domingo, 27 de novembro de 2011

Lidando com a raiva

Érima de Andrade

Um estudo que será publicado na revista Psychological Science, mostra que imaginar que o outro teve um dia ruim torna mais fácil lidar com reações agressivas e raivosas.

Buscar dentro de si mesmo um novo modo de olhar para uma pessoa que está com raiva é uma estratégia bastante conhecida. Imaginar que ela está apenas tendo um mau dia e que essa brabeza não tem nada a ver com você ajuda a baixar os ânimos e a evitar conflitos. 

O que a pesquisa da Universidade de Stanford tenta examinar é a velocidade e a eficiência desse processo de reavaliação das emoções do outro.

Para essa pesquisa foram feitos dois experimentos. No primeiro um grupo de participantes foi exposto a uma imagem mostrando um rosto raivoso. A emoção que a foto despertava foi de aborrecimento.

Esse grupo foi posteriormente dividido em dois. Um dos grupos não recebeu nenhuma orientação, e ao ver a imagem pela segunda vez, não manifestou nenhuma mudança em relação à sua percepção original.

O segundo grupo foi convidado a considerar que a pessoa da foto tinha tido um dia ruim. Depois olhavam novamente a imagem e o impacto foi significativamente menor.


No segundo experimento, os pesquisadores monitoraram a atividade cerebral dos participantes. Eles descobriram que o esforço de reavaliar a emoção do outro eliminava os sinais elétricos relacionados às emoções negativas comumente associadas a expressões de aborrecimento.

Jens Blechert, um dos pesquisadores, explica que “pode-se encarar isso como uma espécie de corrida dentro do cérebro entre a informação da emoção inicial e a informação reavaliada. O processamento das emoções acontece de trás para frente no cérebro. A reavaliação é gerada na parte da frente do cérebro e se move até a parte de trás, modificando o processamento da emoção.”

E ele continua, “se você exercitar essa reavaliação, lidar com o seu chefe que está sempre de mau-humor será muito mais fácil e você pode até se preparar com antecedência para determinadas situações. Ele pode gritar e berrar e xingar mas nada disse terá efeito sobre você.”

A pesquisa comprovou que o esforço de reavaliar a emoção do outro é efetivo, e realmente torna mais fácil lidar com as reações agressivas.

E se o raivoso for você? Nesse caso, aprender a rir de si mesmo é essencial. É possível reinterpretar a realidade e nos reinventar.

Monica Portella explica que “geralmente, quando a pessoa consegue encarar com bom humor alguma característica ou condição que antes era encarada como um problema, mostra que ela aceitou e está de bem com o que já foi capaz de causar sofrimento em algum momento de sua vida.”

Uma visão positiva dos acontecimentos torna mais fácil focar nos talentos ao invés dos defeitos. Oswaldo Ferreira Leite Netto explica que “a vida oscila entre identificar capacidades e limites. Esse processo é ininterrupto porque nossas habilidades mudam conforme as fases que passamos. Eu insisto que o ser humano tem uma plasticidade enorme de personalidade. Algumas coisas não conseguimos alterar. Outras são passíveis de mudança, sim.”

A vida não é estática, “precisamos conhecer e lapidar nossos traços fortes no lugar de tentar ser quem não podemos ser”, afirma Monica Portella.

Essa conversa me fez lembrar o inicio da Oração da Serenidade:

“Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma da outra – vivendo um dia de cada vez, desfrutando um momento de cada vez, aceitando as dificuldades como um caminho para alcançar a paz.”

Que a sua raiva possa ser transformada.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Editando as lembranças

Érima de Andrade

As emoções determinam suas lembranças. Cada situação que gerou uma lembrança é uma história vivida por você. E ela será alterada sempre que a contar.

Independente de como você viveu a situação, das emoções que experimentou, você vai editar a história ao longo do tempo.

