele sabia exatamente como era o personagem que queria criar. Nunca pesquisei para saber se isso é verdade, porque gosto muito dessa história. Ela ilustra muito bem o “faça o que puder”. Apenas faça a sua parte, e siga confiante na sua transformação.

Comece onde você está, use o que você tem, faça o que puder, é um antídoto maravilhoso contra pensamentos com “se eu estivesse”, “se eu tivesse” e “se eu pudesse” que dificultam a tarefa de acordar o amor em si mesmo e ao seu redor.

E se estiver muito difícil achar o amor por si mesmo, pergunte-se: “quem eu posso me tornar se simplesmente abrir espaço em meu coração para que esta situação me transforme?” As suas respostas podem lhe ajudar a começar onde você está, usando o que você tem, fazendo o que você pode.

Para terminar, uma reflexão da querida Teresa Bessil: “Há fatos. Há fatos graves em curso. Talvez o mais grave de todos seja essa onda de intolerância que se instalou nos tempos recentes. Não arrisco a pedir que não haja intolerância. Ela nasce sem pedir licença. O que arrisco é pedir que observemos com cuidado o modo insidioso como ela se instala em cada um de nós.

Dar-se conta do que nos acontece enquanto tudo acontece é fundamental. Como diz meu professor de filosofia, clareza não tem contra indicação. Nunca. Olhos e ouvidos atentos apontam a presença feroz da intolerância. Pior do que isso, o gosto que surge em ser intolerante. O tal gosto perigoso do poder. Não me refiro a essa bobagem de excluir do face quem tem opinião contrária a nossa, seja amigo ou não. Isso é somente um pequeníssimo sintoma. A ponta de um gigantesco iceberg. O fato que a nossa própria história nos conta é que intolerância mata - muito, mas muito mais do que os famigerados agrotóxicos.”

Que tenhamos todos uma semana amorosa.