Uma história é composta por vários elementos, o lugar, os personagens, o tema, o enredo e o final.  Em cada história, um fato aconteceu primeiro, que gerou outros fatos e que levou a um determinado final. E mesmo preservando todos esses componentes na memória, durante a recordação, sua história será editada.

Sua experiência de vida vai transformar essa lembrança. A situação que você estiver vivendo no momento de contar a história, também vai influenciar. Para cada ouvinte você vai dar uma ênfase diferente dos momentos vividos nesse dia. E todas essas versões serão absolutamente verdadeiras.

Verdadeiras e diferentes das versões, também verdadeiras, das outras pessoas que estavam na situação. “Aconteceu sim, mas não do jeito que você está contando”... Será que não?

Por exemplo, nessa situação, um jantar surpresa.

Chega em casa depois de um dia exaustivo de trabalho, sente cheiro de comida. Estranha... Afinal não cozinham em casa... Louça, copos e talheres empilhados na mesa da sala. Na cozinha, comida pronta, cheirosa e uma bagunça semelhante à passagem de um furacão depois do incêndio. 

Como essa cena será lembrada?

Num momento amoroso, a cena talvez seja contada assim: Num dia de folga resolveu preparar um jantar surpresa. Surpresa mesmo, por que nunca cozinhou na vida. Nenhuma noção do tempo que levaria preparando tudo. Quando eu cheguei, a mesa não estava posta, a cozinha ainda estava um caos, mas o jantar estava pronto. Foi uma delícia.

Mas se for um momento estressado... Não tinha nada para fazer, estava de folga. Fez o quê? Inventou uma maneira de bagunçar a casa e me irritar. Nunca cozinhou na vida, fez tudo em cima da hora. Cheguei e a comida estava pronta, mas a cozinha estava imunda e a sala desarrumada. Se não podia ajudar, podia ao menos não ter atrapalhado.

Se aconteceu uma separação rancorosa entre essas pessoas, talvez a cena seja lembrada assim, cheia de detalhes: Um jantar surpresa... dá para imaginar uma idéia mais estúpida de alguém que nunca cozinhou na vida?

Sujou a cozinha toda, a comida respingou da panela, queimou o fogão, sobrou uma montanha de lixo. Usou tanta cebola que a casa ficou dias fedendo. A roupa que já estava quase seca no varal precisou ser lavada de novo. Aquele cheiro não dava... Nem a faxineira deu conta de arrumar tudo em um dia.

Leu na receita sal a gosto e resolveu que era uma colher cheia. O cheiro uma delícia. Mas ninguém se alimenta de cheiro. O sabor? Salgado. Um dinheirão jogado fora, uma comida que não dava para comer. Nunca bebi tanta água numa refeição. Levantei a noite inteira para fazer xixi.

Mas se deixar que a tragédia depois de um tempo vire comédia, provavelmente essa história vai ser contada entre gargalhadas: E aquele jantar?... Foi marcante. Mas no dia... Quando olhei a cozinha tive vontade de fugir.

Que coisa... Eu querendo chegar em casa, descansar, dou de cara com um amontoado de coisas na sala. Achei que tinha acontecido algum acidente com o armário... Você estava de folga, sei lá... resolveu pintar tudo... pensei um monte de coisas...

Mas aí, senti o cheirinho... Cheguei a me emocionar. Até que vi a cozinha, um caos! O que era aquilo!?!? Você experimentou todas as travessas da casa para ver em qual delas o prato ficaria mais bonito. E deixou tudo sujo. Não tinha espaço livre em cima de nada.

Tinha papel e mais papel colado na geladeira com o “cardápio” que você pesquisou na internet. O lixo parecia uma montanha. Não sei como ainda não tinham ratos e baratas andando por ali... Era o que faltava naquele cenário.

Uma comida salgada, mas a gente insistiu em comer. Terminamos o dia organizando a cozinha para garantir, ao menos, um lugar limpo e livre, para o café da manhã.

Com todo seu empenho, ainda assim, foi a noite menos romântica da minha vida. Mas foi muito engraçado.

Como são as suas lembranças? Independente de como as viveu, você pode escolher que lembrança alimentar, aquela que você vai repetir mais vezes. Qual a versão da história que você normalmente escolhe preservar?

“Leve na sua memória, para o resto da vida, as coisas boas que surgiram nas dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade, e lhe darão confiança diante de qualquer obstáculo.” Chico Xavier


domingo, 20 de novembro de 2011

Uma canção

Érima de Andrade

Para cantar, praticar e descobrir “o que você quer saber de verdade”.

“Vai sem direção, vai ser livre.
A tristeza não, não resiste.

Solte seus cabelos ao vento, não olhe pra trás.
Ouça o barulhinho que o tempo no seu peito faz.

Faça sua dor dançar.

Atenção para escutar, esse movimento que traz paz:
Cada folha que cair, cada nuvem que passar.

Ouve a terra respirar pelas portas e janelas das casas.

Atenção para escutar o que você quer saber de verdade.”

Marisa Monte / Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Eu não tenho tempo; eu não consigo; eu cansei

Érima de Andrade

Algumas vezes tomamos uma posição tão paralisante na vida, que além de não alterar a situação que estamos vivendo, gera impotência em quem está por perto e deseja ajudar.

É o caso das atitudes “eu não tenho tempo”, “eu não consigo” e “eu cansei”. Elas na verdade significam eu não quero tomar uma decisão".

O que argumentar com quem sempre responde “eu não tenho tempo”? Alguém que está infeliz com a situação de vida atual, mas “não tem tempo” para nenhuma alternativa?

Está tão angustiado com o que vive que enche a agenda, profissional e pessoal, de tal maneira, que “não tem tempo” para tomar atitudes que modifiquem a situação hostil que está vivendo. Acredita que está mesmo listando obstáculos reais e não apenas se desresponsabilisando.

Ou “eu não consigo”? Quem responde sempre “eu não consigo” está tão mergulhado na insegurança que, mesmo infeliz com a própria vida, prefere não mudar. E, nesse caso, o “eu não consigo” pode ser lido como “eu não quero”. E se responde sempre “eu não quero”, como viver diferente?

“Eu não consigo” vem muitas vezes acompanhado de uma total falta de resistência a frustração. Se não sai do jeito “perfeito” que imagina, reforça a crença de “não conseguir” que frustra, perturba, paralisa e impede qualquer mudança.

Epicteto escreveu: "O que perturba os homens não são as coisas em si, mas as idéias que os homens têm a respeito delas". E se não corresponde exatamente à idéia de como as coisas devem ser, é melhor não agir... E o “eu não consigo/eu não quero” vira a resposta automática, o refúgio seguro que protege do medo de crescer e se responsabilizar por sua própria existência.

“Eu cansei”... O “eu cansei” faz sempre as mesmas coisas “certas” em cada situação, mas espera respostas diferentes. Se perguntam “A”, responde “B” e obtém a situação “C”. Mas insiste em esperar que a resposta “B” leve para situação “G”, “H”, “F”...

Não entende que cada um tem a sua parte numa situação, ignora como as suas escolhas determinaram a vida que vive hoje. Cansou, na verdade, de esperar que as pessoas mudem de atitude, por que, é claro, a culpa é sempre do outro, “eu cansei”...

É capaz de mudar de endereço para viver uma “vida nova”, mas não muda suas ações. Acredita realmente que tem sempre a resposta "certa", e não percebe que coloca no outro a responsabilidade sobre a sua felicidade e independência. Conclusão? Em qualquer lugar que vá morar vai construir relações onde a pergunta “A” leva a resposta “B” que cria a situação “C”...

Mudar de endereço sem mudar de atitude, só muda o cenário da situação. A vida vai continuar sendo a mesma vivendo numa casa no campo, ou num apartamento na cidade.

Não tem saída. Quer viver uma vida diferente da que vive atualmente? É preciso mudar e se responsabilizar pela mudança.

Questione-se sempre, "porque eu não tenho tempo"? "O que me impede de conseguir"? "Do que eu me cansei"? É por meio do questionamento que vai ser possivel evoluir e se desenvolver.

Mude de atitude. A vida sempre responde as suas ações. Albert Einstein criou uma imagem que ilustra com perfeição essa relação vida/atitude:

“A vida é como jogar uma bola na parede: se for jogada uma bola azul, ela voltará azul; se for jogada uma bola verde, ela voltará verde; se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca; se a bola for jogada com força, ela voltará com força.

Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la. A vida não dá nem empresta; não se comove nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos.”

Que bola você está escolhendo jogar para vida respondendo “eu não tenho tempo”, “eu não consigo”, “eu cansei”?

Mudar não significa fazer tudo diferente de uma vez só. Comece com um primeiro pequeno passo. Veja como se sente, sinta-se confortável nessa nova posição, ganhe confiança em você, e dê mais um passo.

Eu tive uma professora, a Dalva Campos Srch, que sempre me lembrava que “uma pedrinha bem posicionada pode tampar o sol”. Dá esse pequeno passo, tire essa pedrinha da frente, que o sol vai iluminar o caminho que vem a seguir.

E vendo o caminho à frente, fica muito mais fácil caminhar.

domingo, 13 de novembro de 2011

A fiandeira

Érima de Andrade

Quando li as 50 lições da Regina Brett, a lição 13 - “Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia de como a sua jornada tem tudo a ver”-, me fez lembrar da “Fátima, a Fiandeira.”

“A Fiandeira Fátima e a Tenda” é uma história do folclore grego. Como toda história folclórica, foi transmitida através das gerações pela tradição oral. Nem todas as histórias da tradição oral foram registradas, e no caso de Fátima, que foi registrada, é pouco provável que se consiga estabelecer a sua autoria. Aqui, apresento a versão sufi dessa história, atribuída ao xeque Mohamed Jamaludin, que faleceu em 1750, recolhida por Idries Shah em Contos dos Dervixes:

"Uma vez, numa cidade do mais distante Ocidente,
vivia uma jovem chamada Fátima.
Era filha de um próspero fiandeiro.
Um dia seu pai lhe disse:
- Vamos, filha. Partiremos em viagem,
pois tenho negócios a fazer
nas ilhas do mar Mediterrâneo.
Talvez você encontre ali um jovem atraente,
de boa posição, que poderás tomar por esposo.

Puseram-se a caminho, e viajaram de ilha em ilha,
o pai realizando seus negócios,
enquanto Fátima sonhava com o marido
que logo haveria de encontrar.
Mas, um dia, quando estavam a caminho de Creta,
formou-se violenta tempestade, e o barco naufragou.
Tendo perdido os sentidos, Fátima acabou indo parar numa praia,
bem perto de Alexandria.
O pai tinha falecido, e ela ficara totalmente desamparada.
Só conseguia ter uma vaga lembrança
da vida que tivera até então,
pois a horrível experiência do naufrágio,
e o fato de haver ficado exposta às inclemências do mar,
a havia deixado exausta.

Enquanto vagava pela areia,
foi encontrada por uma família de tecelões.
Embora fossem muito pobres, levaram-na consigo
para sua humilde casa, e lhe ensinaram seu ofício.
Assim, Fátima começou uma nova vida,
 e, em um ou dois anos, voltou a ser feliz,
tendo-se conformado com sua sorte.
Mas, um dia, quando estava na praia,
um bando de traficantes de escravos desembarcou
e a carregou, junto com outros cativos.

Embora lamentasse amargamente sua sorte,
ela não encontrou compaixão alguma nos algozes,
que a levaram para Istambul,
onde acabou sendo vendida como escrava.

Pela segunda vez todo o seu mundo tinha desabado.
Pois bem, acontece que, no mercado,
eram poucos compradores. E um deles
era um homem que procurava escravos
para trabalhar em sua serraria,
onde fabricava mastros para barcos.
Quando viu o abatimento que tomava conta da infeliz Fátima,
o homem decidiu comprá-la, achando que, dessa forma,
poderia, quando menos, oferecer-lhe uma vida um pouco melhor
do que poderia proporcionar-lhe outro comprador qualquer.

Levou Fátima para seu lar,
com a intenção de transformá-la
em dama de companhia para a mulher.
Mas, quando chegou à sua casa,
descobriu ter perdido muito dinheiro,
pois sua carga fora capturada por piratas.
Não tinha como cobrir os gastos com os empregados,
e,assim, ficou só, com Fátima e sua mulher,
para continuar realizando a pesada tarefa
de fabricar mastros para navios.

Fátima, cheia de agradecimento a seu amo
por havê-la resgatado dos traficantes de escravos,
trabalhou com tanto afinco e tão bem
que acabou ganhando sua liberdade,
chegando a transformar-se em sua ajudante de confiança.
Foi assim que voltou a ser relativamente feliz,
em sua terceira profissão.

Um dia, o patrão lhe disse:
- Fátima, quero que viajes para Java
como meu agente, levando uma carga de mastros
para que os vendas com bom lucro.

Ela partiu em seguida, mas
quando o barco se aproximou da costa da China,
um tufão o fez naufragar, e, uma vez mais,
Fátima viu-se lançada à praia de um país desconhecido.
Outra vez chorou com amargura,
porque sentia que, em sua vida, nada ocorria
de acordo com aquilo que esperava.
Sempre que as coisas começavam a melhorar,
algo acontecia, que destruía todas as suas esperanças.
- Por que será – chorou pela terceira vez – que,
toda vez que tento fazer alguma coisa, não consigo?
Por que será que me acontecem tantas desgraças?
Mas não houve resposta.
Assim, ela levantou-se da areia
e caminhou terra adentro.

Ocorre que ninguém na China tinha ouvido
falar de Fátima, nem sabia de seus problemas.
Mas ali corria uma lenda de que, um dia,
chegaria ao lugar certa mulher estrangeira,
capaz de fazer uma tenda para o imperador.
Como não havia, naquela época, pessoa alguma na China
que fosse capaz de construir tendas,
todos confiavam no fiel cumprimento
da previsão contada na lenda,
com a maior expectativa.

Para se assegurar de que a estrangeira
não passasse despercebida, ao chegar ao país,
os sucessivos imperadores tinham o costume,
de mandar mensageiros, uma vez por ano,
a todas as cidades e aldeias do país,
pedindo que toda mulher estrangeira encontrada
fosse imediatamente levada à corte.

E foi numa dessas ocasiões
que a pobre Fátima, esgotada,
chegou a uma cidade costeira da China.
As pessoas do lugar falaram com ela
por intermédio de um intérprete,
explicando que tinha de ir ver o imperador.
Quando foi levada a ele, o imperador lhe perguntou:
- Senhora, sabeis fabricar uma tenda?
- Acredito que sim - respondeu Fátima.
Pediu que lhe trouxessem cordas, mas não havia cordas ali.
Então, recordando seus tempos de fiandeira,
recolheu fibras de linho e com elas fez cordas.
Depois, pediu que trouxesse pano forte,
mas os chineses não tinham a lona de que ela precisava.
Valendo-se de sua experiência com os tecelões de Alexandria,
fabricou então uma lona resistente para fazer a tenda.
Aí percebeu que precisava de mastros de madeira,
mas não existia tal coisa na China.
Lembrando dos ensinamentos recebidos
do fabricante de mastros de Istambul,
consegui trabalhar a madeira e produzir
excelentes mastros para apoiar a tenda.
Quando estava com tudo pronto,
procurou lembrar-se de todas as viagens que fizera
e das inúmeras tendas que já vira.
E assim foi feita a primeira tenda da China.
Quando a maravilhosa obra foi mostrada ao imperador,
ele ofereceu, como recompensa, o cumprimento
de qualquer desejo que Fátima expressasse.
Ela decidiu estabelecer-se na China,
onde se casou com um lindo príncipe,
e onde, rodeada pelos filhos,
viveu na mais completa felicidade,
até o fim de seus dias.

Ao passar por tantas aventuras,
Fátima acabou por entender
que as coisas que, a princípio,
pareciam representar experiências desagradáveis,
na verdade se transformaram nos elementos essenciais
de sua felicidade final."


“Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia de como a sua jornada tem tudo a ver.” Regina Brett

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

As 50 lições de vida escritas por Regina Brett

Érima de Andrade

Regina conta em seu site: “Um dia antes de eu completar 45 anos, escrevi uma coluna sobre as 45 lições que a vida me ensinou. Eu adicionei mais cinco lições quando eu completei 50 anos. Essa coluna é uma das mais populares que eu escrevi em meus 24 anos como jornalista. Esse ano, 2011, eu completo 54 anos.”

Por que ela precisa esclarecer sobre a idade? Simples, as lições da sua vida pessoal eram verdades universais, e ao serem publicadas no jornal onde é colunista, The Plain Dealer de Cleveland, Ohio, pessoas de todo o país se emocionaram e passaram adiante o texto.

Mas, uma delas, ao enviar por email, acrescentou que a coluna foi escrita por “Regina Brett, aos 90 anos"...

Esse email se tornou um viral, viajou o mundo todo e como explica a própria Regina, a transformou numa lenda urbana. A última vez que checou no Google havia 427.000 entradas sobre ela com 90 anos.

As pessoas se surpreendem com sua aparência “tão jovem”, e outras querem conhecê-la exatamente por ter 90 anos, como Bertie que escreveu: "Nós somos da mesma idade, exceto que nasci em 01 de novembro de 1918. Espero que algum dia possamos ouvir um ao outro. Não é maravilhoso que ambos tenhamos chegado aos 90? Carinhosamente, Bertie”

A gente nunca sabe o que uma informação errada pode provocar...

Regina conta que na noite antes do seu aniversário de 45 anos, não conseguia dormir. Ela se sentia tão grata por chegar aos 45... Duas das suas tias morreram de câncer de mama antes dos 45. Ela teve câncer de mama aos 41 anos, por isso se sentia com sorte de começar a envelhecer.

Nessa noite começou a pensar sobre tudo que a vida tinha lhe ensinado, nos seus altos e baixos, nas voltas e mais voltas, nos desvios, e entãominha alma transbordou e as idéias fluíram. Minha caneta simplesmente deslizou e escreveu as palavras no papel. Eu digitei e transformei em uma coluna de jornal, uma lista das 45 lições que a vida me ensinou.”

No seu livro Deus Nunca Pisca, ela descreve que: “arrumou confusão com as freiras quando tinha menos de 6 anos, era  uma alma perdida que bebeu demais aos 16 anos, uma mãe solteira aos 21 anos, uma graduanda da faculdade com 30, uma mãe de mãe solteira de 18 anos, e, finalmente, uma mulher de 40 anos, casada com um homem que me tratou como uma rainha.

Então eu soube que tinha câncer aos 41 anos. Levou um ano para combatê-lo, e mais um ano para me recuperar da luta.”

Aos 45 escreveu sua primeira lista de lições, e ainda fica muito grata a todas as pessoas que encaminham/divulgam seu texto mantendo a sua autoria.

Eis as 50 lições de vida da Regina Brett:

1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Em caso de dúvida, apenas dê o próximo passo, e pequeno.
3. A vida é muito curta para perdemos tempo odiando alguém.
4. Não se leve tão a sério. Ninguém faz isso.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas às vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. Está tudo bem em ficar bravo com Deus. Ele aguenta.
9. Poupe para aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quando se trata de chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o seu presente.
12. Está tudo bem em deixar seus filhos verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia de como a sua jornada tem tudo a ver.
14. Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe, Deus nunca pisca.
16. A vida é muito curta para lamentações. Ocupe-se vivendo ou ocupe-se morrendo.
17. Você pode transpor qualquer obstáculo se você se dedicar diariamente.
18. Um escritor escreve. Se você quer ser um escritor, escreva.
19. Nunca é tarde demais para ter uma infância feliz. Mas a segunda é com você e mais ninguém.
20. Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, viva a sua fantasia. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se muito bem, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo. 
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém é responsável pela sua felicidade a não ser você mesmo.
26. Encare cada ”desastre” com essas palavras: em cinco anos, vai importar?
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todos.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo.
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Seu trabalho não vai cuidar de você quando você estiver doente. Seus amigos vão. Permaneça em contato.
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou deixou de fazer.
35. O que não lhe mata, realmente lhe torna mais forte.
36. Envelhecer é melhor do que a alternativa - morrer jovem.
37. Seus filhos têm apenas uma infância. Torne-a memorável.
38. Leia os salmos. Eles tratam de todas as emoções humanas.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando por toda parte.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas juntos em uma pilha e olhássemos os dos outros, nós pegaríamos os nossos de volta.
41. Não faça auditoria de vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
42. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou divertido.
43. Tudo que realmente importa no final é que você amou.
44. Inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
45. O melhor ainda está por vir.
46. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se e apareça.
47. Respire fundo. Isso acalma a mente.
48. Se você não pedir, você não consegue.
49. Produza.
50. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

Link para o texto original: http://www.cleveland.com/brett/blog/index.ssf/2006/05/regina_bretts_45_life_lessons.html

sábado, 5 de novembro de 2011

Bazar

Érima de Andrade

Junte uma boa causa com pessoas dispostas a ajudar e rapidamente temos um bazar.

A causa: a ARAR, Associação Retornando às Raízes, presidida pelo Fernando Fratane, está precisando de ajuda.

Em outubro ela assumiu um trabalho, aqui em Niterói, no CECAPE - Centro de Cardiologia Pediátrica, um anexo do Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, e hoje é responsável por esse serviço de cardiologia infantil.

São 1300 crianças cadastradas de vários municípios que são encaminhas pelas prefeituras, hospitais ou chegam de forma espontânea. No prédio são dois consultórios, sala de exames, consultório dentário, brinquedoteca, sala de reuniões, cozinha, banheiro e um laboratório de fitoterapia registrado.

A “farinha do amor”, um complexo vitamínico, e os remédios de plantas medicinais são fabricados por eles e distribuídos gratuitamente.

E claro, para manter tudo isso, eles precisam de dinheiro.

As pessoas: todos nós que nos dispusemos a vasculhar nossos armários atrás de coisas em bom estado de conservação, e que não usamos mais.

O resultado? Uma sala cheia de bijuterias, objetos de decoração, livros, sapatos e roupas a serem vendidos no bazar.

Quer participar? Então anote:

O bazar vai ser no dia 7 de novembro de 2011, segunda feira, das 10h às 18,30h

Onde?


Estrada Francisco da Cruz Nunes - 6.501 (Itaipu Multicenter), 3º piso, sala 328, Itaipu, Niterói-RJ,
cep: 24350-310
Tels: (21) 2608-1088 - (21) 8892-6195

                    www.espacocorporalvaniamaciel.blogspot.com


Participe: ajude de coração uma criança cardiopata.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Drummond

Érima de Andrade

No meio do caminho


"No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."

                                                                                       Carlos Drummond de Andrade

O que as pedras no seu caminho fizeram com você?